por | 23 Jul, 2019 | Ambiente, Ambiente

Ferrões, abelhas, polinizadores e outras dores

Um dia Einstein disse: “Se as abelhas desaparecerem da superfície do globo, então o Homem teria apenas quatro anos de vida. Sem abelhas não há polinização, plantas, animais nem seres humanos.”.

Os polinizadores são animais que fazem o transporte dos grãos de pólen de flor em flor. Mas eles não o fazem por altruísmo, muito pelo contrário! Via adaptações, por vezes específicas entre polinizador-flor, estes animais vão sempre à procura do nectário, local onde se encontra o néctar! A localização deste açúcar na base interna da maioria das flores, compreende uma estratégia evolutiva que culmina numa interação sinergética entre ambos organismos.

Ao ser “obrigado” a penetrar no interior da flor, o polinizador vai passar necessariamente pelos estames, que por sua vez vão soltar os grãos de pólen que se fixam no revestimento do animal, seja ele um inseto, uma ave ou um mamífero. Com os movimentos de voo, de pouso e de encosto a estruturas florais, esse mesmo pólen vai caindo aos poucos e sendo trocado pelo das flores seguintes. Assim, uma parte do pólen que cai irá entrar em contacto com a superfície do órgão feminino e germinar, dando origem a frutos e sementes, permitindo a propagação vegetal.

Por outras palavras, as plantas, sem gastarem muita energia, conseguem efetuar cruzamentos com outras que estão a centenas de metros dos seus locais, confiando aos polinizadores essa tarefa de transporte. Esta estratégia ultrapassa assim a autofertilização, e todas as desvantagens associadas. Certas espécies vegetais atingem níveis de dependência tais que a flor apenas é fertilizada se existirem os polinizadores. Ou seja, a planta só gera descendência se existirem polinizadores, fazendo com que estes animais sejam fulcrais para o normal funcionamento da grande maioria dos ecossistemas terrestres. Como exemplo de espécies vegetais que têm que ser obrigatoriamente polinizadas e que nos são “economicamente queridas” temos: o café, o cacau, a tequila, e até mesmo a amêndoa. Estima-se que cerca de 3/4 das variedades de alimentos produzidos pela agricultura mundial, dependam da polinização.

No caso português, e ao contrário daquilo que às vezes observamos em países tropicais, os polinizadores nativos são sobretudo invertebrados, na sua grande maioria insetos como abelhas, borboletas, vespas e zangões. Devido à sua sensibilidade a fatores ambientais, estes polinizadores têm vindo a desaparecer a um ritmo alarmante. A intensificação da agricultura, a utilização acrescida de pesticidas e a constante perda de habitat para as atividades humanas são algumas das causas que mais inclinam a agulha da balança para a extinção. Por outro lado temos os polinizadores domesticados como Apis mellifera, também conhecida como Abelha-do-Mel, a ser cada vez mais ameaçada pela utilização intensa de pesticidas, por novas doenças que vão surgindo como consequência, e pela devastadora Vespa-asiática (Vespa velutina) sua predadora.

Assim é de notar a enorme importância que todos estes insetos têm na nossa vida quotidiana. Algumas medidas que podem ser tomadas a título individual e que visam proteger direta ou indiretamente estes animais vão desde a não utilização de inseticidas nas nossas casas, até ao consumo de produtos de apicultores da região.

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