No início de mais um ano escolar, O Louzadense quis conhecer melhor o trabalho dos agrupamentos escolares do concelho, especialmente no que diz respeito às novidades. Esta semana damos-lhe a conhecer a realidade do Agrupamento de Escolas de Lousada e do Agrupamento Dr. Mário Fonseca.
Ernestina Sousa, diretora do Agrupamento Dr. Mário Fonseca, e Filipe Silva, diretor do Agrupamento de Escolas de Lousada, mostram-se otimistas relativamente ao arranque do ano letivo, admitindo a existência de algumas situações a resolver em termos de assistentes operacionais que não comprometem, contudo, o sucesso.
Já em termos materiais, elencam algumas necessidades. Ernestina Sousa classifica como “urgentes” algumas delas, relacionadas com os espaços escolares e equipamentos necessários à prática letiva. A docente destaca a EBS Lousada Norte “cuja intervenção deveras urgente deverá ocorrer este ano letivo”, diz. Já Filipe Silva considera que os computadores estão a ficar desatualizados, alertando para a necessidade da sua substituição.
Nova legislação obriga professores a uma atualização constante
“Inclusão” tem sido a palavra mais ouvida num sistema educativo que pretende responder às necessidades de todos os alunos no contexto da escola tradicional. Depois de um ano de novidades no que diz respeito à legislação, mormente o DL n.º 54/2018, que introduziu alterações significativas na educação especial, agora educação inclusiva, as mudanças não ficaram por aqui. Aos professores é-lhes pedida uma atualização constante, como explica Ernestina Silva: “Temos em mão a Lei n.º 116/2019 de 13 de setembro, que já vem alterar o DL n.º 54. Estamos em permanente atualização decorrente dos normativos legais, mas também decorrente dos desafios que os nossos alunos representam para nós”, afirma, salientando que o objetivo do trabalho docente é “abranger todos os alunos nas suas especificidades, potenciando as suas capacidades”. A grande meta é “o sucesso individual e coletivo dos nossos alunos”, frisa.
Já Filipe Silva admite que a adaptação à nova legislação “não foi um processo fácil, uma vez que esta impõe mudanças significativas à organização e à ação dos docentes e não docentes”. Apesar dos constrangimentos, o diretor garante que, “com o esforço de todos os profissionais, conseguimos uma escola onde todos são acolhidos por igual e onde todos têm as mesmas oportunidades de aprendizagem”.
Flexibilizar para melhorar
Escolas com calendários escolares diferentes, disciplinas novas, algumas semestrais, ofertas de apoio a determinadas disciplinas, de acordo com as dificuldades dos alunos… Estas são apenas algumas das mudanças que os alunos e encarregados de educação já detetaram, fruto da flexibilidade curricular, outro tema incontornável da educação escolar. A legislação concede às escolas alguma liberdade no que diz respeito aos conteúdos a lecionar e sua organização, tendo em conta a especificidade das escolas.
Ernestina Sousa esclarece que não se trata de uma novidade absoluta, já que “vem dar cobertura a muitas das iniciativas levadas a cabo pelos docentes há muito tempo”. Refere, no entanto, que, com as novas orientações, se “estreitam articulações e se generalizam, de forma mais formal, projetos e atividades”. No agrupamento que dirige, Dr. Mário Fonseca, foi criado um “plano ao nível da interdisciplinaridade e articulações, para agilizar procedimentos e melhorar as práticas colaborativas”, que reverterão, no seu entender, para a melhoria das aprendizagens e maior sucesso. O ano, no agrupamento, é de estudo no âmbito da “Flexibilização +25”.
No âmbito da flexibilidade curricular, Filipe Silva destaca algumas novidades no seu agrupamento, especialmente a parceria com o projeto Bio-Escolas. Outras medidas relacionadas com a gestão do número de alunos, a calendarização e métodos de trabalho estão também já em andamento: “Recorremos ao desdobramento de turmas para o desenvolvimento de trabalho experimental, organizamos as disciplinas de História e Geografia em disciplinas semestrais e promovemos o trabalho interdisciplinar”, explica.
Formação integral dos alunos e não só a pensar nos resultados académicos
Apesar de terem como fito o sucesso de todos os alunos, estes docentes mostram-se satisfeitos com os resultados académicos dos discentes: “Os resultados dos nossos alunos, globalmente, enchem-nos de orgulho, mas também nos responsabilizam por manter o nível e, onde se revele necessário, tentar melhorar sempre”, sintetiza Ernestina Sousa. Para além dos resultados académicos, a diretora enfatiza também os sociais, destacando o objetivo do agrupamento: “Valorizar cada aluno na sua plenitude e perceber as suas áreas fortes para conseguirmos levá-lo mais longe”. Assim, destaca o reconhecimento do mérito dos alunos em diversas áreas, como o civismo, a cidadania e o desporto, para que os alunos “se sintam valorizados, melhorem a sua autoestima e as suas capacidades como cidadãos, preparando-os para o prosseguimento de estudos ou para a vida ativa, indo ao encontro das suas ambições”, remata.
Também o diretor do maior agrupamento de Lousada em termos do número de alunos se mostra satisfeito com os resultados dos discentes. Filipe Silva esclarece que o Agrupamento de Escolas de Lousada “não pratica seleção nem segregação de alunos por score académico”. Deixa uma palavra de agradecimento a todos os profissionais do agrupamento “pelo empenho e dedicação”, aos encarregados de educação “que acompanharam os seus educandos no seu percurso escolar e a todos os alunos pelo trabalho realizado”.
Filipe Silva crê que os alunos neste momento se deparam com a falta de perspetivas no futuro, o que leva à sua desmotivação geradora de falta de atenção, concentração e de “resiliência para a superação das dificuldades”. Se não existissem estes constrangimentos, a realidade seria ainda melhor.
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