CDRD Águias de Figueiras preparado para novos desafios
▲ Renato Barbosa, Rui Peixoto e Eduardo Pereira

O Centro Cultural Recreativo Desportivo Águias de Figueiras é uma associação que foi fundada em 15 de janeiro de 1983, tendo 36 anos, repletos de muitas vitórias e alegrias. Acompanhamos uma caminhada organizada pela associação e, no final, conhecemos melhor o atual momento da Associação.

O jovem Rui Peixoto, de 27 anos, é o atual presidente da coletividade, mas para ele não há um presidente: são um grupo de três, que se completa com Eduardo Pereira e Renato Barbosa, responsáveis pela gestão desta grande máquina que é o Águias de Figueiras.

O Louzadense: Como surgiu esta oportunidade de liderar a associação?
Rui Peixoto (RP): Nós estávamos no campeonato da AFAL e a antiga direção disse no balneário que, no final do mandato, iria terminar e que, se houvesse lista, continuava a Associação, se não houvesse, entregava a chave à Junta. Eu, o Renato e outro membro apertamos as mãos e dissemos “a chave nunca será entregue”. No balneário, fizemos uma mini reunião. Falamos todos e constituímos uma direção nova, cheia de jovens, mas fomos buscar a experiência do Eduardo e de outras pessoas. Juntamos, assim, os 18 elementos que compõem esta direção.

O Louzadense: O Eduardo já foi presidente desta coletividade. Como vê esta nova fase?

Eduardo Pereira: Isto tem muito por explorar. Todas as direções que passaram por aqui trabalharam bem, umas mais, outras menos. Esta direção tem muitos jovens, mas isto não é fácil. Dá muito trabalho, mas, quando é preciso, é preciso! E eles já têm noção disso. Eu estive oito anos a presidente da direção e quis descansar. Agora, convidaram-me e aceitei, pois acho que posso ajudar.

O Louzadense: Por motivos profissionais, o Rui referiu que vai ausentar-se. Sente mais responsabilidade por isso, Renato?

Renato Barbosa: Não, somos todos líderes. Eu nasci quase aqui, entrei a competir com 12 anos… A dar uns pontapés na bola… Depois, com 19 anos, entrei na direção, parei um bocadinho quando fui estudar e, agora, regressamos. A ideia é tirar os jovens um bocadinho daquilo a que agora todos estão agarrados, as tecnologias. É importante ligar à cultura, ao desporto e aproveitar para formar aqui homens.

O Louzadense: Como caracteriza atualmente o clube?

Rui Peixoto: Nós saímos de um ano em glória, ganhamos todas as competições da AFA Lousada. Já havia jogadores a dizer que era preciso pensar noutros patamares, os próprios patrocinadores diziam-nos para pensarmos noutros horizontes, noutros objetivos. Este ano, após termos ganho quatro troféus da AFAL, consideramos que era o momento certo para subir o patamar e, felizmente, está a correr bem.

O Louzadense: E a nível de sócios?

Renato Barbosa: O Clube tem atualmente 284 sócios, com mais ou menos cem pagantes. É importante termos mais sócios na coletividade. Para isso, também temos de lhes dar algo. Estamos a trabalhar com parcerias e patrocínios de empresas, que vão dar alguns descontos em algum tipo de serviço. É importante que o sócio também esteja ligado à associação e termos gente numa assembleia. A crítica construtiva acaba sempre por ajudar.

O Louzadense: O clube também tem uma vertente cultural?

Rui Peixoto: Já tivemos aqui Karaté, aeróbica, camadas jovens, futebol feminino e um grupo de teatro. Agora são mais as atividades lúdicas. Com esta direção, já fizemos a Festa da Francesinha, a Festa da Praia, a “cagada da vaca”, a Festa do Emigrante… Temos ideias de fazer agora o São Martinho com o magusto, além das tradicionais, como o Carnaval.
Nós temos de estar recetivos a todas as ideias e é falando de forma construtiva que, depois, decidimos em conjunto. Todos nós temos uma mentalidade jovem, juntamente com a experiência do Eurico e do Renato também. Copilando tudo, haverá sempre boas ideias e boas festas.
Como temos um número grande de diretores, dividimo-los em núcleos. Uns trabalham no desporto, outros a nível cultural e outros com os sócios. E tem funcionado bem.

O Louzadense: Quais são os principais objetivos para o futuro?

Rui Peixoto: Um dos objetivos é a formação. Foi um dos assuntos debatido por nós, tendo em conta que entramos na AF Porto. Isso obriga-nos a criar escalões de camadas jovens, embora tenhamos aqui dificuldades, pois temos poucos jovens em Figueiras. Mas a isso somos obrigados. Ou neste ano ou no próximo ano, pedir-nos-ão inscrições de equipas de camadas jovens.

Ricardo Barbosa: Nós fazemos parte da história deste clube. Para que consigamos ganhar, a melhor forma é unirmo-nos, trabalhar e fazer tudo para cumprir um lema: ganhar, ganhar, ganhar! A nossa ambição é subir, chegar à primeira divisão, depois ir para a distrital e por aí fora.
Eduardo Pereira: Também temos a consciência de que só se os atletas tiveram paixão e gosto por cá estar é possível ter sucesso. Competir na AF Porto já é um desafio grande. A nossa experiência é fazer com que os projetos tenham princípio, meio e fim.

O Louzadense: A nível de Infraestruturas, como está a coletividade?

Ricardo Barbosa: A esse nível, queremos fazer umas e reformular outras. Temos a ambição de ter o campo sintético, pois temos excelentes condições para isso, até bancada coberta temos, mas temos de perceber, caso seja a Câmara a colocar aqui o sintético, ficará com o espaço. Tudo o que está aqui é nosso. Não vejo com bons olhos ficarmos condicionados como estão outros clubes, sendo o espaço desportivo da autarquia. Para nós, é uma grande condicionante. As instalações teriam sempre que ser nossas. Temos orgulho em receber um sintético, mas que seja nosso. Temos essa intenção. Estamos no limite no concelho, queremos continuar a ter o nosso espaço. É interessante esse apoio e temos excelentes condições para a sua implementação, desde o tamanho do campo, o piso, uma bancada coberta… Era só colocá-lo. Temos também boas instalações e o caminho passará por aí.

O Louzadense: Quais são as maiores dificuldades?

Rui Peixoto: Nós não nascemos a andar, é uma aprendizagem que vamos adquirindo. Às vezes, é preciso fazer duas vezes para fazer bem. A parte financeira é sempre uma dificuldade, temos de trabalhar. Por exemplo, agora são muitas as equipas do concelho no campeonato. Por essa razão, há muitos dérbis e isso acaba por ajudar a encher o campo de futebol, mas também acarreta custos mais elevados a nível de GNR, pois, em vez de virem quatro, vêm oito e fica logo muito mais caro, mas acaba por ser positivo, pois as pessoas conhecem-se e acaba por ser importante.
Outras dificuldades são a falta de jovens e infraestruturas de acesso, o que já foi solicitado à Câmara, para salvaguardar a saída dos nossos atletas no dia do jogo. É também preciso isolar a as autoridades no acesso ao recinto desportivo. E, claro, ficamos também condicionados sempre com a questão monetária. Ressalvo que nós sempre fomos um clube com muitas pessoas a acompanhar a equipa.

O Louzadense: A que se deve esse apoio, que é visível nos jogos?

Renato Barbosa: É o convívio e o bem-estar das pessoas. Noventa por cento das pessoas sabem ouvir e a gente aceita e tenta melhorar. As pessoas acabam por se sentir incluídas neste projeto. Também vem dos costumes desportivos, pois nós recebemos jovens que vêm de grupos problemáticos e depois saem daqui com outra mentalidade. Ali dentro impera o desporto. Nunca tivemos problema nenhum nos jogos fora. Temos bairrismo e vontade de ganhar.

Eduardo Pereira: A juventude tem muito a ganhar com isto, pois não é só trabalho, é também conhecimento. Estar numa associação é uma grande aprendizagem.

O Louzadense: A morte do vosso atleta Capacho há alguns anos foi um momento difícil para esta coletividade…

Renato Barbosa: Foi um momento muito triste, mas fortaleceu-nos. Nós temos aquela pessoa como um exemplo. Esse foi um dos jovens que chegou aqui, queria ganhar de toda a maneira e viu que era possível ser diferente. Foi um dos melhores do campeonato.

Eduardo Pereira: Ele, quando veio para aqui, era eu o presidente. Disse-lhe que não valia a pena vir para cá estragar o grupo: “As regras são estas, tens de respeitar a direção, o treinador, os colegas e os adeptos”. Ele disse que mudava. Foram palavra santas. Apaixonou-se pelo clube e, como ele, muitos outros. Além de criarmos jogadores, criamos homens, que honram esta camisola.

O Louzadense: Como tem sido a relação com as entidades públicas e os vossos patrocinadores?

Renato Barbosa: Temos o subsídio da Junta e da Câmara Municipal, mas gostaria que estas entidades nos ajudassem, por exemplo, na criação de um plano de evacuação ou de emergência. Julgo que cabe às autoridades formarem-nos nesse sentido. Devíamos conhecer o que é uma associação. Se vamos formar pessoas, temos para isso de ter conhecimentos e isso só é possível se os órgãos de soberania se envolverem mais.

Rui Peixoto: Temos um rol de patrocinadores muito bom, o nosso próprio bar, temos sócios, a quem agradecemos por tudo, que vêm cá todos os dias… Mas falta-nos sempre o poder monetário. Mas, com trabalho, vamos conseguindo.

O Louzadense: Que mensagem gostariam de deixar nesta entrevista?
Ricardo Barbosa: Temos as portas abertas para receber e ajudar pessoas. Acreditem em nós. É esta a principal mensagem. Pois estamos todos virados para o mesmo lado.

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