Pedro Magalhães é presidente da Associação de Solidariedade Social de Nespereira desde março de 2010. Inicialmente, a sua relação com a instituição era como cliente, mas a necessidade de formar nova direção fez com que respondesse afirmativamente à chamada para ocupar o lugar de presidente. Foi a sua primeira experiência na área do associativismo.
Admite que foi um desafio que o deixou amedrontado, pela importância da associação, por um lado, e por não conhecer a organização, por outro.
Há quase uma década na liderança da associação, que tem 30 anos de existência, faz um balanço positivo, salientando a estabilidade: “Temos tido estabilidade, que dá confiança aos funcionários. Nestes dez anos só mudamos uma pessoa”, afirma. A associação faz já parte da vida de Pedro Magalhães, que não tem um dia sem que passe na associação ou pense nela. Estes anos têm sido uma experiência enriquecedora e gratificante para o seu presidente, que admite continuar a aprender. O sentimento de que “valeu a pena” é partilhado por toda a direção, sendo, por isso, expectável que continue, para concretizar os projetos delineados.
Neste momento, a associação tem três valências. O centro de dia, destinado aos seniores, tem capacidade para 20 utentes, prestando serviço a dezoito, dos quais treze têm apoio. Também dirigido a essa faixa etária, existe o serviço domiciliário, que viu o apoio estatal aumentar para os 15 utentes, mas a ambição é chegar aos dezasseis, com o PROCOOP (Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais).
A terceira valência diz respeito à creche, com capacidade máxima para 35 crianças, encontrando-se lotada.
Os serviços no âmbito destas valências, de acordo com os protocolos prestados, implicam a manutenção de 16 funcionários.
Prenda de Natal chega mais cedo à Associação de Solidariedade de Nespereira
Mas a realidade poderá mudar muito em breve. A Associação de Solidariedade Social de Nespereira viu aprovada a candidatura submetida no âmbito do programa Norte 2020, destinado aos equipamentos sociais (NORTE-07-4842-FEDER-000366), com um cabimento financeiro de aproximadamente 250 mil euros.
Com esta aprovação, poderão avançar, muito brevemente, as obras na antiga escola da Boavista, em Nespereira, o que acarretará uma melhoria significativa dos serviços prestados aos utentes.

Fica assim mais perto a concretização de um sonho antigo. “Antes mesmo desta direção, já houve um projeto para um terreno aqui ao lado, que implicava um edifício de raiz”, conta Pedro Magalhães. Mas a edificação do centro escolar deixou vazios edifícios que iriam ficar devolutos, o que levou a associação a redefinir os seus projetos: “Neste sentido, pedimos a escola da Boavista, que era a que tinha mais condições. Foi feito um contrato de comodato com a Câmara em 2015. O projeto foi feito, executado, aprovado e apresentamo-lo ao Norte 2020”, conta o presidente.
A concretização do projeto, com o custo total a rondar os 800 mil euros, implicará um aumento da capacidade de resposta aos utentes e, muito provavelmente, o aumento do quadro de pessoal.
O novo espaço terá melhores condições: “As salas da creche vão ser readaptadas, haverá o centro de dia, com espaço de descanso, um cabeleireiro e apoio médico. Tudo será no mesmo piso. No piso superior, teremos direção”, desvenda.
O centro de dia, nas novas instalações, terá capacidade para 36 pessoas, 80% das quais poderão ter apoio do estado, de acordo com o protocolado. Também o apoio domiciliário sofrerá um aumento para 40 utentes, com igual percentagem de apoio.
Apoio de 250 000 euros longe do montante necessário
Com o apoio de 250 mil euros garantido, Pedro Magalhães conta ainda com um “pezinho de meia”, a apoio da autarquia e da comunidade. “Vamos procurar o mecenato, com as empresas a terem aqui uma responsabilidade social. Podemos, por exemplo, dar o nome de uma empresa a uma sala”, afirma, não pondo de lado o recurso à banca.
Pedro Magalhães considera o projeto de extrema importância, não só para a freguesia, mas para o concelho: “Temos todos de trabalhar em rede, e a localização da estrutura facilmente serve várias freguesias. Não faz sentido haver IPSS em todas as freguesias, temos de aproveitar recursos e sinergias”, defende, lembrando que a associação acolhe utentes de Nogueira, Nevogilde e Silvares.
Paralelamente aos serviços prestados no centro de dia, a associação desenvolve iniciativas que ajudam a complementar a ocupação dos idosos. “Além disso participa nos projetos em rede, porque as IPSS não podem viver sozinhas. Têm de viver com as outras”, explica, dando como exemplo a ajuda alimentar, em parceria com a associação “Ao Encontro das Raízes”. A Santa Casa da Misericórdia e os Movimentos Seniores são também dois parceiros importantes: “Colaboramos sempre em tudo o que tem a ver com as nossas valências”, afirma.

Oportunidade para crescimento dos Movimentos Seniores aproveitada
Foi justamente no âmbito dos movimentos seniores que a associação se predispôs a apresentar uma candidatura, aproveitando o seu estatuto de IPSS. Esta foi a forma encontrada de conseguir um financiamento de 70%, no âmbito do programa Impacto”, para um projeto de três anos, com o objetivo de conseguir mais recursos, novas atividades e amplificar os movimentos seniores no concelho. “A nossa associação está com a responsabilidade financeira, embora tudo o resto funcione da mesma forma. A autarquia acaba por gerir todo o processo”, explica. O valor global anda na ordem dos 380 000 euros para os três anos, repartidos pelos Movimentos Seniores, aumentando as possibilidades de estes crescerem e terem mais recursos. Pedro Magalhães reforça a importância destes movimentos: “É uma resposta inovadora que não existe em mais nenhuma parte do país e que foi reconhecida”.
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