As raízes que deram flores e frutos
A Associação “Ao Encontro das Raízes” nasceu como resultado da participação da população no projeto “De um Bairro Social Ao Encontro das Raízes”, implementado pelo Centro Regional de Segurança Social do Porto em 1987, em pleno bairro Dr. Abílio Moreira, construído no ano de 1982, com um total de 251 frações, das quais 218 eram habitacionais e 33 eram não habitacionais.
Desde essa altura que esta instituição trabalha as necessidades e problemas da sua população residente mais carenciada nos seus diversos domínios, crianças e jovens em perigo, adultos em idade ativa desempregados, comunidade em geral e mais recentemente a população idosa. Atualmente a área de intervenção não se limita à área geográfica do bairro social, mas também à freguesia de Cristelos e freguesias limítrofes.
Paulo Manuel Ribeiro Teixeira, de 41 anos, natural de Amarante, é presidente desta associação e, nesta entrevista, dá-nos a conhecer melhor o trabalho desenvolvido.
Como surgiu a sua ligação com esta associação?
Surgiu em 2011. Trabalhava na área de consultoria e formação, tendo dado nessa altura formação em algumas IPSS’s do concelho de Lousada, uma delas a “Raízes”. Acabei por criar uma ligação com a “Raízes”, porque via que era uma associação com bastantes limitações, nomeadamente financeiras, o que por sua vez levava obviamente a outros problemas. Ou seja, vi que a associação tinha capacidades e potencial para fazer muito mais do que aquilo que fazia, mas seria necessário outro tipo de gestão do modo de funcionamento da associação. Não estou a dizer com isto que a Direção da altura estava a dirigir de forma errada a “Raízes”, não, dirigia da melhor forma possível, tendo em conta as dificuldades da associação. O que quero dizer é que, como eu trabalhava com várias empresas, de vários setores, e via como essas empresas eram geridas, achava que, se a “Raízes” fosse dirigida como uma empresa, seria possível aproveitar todas as suas capacidades e fazer com que tivesse menos dificuldades.
Entretanto, tornei-me sócio da associação e, algum tempo depois, por já estar bastante envolvido na associação, alguns sócios, incluindo o Presidente da altura, o Sr. Pedro Magalhães, sugeriram que eu deveria candidatar-me a Presidente porque tinha uma maneira diferente de ver a gestão da associação e que isso poderia ser bom para a “Raízes”. E assim aconteceu, passei a Presidente em 2012.
Que balanço faz do seu mandato?
Fazemos um balanço positivo deste e dos anteriores mandatos. A nível financeiro conseguimos reduzir os custos fixos e aumentar a rentabilidade. Com isso conseguimos ter uma estabilidade económica provisória, digo provisória porque, tal como numa empresa, a estabilidade é muito volátil, isto é, poderemos ter um ano de 2020 estável se não existirem imprevistos, como por exemplo uma avaria nas nossas carrinhas de transporte de crianças. Falo concretamente nas carrinhas, pois estas poderão não ser novas, mas circulam sempre em total segurança. A nível de qualidade, modernizamos, dentro do possível, as instalações da associação, adquirindo algum mobiliário e renovamos o equipamento informático. A nível dos recursos humanos investimos na formação dos colaboradores. A nível da imagem da “Raízes”, pensamos que conseguimos fazer com que as pessoas olhem e reparem na associação e que agora conseguem ver o que a “Raízes” faz.
Nestes últimos oitos anos, aconteceram muitas coisas, umas boas e outras más, muito más. Entre as muito más, sobressai o pagamento de dívidas, anteriores aos nossos mandatos e anteriores ao mandato do Sr. Pedro Magalhães, concretamente dívidas de 2003 a 2008, num total pagamos aproximadamente 24 000,00€.
Entre as coisas boas que foram acontecendo também ao longo destes anos, salientamos o facto de a comunidade lousadense conhecer melhor a “Raízes”. Em 2012, sentia que não era dado o devido valor à “Raízes”.
Em suma e como já referimos, o balanço é positivo pois, no nosso entender, achamos que conseguimos colocar a associação “Ao Encontro das Raízes” no lugar que lhe era devido, isto é, ser vista como qualquer outra associação do concelho.
Quais são os principais objetivos desta direção?
O principal objetivo desta direção é crescer com sustentabilidade mantendo para isso a mesma linha de orientação utilizada até à data e que tem resultado bastante bem, porque demorou e custou bastante chegar a esta estabilidade, mas sabemos que é muito fácil voltar à situação que vivíamos em 2012 e isso não queremos de forma alguma. Para isso, tudo o que fazemos é, primeiro, desenvolver com base na autossustentabilidade e depois, se for viável, então crescer.
Quais têm sido as maiores dificuldades e as maiores necessidades atualmente?
As maiores dificuldades são e serão sempre a nível económico-financeiro porque é sempre difícil de controlar. Dando um exemplo, atualmente, se tivéssemos mais uma carrinha de transporte de crianças, teríamos certamente a carrinha diariamente cheia, no entanto é o que acontece este ano, no próximo ano não sabemos se será igual. Para comprar uma carrinha, precisamos de aproximadamente 25’000,00€, o que para nós é um investimento gigantesco e arriscado pois, como referi, não sabemos como será para o próximo ano. Precisamos de caixilharia nova para as instalações, precisamos de fazer algumas reparações no interior das instalações e também pintar, mas estamos a falar de qualquer coisa como mais 12’000,00€. Somado à compra da carrinha, precisámos de 37’000,00€. Por isso a grande dificuldade é e será sempre a económico-financeira.
Como vê o futuro da associação?
De momento, podemos dizer que vemos o futuro da associação com boas oportunidades de crescimento, existem alguns projetos e candidaturas a fundos europeus que estão pendentes e, caso estes sejam aprovados, podemos dizer que o futuro será bom. Caso isso não se verifique, o futuro deverá ser de estabilidade mas um pouco mais difícil.
Está satisfeito com o apoio que a associação tem tido por parte das entidades públicas e privadas?
Sim, temos o apoio de várias entidades públicas e privadas, nomeadamente da autarquia e da Junta de Freguesia. Temos tido também grande apoio de várias entidades privadas, quer a nível financeiro quer a nível de materiais e equipamentos.
Deixe-nos uma mensagem final.
Deixo uma mensagem de agradecimento, em primeiro lugar ao “O Louzadense” por nos dar a oportunidade de poder falar sobre a “Associação ao Encontro das Raízes”; agradecer também à autarquia e à Junta de Freguesia de Cristelos todo o apoio que tem dado à associação ao longo destes anos. E um agradecimento às entidades privadas que, na maior parte das vezes, nos ajudam e pedem o anonimato pois fazem-no para ajudar a associação e não por protagonismo.
E como estamos em época festiva, aproveito para desejar um excelente Natal e um bom Ano Novo. Para todos.
Tb estou a Ter dificuldades tenho três meninas e ninguém me ajuda eu e o meu marido estamos desempregados