José António Rocha Silva, de 33 anos, natural de Silvares, é o presidente da Acção Católica Rural desde 2019, cujo objectivo principal é estimular a participação de leigos na Igreja, estando presente em todas as dioceses de Portugal.
Conheça melhor esta associação e a sua acção em Silvares.
Fale-nos da história da vossa Associação.
A Acção Católica Rural deriva da junção de dois movimentos já extintos, a LAC e LACF (Liga Agrária Católica e Liga Agrária Católica Feminina). A Acção Católica Portuguesa foi homologada pelo papa Pio XI, com incentivo do Cardeal Manuel Cerejeira.
O principal objetivo é estimular a participação dos leigos na Igreja. A ACR e outros organismos ainda existentes da Acção Católica Portuguesa são vistos como o braço da Igreja na sociedade, levando a esta os valores que a Igreja professa de uma forma mais informal.
Nos anos 80, os bispos portugueses reconheceram a importância de os jovens integrarem esta associação e, desde essa altura, um dos objetivos é motivar os jovens e adolescentes a viverem uma vida com valores cristãos e com coerência.
A ACR tem um método próprio de trabalho: VER, JULGAR e AGIR. Método hoje utilizado por outros organismos, associações e até pela própria igreja. Lembro que o Concílio Vaticano II foi preparado e orientado sob este método.
Com este método, não temos um trabalho somente virado para dentro da Igreja, mas torna-nos cidadãos mais atentos àquilo que se passa à nossa volta. Torna-nos cidadãos mais formados e informados acerca dos valores de um Estado de Direito Democrático e da Igreja Católica. Como consequência da atenção que temos em relação àquilo que nos rodeia e pela formação que adquirimos, ficamos cidadãos e cristãos mais ativos, lutando por uma sociedade mais justa, mais alegre e mais amável.
Como surgiu a sua ligação com esta associação?
Esta associação/movimento tem várias iniciativas e atividades durante o ano. Foi durante o canto das Janeiras que, em 1996 ou 1997, os meus pais apreciaram o grupo e viram que a minha integração seria boa para mim e para o meu irmão.
Que balanço faz do vosso trabalho?
A ACR já teve um papel mais interventivo na sociedade. Também era praticamente o único Movimento organizado em Portugal. Hoje, há muitos e ainda bem. Cada um com os seus caminhos, todos diferentes, mas a meta é igual em todos: Jesus!
Hoje em dia, a ACR tem um papel mais silencioso. O desafio constante é a mudança das consciências das pessoas. Ser proativo! Andar na linha da frente na luta pela vida, por uma vida mais digna, mais ecológica e por um ambiente mais saudável. É sobretudo estar atento a quem vive ao nosso lado e prestar auxílio, seja um auxílio direto ou indireto.
Caracterize a associação quanto às suas valências e infraestruturas.
ACR é um movimento com uma organização nacional. Há uma equipa coordenadora a nível nacional que faz com que o Movimento discuta de uma forma mais uniforme os assuntos para cada ano. Existem as equipas diocesanas que coordenam o Movimento a nível diocesano/distrital, de acordo também com as orientações do Sr. Bispo. E temos as nossas equipas de base, que são grupos paroquiais e/ou interparoquiais que se organizam por idades: adultos, jovens e adolescentes. Estes grupos trabalham em estreita ligação com os agentes civis (juntas freguesia e câmaras municipais e outros organismos do estado) e em estreita ligação com o pároco. É nas equipas de base onde se faz o trabalho mais relevante e mais transformador. Debates, conferências, sessões de esclarecimento, cantos das Janeiras, magustos, campo de férias, caminhadas, dias de convívio, retiros, etc…
Quais são os principais objetivos desta associação?
A ACR propõe-se promover a formação cristã das consciências, procurando descobrir e aprofundar as razões de pensar e agir cristãmente nas diversas circunstâncias da vida, para tomar opções livres, segundo a vontade de Deus, e assumir as responsabilidades de cada fiel como cidadão.
Quais as maiores dificuldades e maiores necessidades atualmente?
Uma das maiores dificuldades da ACR (e é da igreja em geral) é o número de membros. Está a diminuir. Somos menos. Mas isso não nos torna piores ou inferiores. Aliás, até nos torna mais fortes. Outra dificuldade que temos (e não é má) é a existências de outros movimentos e outras associações parecidas com a nossa. As pessoas dividem-se mais de acordo com as suas necessidades e bem-estar.
Em relação às infraestruturas, não temos. De facto, precisávamos de um espaço onde pudéssemos ter o nosso espólio, os materiais que utilizamos em diversas atividades, os livros, etc… As nossas reuniões/encontros têm sido no salão paroquial de Silvares e não estamos mal, mas o futuro será ter o nosso cantinho!
Como vê o futuro da associação?
Antigamente, na ACR, chegaram a ser cerca de 50000 membros (ou até mais). Hoje seremos uns 3000. E creio que não deveremos ultrapassar muito este número. Em Silvares somos cerca de 60. Há futuro. Contudo, temos que nos mentalizar de que uma associação não vive de grandes números, de massas, vive do fermento. Estas pessoas, que são poucas e com pouco tempo, tornam-se fermento para outras. E temos a perfeita noção de que o nosso grupo é como um porto de abrigo. Hoje até podemos ser muitos, mas amanhã já não somos. Uns vão embora e voltam e estamos cá para os acolher novamente. Outros saem para as faculdades, mudam de emprego, constituem família, etc…. Aparecem de vez em quando. Estamos cá para os acolher. O importante é haver sempre um núcleo duro que permaneça, persista e que nunca desista.
Está satisfeito com o apoio que a associação tem tido por parte das entidades públicas e privadas?
A ACR sempre teve os seus próprios meios de organização e desenvolvimento de atividades. Contudo não nos podemos queixar da Junta de Freguesia, Câmara Municipal, GNR, bombeiros, Turismo de Lousada, etc. Quando precisamos, sempre fomos acolhidos, ouvidos e ajudados.
Deixe-nos uma mensagem final.
A Acção Católica Rural é um movimento/associação de leigos que vive os valores do evangelho. Todos os membros da ACR são livres de escolhas, mas o objetivo é transformar cristãmente o meio onde vivemos e com as pessoas mais próximas. Fica o convite a todos os que o queiram integrar, principalmente aos mais novos. Realizamos os campos de férias para adolescentes, que são sempre animados durante uma semana.
Há vários grupos da ACR em Silvares: de adultos, jovens e adolescentes. Os interessados podem entrar em contacto. Serão bem acolhidos!
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