Quantos de nós somos doentes? Em alguma fase da nossa vida certamente já fomos. Nunca teve doente? Não se considere um privilegiado! Ao longo do nosso grande ciclo de vida, alguma(s) vez(es) passaremos por isso. Lembrar essa circunstância é lembrar que quando doentes tornámo-nos frágeis, muito frágeis aliás.
Parece que ficamos sem chão, ao dispor dos outros, que esquecemos o nosso valor, a nossa história e o nosso futuro. Ali ficamos, com uma sensação de que tudo gira à nossa volta, mas na verdade, não gira em função de nós.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Doente, lembrei-me que seria bem útil colocar verdadeiramente o doente no Centro, no centro de toda a ação, bem no meio de todo o Sistema.
Comemorado desde 1992, o dia Mundial do Doente, comemora-se a 11 de Fevereiro, e foi implementado pelo Papa João Paulo II para apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente. E é simplesmente esta a necessidade que a sociedade tem que dar resposta: dar maior atenção à pessoa doente.
Lembrando este dia, lembro a Carta de Direitos e Deveres do Doente e o quão é importante conhece-la.
Conhecer e executar este conjunto de condições é verdadeiramente colocar o sistema a funcionar em função dos que mais necessitam. Considero ainda, que mais importante que os doentes conhecer os seus direitos e deveres, é os profissionais de saúde e todas as organizações conhecerem esse mesmo conjunto de pequenas regras, que não são mais que princípios básicos de respeito pelo outro.
Ser tratado com respeito pela dignidade e integridade humana. É o primeiro direito! E para mim o mais fundamental! Mas será que já paramos para pensar quantas vezes nos é negado o acesso a este direito? Basta só lembrar das instalações de algumas das urgências ou centro de saúde do nosso Portugal, que vemos o quanto é desrespeitada a privacidade dos doentes e o quão mal preparadas estão os nossos serviços para proporcionar conforto e bem-estar exigidos, à situação de vulnerabilidade que a pessoa se encontra.
Consintamos então que o utente reclame, sugira, peça informação. Perguntemos-lhe como prefere, como escolhe, como decide. Não realizemos juízos de valor, nem nos consideremos conhecedores de toda a verdade.
Colocar o doente ao centro é garantir que ele é o interveniente mais importante! É garantir que ele faz parte, é integra-lo. Organizações de saúde que giram à volta do doente são mais capazes, e respondem melhor às necessidades dos doentes e famílias. E a razão é simples! O utente importa e não é mais um ou apenas um, é ele mesmo! É a razão dos serviços de saúde existirem.
E permitam-me que vos diga: poderá parecer estranho, mas a minha vida faz mais sentido quando estou junto dos doentes! Porque se escolhi cuida-los, sem eles não poderia fazer o pleno da minha felicidade.
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