As crendices antigamente, talvez como efeito da sugestão pela fé inabalável com que eram praticadas, ligavam-se às superstições de forma circunstancial, meramente fortuita, e, sem qualquer precisão científica, mas que eram praticadas por muitas pessoas, principalmente por aquelas que devido à sua ignorância ou temor, as levava a quimeras ou a uma confiança em coisas “sobrenaturais”, mas ineficazes ao fim a que se destinavam.
Estão entre imensas, na nossa terra aquelas que se ligavam à subsistência, às doenças e à vida pessoal e familiar:
Quando se “bota” (pôr a galinha choca no ninho para incubar os ovos) uma galinha, deitavam-se os ovos aos punhados, em número impar, dizendo:
“ Em louvor de S. Salvador
Saia tudo pitinhas
E um só galador…. (três Padre-Nossos e três Avé-Marias)”;
Em todas as capoeiras deveria haver uma galinha preta, pois quando os donos eram vítimas de invejas (“mau-olhado”), este recaia sobre a galinha, matando-a. O que era curioso é que muitas galinhas pretas apareciam mortas sem razão aparente!…
Outra “forma” para se livrarem do “mau-olhado” era vestir a roupa do avesso, exceto a peça de fora!…
Ainda para combater o “mal de inveja” (“mau-olhado”) era costume pregar-se na porta uma ferradura, e atrás da porta colocar uma vassoura com a escova virada para cima.
Superstições aliadas à cozedura do pão no forno de lenha: Depois de arrumada a massa a um canto da masseira, a amassadeira traçava, com a mão, uma cruz e benzendo a massa dizia:
“ S. Mamede te levede
S. Vicente te acrescente…”
Padejadas as broas e postas, uma a uma, sobre a pá, lá iam para o forno, enquanto a forneira dizia, fazendo cruzes com a mão enfarinhada:
“Benza-te Deus
dentro do forno
e fora do forno, como a Graça de Deus
pelo Mundo todo” (ladainha igual ao descrito no livro SUPERSTIÇÕES POPULARES DA TERRA DE ROSSAS de Carlos Teixeira).
Quando alguém tinha “cravos” (verrugas) prometia ao S. Gonçalo de Amarante, uma dúzia de cravos caso as verrugas desaparecessem. Quando eu era criança, também me tocou ter de levar uma dúzia de cravos ao S. Gonçalo. Tinha eu bastantes verrugas num joelho e a minha Mãe lá prometeu ao Santo uma dúzia de cravos. De facto, um dia sem contar, caí de bicicleta e roçando o joelho no chão, lá fiquei sem os “cravos” e nem um arranhão tive!…
Aos rapazes quando lhes caiam os dentes de leite, punham-se de costas para o forno e atiravam-no por cima das costas, para trás do forno, dizendo:
“Dente fora
Outro novo na cova”
Ou, então a ladainha tomava contornos mais “folgazão”. Ao mesmo tempo que atiravam o dente para trás das costas em direção atrás do forno, diziam:
“Dente fora
Cagalhão na toca!…”
E, para “combater” a dor nos ouvidos era costume procurar-se uma mãe que estivesse a amamentar o filho e deitar no ouvido o leite materno, lançado diretamente da mama para o canal auditivo…
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