Duas doenças que atingem o mundo sem fronteiras, de forma ascendente, a ritmo considerável. Se outrora estas doenças eram vistas como opostas, a COVID-19 veio emergir a agravante no aparecimento e tratamento da doença infeciosa em patologias como a obesidade, a diabetes mellitus e a hipertensão. Consequentemente, o doente ao padecer destas patologias está em maior risco de ter um pior prognóstico durante o tratamento, o que implica que as doenças crónicas e as doenças agudas infeciosas, cada vez mais, se vão exprimir concomitantemente.
Até à data, os dados disponíveis permitem concluir que, a diabetes mellitus, a hipertensão e a obesidade aumentam a suscetibilidade individual, o risco de complicações graves e a morte por COVID-19.
No caso português, o conhecimento das relações destas doenças crónicas (obesidade, diabetes mellitus e hipertensão) com a COVID-19 é crucial, dado serem doenças predominantes em Portugal, com a agravante que, muitos portugueses partilham mais do que uma destas doenças.
A infeção pela COVID-19 tem um impacto desproporcional nos doentes com obesidade. O doente obeso apresenta menor volume de reserva expiratório, menor capacidade funcional e complacência do sistema respiratório. Acresce que, alguns trabalhos recentes solevam a hipótese de, a obesidade poder aumentar o grau de contágio das infeções respiratórias virais.
Agrega às medidas propostas para a mitigação da COVID-19, a adoção de um estilo de vida saudável, pautado por uma alimentação equilibrada e adequada, e atividade física/exercício físico, bem como, a perda ponderal de peso quando necessário, que podem ser fatores diferenciais num quadro de COVID-19 em ser ultrapassável ou fatal.
Muito existe ainda, para descobrir e conhecer nesta/desta relação entre a obesidade e a COVID-19, mas certamente irá mudar a forma como iremos ver a obesidade no futuro, dado que, se perspetivam novas e sucessivas vagas infeciosas, transformando o trabalho dos profissionais de saúde, muito em particular dos nutricionistas e dos cidadãos, em prol da saúde, quer a nível de literacia/educação alimentar, quer a nível comportamental, face à alimentação/nutrição.
Termino citando Daniel Innerarity (2011): No reino dos seres vivos, o ser humano é o único que sabe que há futuro. Se os humanos se preocupam e esperam é porque sabem que o futuro existe, que ele pode ser melhor ou pior e que isso depende, em certa medida, deles próprios. Mas saber isso não significa que eles saibam também o que devem fazer com esse saber. E reprimem-no com frequência, porque pensar no futuro distorce a comodidade do agora, que costuma ser mais poderoso do que o futuro porque é presente e porque é certo (…) Dar-se bem com o futuro não é tarefa fácil.
No presente, pela mão das escolhas alimentares tomemos o rumo consciencioso da saúde, da qualidade de vida, da qualidade alimentar/nutricional. Pensar no futuro distorce a comodidade do agora, das escolhas alimentares pelo conforto, pela gulosice, mas é o pensar que dá poder ao futuro. Que este tempo vivenciado seja um momento de reflexão e saúde.
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