Depois de muitas semanas encerradas, as lojas e associações começam a dar sinais vida, retomando gradualmente as suas atividades, embora a vida associativa tenha mais dificuldades por não dispensar o convívio social.
Joaquim Gonçalves, proprietário de duas lojas de ourivesaria, no dia 9 de março, viu-se obrigado a encerrá-las, em Lousada e na Aparecida. Para além do interregno na atividade económica, adensaram-se os receios com a saúde: “A diabetes também acabou por me aparecer e eu fiquei logo um pouco nervoso”, refere.
Negócio do ouro parado
O encerramento das lojas aconteceu numa altura em que a área da ourivesaria não estava a passar bons momentos e o proprietário explica porquê: “A ourivesaria já estava a ter um decréscimo muito grande, pois o ouro atingiu um patamar muito alto para o nível de vida de hoje e os portugueses começam a não poder ir comprar nas ourivesarias”. A época da Páscoa, das comunhões e batizados representa uma oportunidade de negócios, que acabou por não se concretizar, tendo em conta o cancelamento das atividades religiosas. A esperança, agora, reside nos emigrantes, que regressam no verão ao nosso país e acabam por dinamizar o comércio. Tal poderá atenuar as consequências da pandemia nesta área.
A ourivesaria é um negócio familiar e a sua fonte de receitas, pelo que os dois meses de encerramento tiveram um impacto muito negativo na sua vida. “Fomos muito rigorosos, cumprimos as indicações. Tenho um filho na linha da frente, que nos trazia indicações. Foram dois meses com as lojas fechadas”, conta.
Apesar das dificuldades, Joaquim Gonçalves assume-se um lutador, que todos os dias se levanta às 8h30 para se dedicar ao trabalho. “Tentamos arranjar algumas soluções e felizmente fomos conseguindo, tendo no dia 4 junho as lojas abertas”, diz.
LADEC com atividades canceladas
Joaquim Gonçalves é também presidente da LADEC (Lousada Associação de Eventos Culturais), que continua a sua atividade, apesar de o ano de 2020 ter sido “muito difícil”. Começou com problemas de saúde no tesoureiro, a que sucedeu a morte da mãe de Joaquim Gonçalves. Estes acontecimentos desmotivaram um pouco a direção.
Sendo uma associação virada para os eventos que juntam muitas pessoas, a Associação teve dificuldades em cumprir o seu plano de atividades, ficando-se pelo desfile de Carnaval. “No ano passado, juntamos cerca de 300 jovens no Open Ladec! Este ano iríamos fazer uma Noite de Tunas, também algo diferente do que fizemos no passado, a Festa da Francesinha, a corrida de S. Silvestre, além de outros eventos… Tivemos que parar com tudo, até as próprias reuniões”, lamenta.
Não é fácil garantir o cumprimento das orientações da DGS em eventos como a Festa da Francesinha, pelo que não tem perspetivas de concretizar esta atividade. A única que ainda crê poder realizar é a corrida de S. Silvestre. “A LADEC sofre muito com isto. Felizmente na direção temos pessoas que gostam muito da terra e ficam tristes, pois gostam de mostrar aos Lousadenses do que são capazes”, refere.
Futebol no concelho regressará em força na próxima época
O futebol também faz parte da vida de Joaquim Gonçalves, que esteve ligado à Associação do Futebol do Porto (AFP). Este ano, o Aparecida poderá subir à divisão de Elite. Se tal suceder, será uma satisfação: “Um grupo de trabalho que bem merece e que muito tem feito pelo futebol distrital e concelhio. Se subir, é uma prenda. O clube merece, pelo presidente, uma pessoa dedicada ao seu clube, os atletas e equipa técnica”. Gonçalves destaca a aposta do clube na formação, no futsal e enaltece o bairrismo que se lá se vive. Espera que o próximo ano seja de entusiasmo no futebol em Lousada: “Este ano, no nosso concelho, temos várias equipas inscritas na AFP, o que é importante para o nosso concelho”, diz. Desafia todos a assistirem aos jogos: “Para quem gosta de futebol, numa área de 50 kms, vai haver uma realidade saudável de competição”.
Joaquim Gonçalves terminou, com um pedido a’O Louzadense: “Queria fazer um pedido a’O Louzadense, que muito tem feito em tão pouco tempo. Comecem a percorrer as nossas freguesias que têm futebol distrital na Associação. Nós, lousadenses, temos de sentir os clubes do nosso concelho”.
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