Ernestina Sousa, diretora do Agrupamento Dr. Mário Fonseca, considera que, apesar dos constrangimentos, os alunos estão a desenvolver novas competências.
Os tempos que vivemos nos últimos meses foram de grandes mudanças na educação. Com os alunos e professores fora das salas de aula, iniciou-se o ensino à distância, ao qual todos tiveram de se adaptar.
Ernestina Sousa é diretora do Agrupamento de Escolas Dr. Mário Fonseca, que tem como escola-sede do agrupamento a EB/S Dr. Mário Fonseca na freguesia de Nogueira e integra a EB/S de Lousada Norte, em Lustosa e ainda mais 9 outros equipamentos educativos. Trata-se de um agrupamento com 1700 alunos, cerca de 170 docentes e 90 assistentes operacionais, que serve a parte Norte do concelho, mas também Nogueira, Macieira, parte de Silvares e Santa Margarida.
A Diretora contou a’O Louzadense que a última semana de aulas presenciais, em março, foi de muita preocupação, depois de terem recebido as primeiras notícias que davam conta de pais de alunos infetados com Covid-19. “De quarta até domingo, todos os dias e a toda a hora, íamos tendo conhecimento de novos casos por parte das entidades da saúde”, conta. Mesmo no fim de semana, ela própria foi tendo notícias de casos que reportou ao delegado de saúde, delegado regional e Câmara Municipal.
“Foram dias de aflição”, refere.
Ainda assim, as notícias de domingo à noite, transmitidas pela comunicação social, relativas ao encerramento das escolas, apanharam Ernestina de surpresa. Um telefonema do Delegado de Saúde confirmou a notícias, a que se seguiram orientações para ação imediata.
Papel dos diretores de turma foi muito importante
Iniciou-se então o ensino na modalidade de teletrabalho, com os diretores de turma a desempenharem um papel importante, de grande proximidade com as famílias. Foi através dos deles que a direção foi tomando conhecimento de novos casos da doença, já que deixou de receber indicações das entidades, em virtude da dimensão da pandemia. “Através dos diretores de turma ficamos com a noção de que a situação era séria e preocupante”, diz.
O ensino à distância, segundo Ernestina Sousa, está a correr bem e superou mesmo as expectativas iniciais. “Há experiências fantásticas, casos de grande proximidade com os pais, a pedirem mesmo para assistirem às aulas”, conta, acrescentando que não estavam à espera destas reações.
Apesar de feitos todos os esforços para não deixar ninguém de fora, há ainda alguns alunos no Agrupamento que não têm computador ou internet. Socorrem-se do telemóvel e, nalguns casos, o material de trabalho é-lhes entregue em casa em suporte físico.
Por isso, a Diretora considera o trabalho desenvolvido “extraordinário”: “Os professores, pais e alunos têm feito um trabalho soberbo, que está a ultrapassar as expectativas”, garante.
Plataforma de comunicação tem ajudado
Fundamental foi também o trabalho da equipa de informática, que “ligou” toda a comunidade ao Office 365, que substituiu outras plataformas usadas no final do segundo período. Ernestina Sousa esclarece que esta uniformização foi importante, para se evitar que no mesmo agregado familiar fossem usadas plataformas diferentes. Esta situação veio, na opinião da diretora, trazer alguma tranquilidade aos pais. Os professores e, especialmente, os diretores de turma “conseguiram pôr tudo a rolar dentro da realidade possível”, afirma.
Perdeu-se o convívio na escola, a proximidade professor-aluno, os afetos físicos, mas também houve ganhos com esta nova experiência de ensino. A Diretora deste agrupamento reconhece ganhos no desenvolvimento de certas competências nos alunos. “Temos de ver que há sempre alguma coisa positiva, para além do confinamento e da tristeza de não podermos estar com quem queremos”.
Regresso à escola tranquilo e em segurança
No dia 18 de maio, os jovens do 11.º e 12.º ano de escolaridade regressaram à escola, o que gerou preocupação e apreensão, pela complexidade de procedimentos a adotar para que os alunos e as famílias se sentissem seguros. A Diretora realça o papel fundamental dos assistentes operacionais, que, seguindo as orientações da escala diária, asseguram o distanciamento e a higienização dos espaços. Há toda uma logística na ocupação e desinfeção dos espaços geradores de um clima de segurança e tranquilidade nos alunos. “As pessoas estão com muita vontade de que os alunos tenham sucesso e se sintam bem. E as famílias também sentem essa segurança”, diz. Apesar de estar tudo a correr bem, garante que não baixa a guarda.
Por isso, garante que as condições estão criadas para que não haja qualquer problema. “Temos conseguido transmitir confiança. Agradeço a postura dos pais na sua grande maioria e o seu envolvimento”, conclui.
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