A tecelagem é a arte de usar um tear (hoje muito raros). Antigamente o tear era um artefacto de barras de madeira ligadas por cordas a um pedal para acionar o mecanismo de entrelaçar fios de trama (fio que a lançadeira estende por entre os fios da urdidura – transversais) com fios de teia – longitudinais, produzindo tecidos.
As tecedeiras de Lousada eram “mãos” experientes em confecionar tecidos principalmente de linho e estopa. Depois de bem lavados e postos a corar ao sol, iam para as caixas de madeira de castanho (arcas) para serem guardados com muitos cuidados, pois os panos de linho fino iriam servir, mais tarde, para confecionar a roupa melhor para os dias de festa, os paramentos religiosos, as toalhas dos Altares ou ainda as peças de vestuário que iriam sair dos guarda-vestidos só de vez em quando e duravam uma vida inteira. Os panos de estopa iriam servir para fazer a roupa de cotio e de trabalho.
As roupas que as mulheres usavam, tanto no dia-a-dia como nos dias de festa, normalmente eram feitas pela mão das costureiras. Mas em casa de cada um, havia sempre uma costureira que ”sabia da poda”. À máquina de costura rudimentar, ou simplesmente à mão, as costureiras preparavam as vestimentas femininas. Uma ou outra costureira, também sabia fazer camisas de homem.
As jaquetas, os fatos (eram virados quando já estivessem coçados) e as calças (as mulheres não usavam calças de feitio algum) ficavam para serem preparadas pelos alfaiates.
As costureiras também compunham a roupa estragada e remendavam, ponto por ponto, os buracos existentes nas peças de vestuário, com “quadras” de pano e com outros bocados de tecidos que guardavam propositadamente para esses consertos.
Depois das costureiras, entravam em ação as bordadeiras para embelezar os variados trajes.
Em Lousada havia muitas bordadeiras que usavam o bordado em vestuário, nomeadamente nos aventais. Em alguns modelos, no seu centro, bordavam uma grande coroa de rei, a vidrilhos e missangas, tendo de cada lado da coroa, uma palma.
Mas não era somente nas roupas que apareciam verdadeiras “pinturas”, mas também nas colchas, nas coberturas dos altares das igrejas, nos brindes e lembranças para as mais diversas ocasiões, nas fraldinhas dos bebés, nos panos de cozinha, nas camisas de linho dos homens, nos lenços dos namorados e em outras indumentárias que se queriam embelezar e por vezes personalizar com os nomes próprios ou dos namorados e pessoas queridas.
Nesta zona do país, Vale do Sousa e Baixo Tâmega, riquíssima em tradições culturais, neste âmbito dos bordados, estão em primeiro lugar e os mais utilizados, os bordados em ponto de cruz, formado por pontos que parecem uma cruz com uma marcante uniformidade de pontos e simetrias do bordado.
Outro ponto muito característico e tradicional, era o “ponto crivo” também conhecido como bordado labirinto, feito em tecidos bastante finos como o linho puro. Este bordado permite a confeção de muitos tipos de imagens e padronizações. O pano a ser bordado é preparado através de uma perfuração ou cravejamento, sendo portanto desfiado e crivado para depois serem entrelaçados os fios (linhas) sobre esse tecido.
Usava-se também o “reto” (pontos que possuem a superfície reta e são trabalhados em diferentes tamanhos e direções, espaçados a intervalos variados) com variados pontos entre outros, os de “alinhavo” e os de “ponto cheio”. Usava-se também o “ponto corrente” e outros que derivavam da criatividade e inovação da bordadeira (não havia homens a bordar!…), nomeadamente o croché.