Após mais de seis meses sem que os motores se ouvissem e as grelhas caíssem na terra das pistas, o nacional de motocross regressou no passado domingo para uma jornada ainda sem a alegria e colorido do público – por força das restrições sanitárias ainda em vigor – mas com toda a emoção própria de uma modalidade que tem uma adrenalina e sonoridade muito especial.
Com a alegria e a vida do motocross a invadir novamente o recinto do Complexo Voltas & Rodas em Lustosa, Lousada, as motos e os pilotos ganharam também eles asas para enfrentar os 1600 metros do Crossódromo Quinta Azenha, que estreou em Portugal a transmissão em direto através da página do Youtube da FMP, novidade que terá continuidade no motocross nacional, dando assim maior visibilidade ao campeonato, pilotos, equipas e patrocinadores.
Luís Outeiro venceu nas MX2
Com mais de meia centena de pilotos em pista em todas as categorias, e ausências notadas nos nomes de Paulo Alberto, Diogo Graça ou Hugo Basaúla entre outros, foi Luís Outeiro quem venceu nas MX2 depois de dividir as vitórias nas mangas com Renato Silva. Este foi o primeiro vencedor nesta ronda de regresso do campeonato – a primeira realizou-se na Moçarria ainda antes da ‘paragem forçada’ – mas na derradeira manga Outeiro levou a melhor e foi mesmo ele a subir ao degrau mais alto do pódio com Rúben Ferreira a ser o terceiro. Com duas dezenas de pilotos em prova, esta foi a classe mais concorrida, recheada também ela de jovens pilotos apostados em brilhar no motocross português. Rúben Ferreira foi também o vencedor nas 2 Tempos, entre os Juniores. Esta com um bom lote de pilotos a trazerem de volta o som dos motores a dois-tempos, com as suas 125cc.
Sandro Peixe brilha
Em MX1 o pódio foi ocupado por Sandro Peixe, que dividiu as vitórias com Alex Gamboa, cabendo a João Vivas a terceira posição num pelotão onde se notou a estreia do campeão nacional de trial, Diogo Vieira, que pela primeira vez alinhou na grelha de partida de uma prova de motocross. Sandro Peixe foi também o vencedor da corrida Elite, liderando todas as 19 voltas realizadas para cruzar a linha de meta na frente de Gamboa depois de João Vivas ter sido o segundo na primeira volta, perdendo gradualmente para Gamboa e mais tarde – na quinta volta – para Luís Outeiro.
Em Lustosa, estiveram igualmente os pilotos das 65 e 85cc, com vitória de Rodrigo Barros na frente de Vasco Salgado e Bernardo Pinto nas 65cc, sorrindo a vitória a Elias Gil nas 85cc face a Sandro Lobo e Martim Espinho, também eles de regresso à competição nacional após 203 dias de espera e paragem no motocross luso, que realizará a sua terceira prova no dia 4 de outubro no Alqueidão.
Organização satisfeita, apesar dos constrangimentos

No final, O Louzadense falou com Manuel Ferreira, do Club Motard de Figueiras, que organizou a prova pela segunda vez. “Uma prova totalmente diferente do que nós gostaríamos de realizar, pois a pandemia condicionou-a bastante. Mas o que mais nos prejudicou a todos os níveis foi a impossibilidade de termos os milhares de pessoas que normalmente acompanham as nossas provas nesta fantástica pista de motocross Voltas e Rodas, em Lustosa”, disse.
A organização teve de cumprir todas as regras impostas pela Direção Geral da Saúde, o que trouxe algumas dificuldades. “Sem o apoio da autarquia de Lousada e dos nossos patrocinadores não seria possível realizar esta prova”, referiu.
Para além da ausência de público e uso de máscara, houve necessidade de fazer corredores para os pilotos se inscreverem, separadamente. O mesmo aconteceu com a alimentação. Tudo se realizou com grande rigor, com atenção especial para a higienização dos espaços, principalmente as casas de banho.

Embora diferente, a prova atraiu muitos pilotos: “Foram à volta de cem corredores, com a presença de todas as equipas nacionais de topo. Para contentamento nosso, tivemos novamente bastantes equipas espanholas, abrilhantando mais esta prova”.
Transmissão no Youtube
Os aficionados deste desporto puderam acompanhar as provas em direto no Youtube da FNM. Registaram-se milhares de visualizações. “Consideramos que esta experiência foi uma mais-valia, para repetir, em moldes diferentes no futuro. Fico satisfeito por ter corrido bem a transmissão, pois levamos mais uma vez o concelho de Lousada e o nosso clube a todo o mundo. Levamos a paixão do motociclismo para quem infelizmente não pôde cá estar”, conta Manuel Ferreira.
As condições atmosféricas de sábado não facilitaram a vida à organização que teve de intervir na pista no domingo, atrasando a realização da prova.
Para além da autarquia, Manuel Ferreira agradeceu também às Juntas de Freguesia de Lustosa e de Figueiras e a todos os nossos patrocinadores. “Também deixo uma palavra especial a todos os membros da nossa Associação, pois sem eles nada disto seria possível”, conclui.
Para o ano ficam prometidas de novo três provas, duas nacionais e uma regional. Espera-se que sem Covid-19, para que o espetáculo possa ser uma verdadeira festa.
António Augusto
Vereador da CM de Lousada
Foi um ato de coragem fazer esta prova sem público e desta forma prescindir da receita da bilheteira. Só um conjunto de homens e mulheres que amam a sua terra e o motociclismo seriam capazes de concretizar esta iniciativa que teve ainda a dificuldade acrescida de ser a primeira prova que foi realizada após o desconfinamento. O Clube Motard de Figueiras já era uma entidade muito respeitada no meio mas, granjeou agora, um capital de competência organizativa que o pode catapultar para organizações ainda mais ambiciosas. Parabéns.