O projeto Terroir nasceu na Quinta da Portela, pertencente à família Camizão Rocha, ligada à produção vinícola. O casal João e Leila Camizão estão à frente dos projetos entre os quais se destaca a marca de vinhos “Sem Igual”.
A quinta tem cerca de dez hectares de vinha, destacando-se o arinto, o azal, a touriga nacional e vinhão. “Aqui, produzimos vinhos verdes diferentes, bastante secos, com muito pouco açúcar e sem gás. Não são vinhos verdes gaseificados, são acima de tudo vinhos brancos produzidos na região mais fresca de Portugal”, descreve Leila.
A aposta na inovação é uma das marcas da produção vinícola na quinta. No seu portefólio, encontramos grande variedade de vinhos e também o espumante.
“Sem Igual”: o vinho verde sem gás

João Camizão, oriundo de uma família produtora de vinho, foi o criador da ideia “Sem Igual”: “Surgiu após eu ter trabalhado na Índia, onde estive dois anos e meio. Foi lá que surgiu o clique. Eu achava que podíamos tratar do vinho de uma forma um bocadinho diferente. Muitas vezes é preciso sairmos da nossa zona de conforto para percebermos que não valorizamos coisas que têm muita importância. E foi nessa perspetiva que eu decidi que, quando voltasse a Portugal, queria fazer um vinho diferente e decidi chamar-lhe “Sem Igual”, porque ele é um vinho diferente, em termos concetuais, daquilo que era feito em Lousada e nesta região”, conta. O que tem o “Sem Igual” de novo? Não tem gás! Primeiro, João experimentou este método de produção em 600 garrafas, uma espécie de protótipo. Depois deste primeiro investimento contido, com sucesso, foi aumentando a produção gradualmente.
Quanto toda a gente achava que o vinho verde tinha de ter gás, eis que surge um vinho verde certificado sem gás, vocacionado para a mesa. “Nós queremos provar que a região consegue fazer vinhos de combate, mas consegue também fazer vinhos premium. Percebemos que temos muita qualidade nas castras autóctones da nossa região, focados sempre no arinto, no azal ou no pedrenã”, afirma. O arinto é, de facto, a casta associada ao Sem Igual. “Conseguimos ter vinhos com pontuações altas por parte de críticos, quer nacionais quer internacionais. Robert Park atribuiu-nos pontuações na ordem dos 94 pontos, muito elevadas e sentimos por isso que o caminho está certo”, regozija-se.
Entre 2012 e 2016, nasceu o Sem Igual com o rótulo azul, que “é um vinho diferente de todos os outros verdes”: “Muita gente dizia que não gostava de vinho verde, que fazia mal ao estômago. Então, dávamos-lhes o vinho às cegas e eles consideravam o vinho fantástico e afinal era vinho verde”. Este vinho quebrou, assim, alguns preconceitos.
A partir de 2017, a Quinta da Portela aumentou o seu portefólio e criou três vinhos novos: “Sem Igual Sem Mal”, “Sem Igual Ramadas Metal”, “Sem Igual Brut Nature”, “Sem Igual Ramadas Wood” e “Sem Igual Pet Nat”.
A história desta quinta continuará a ser escrita de geração em geração: “É muito triste quando estas coisas de família não correm bem e acabam. Eu ficaria muito triste”, confessa João Camizão.
Vinhos leves e gastronómicos

Este ano, a vindima foi mais cedo que no ano passado, tendo começado no dia 3 de setembro: “Começamos sempre na vindima da base espumante, que é também o nosso Sem Mal, que é um vinho de uma acidez muito elevada, tentando imitar o que foram os primórdios dos vinhos verdes. Tem uma acidez acutilante, com um carbónico natural”, refere Leila. O último a ser vindimado foi o vinhão, como do costume, já perto do final do mês.
Quanto às características dos vinhos destas colheitas, serão de acidez elevada. “Conseguimos controlar o álcool, que é um dos nossos objetivos, estamos a fazê-lo desde 2017. Queremos fazer vinhos com bastante frescura, não tão pesados. Estamos na zona mais fresca do país, próximos do oceano, com muita chuva. O objetivo é ter vinhos leves e gastronómicos”, explica a produtora vinícola.

Apesar da quebra de produção, por causa do míldio, entre maio e junho, esta produtora está satisfeita. “Com a vinha nova a produzir mais, acabamos por ter mais produção de uva do que no ano passado. Convém dizer que ainda vendemos cerca de 60% da produção de uva”, realça.
Terroir: uma experiência centrada nos produtos e nos espaços
O Terroir é um projeto que nasceu primeiro da junção dos produtores da Quinta de Lourosa e do “Sem Igual”, mas que acabou por crescer: “Achamos que não seríamos tão fortes e surgiu a ideia de trazer mais alguém para esta parceria. Surgiu a ideia de convidar a Casa de Juste e a Quinta da Tapada, que são quintas diferentes, umas com alojamento, outras com jardins históricos e algumas muito fortes de vinhos de portefólio e de história. Tentamos combinar estes quatro produtores para criar um produto mais interessante no que toca ao vinho e ao alojamento em casas de campo”, conta Leila. A resposta foi positiva. O passo seguinte foi criar um roteiro que pudesse oferecer ao visitante uma experiência em Lousada, não só dos produtos, mas também dos espaços. “Tentar dar a melhor proposta de roteiro, ligado aos vinhos e às casas de campo que nós temos”, diz.