A proibição das competições, os treinos limitados, o receio do contágio, a diminuição do número de atletas e a falta de ajudas estão a pôr em causa todo o desporto de formação. Desde a dança às artes marciais, a Covid-19 veio dar o apito final na prática desportiva dos mais jovens.
O outrora movimentado salão da Junta de Freguesia de Alvarenga encontra-se vazio. Resta-lhe o silêncio que ecoa pelo espaço onde, há três anos, dezenas de crianças e jovens da escola de dança Cool Dance ensaiam e preparam as suas apresentações ao público.
Coreografias, apresentações, ensaios e até a festa comemorativa do 10.º aniversário viram canceladas devido à pandemia. Falta-lhes a folia, o nervoso dos espetáculos, a adrenalina e a emoção, mas, sem que estejam “minimamente seguros, não vou arriscar”, expressa com a voz trémula Luciana Campos, responsável pela escola e professora de dança do grupo dos pequenos e médios.
“O que mais me deixou triste foi que fizemos 10 anos, em maio, e tínhamos coisas já programadas, já íamos fazer roupas novas, já tínhamos coreografias preparadas para apresentar, porque fazemos um espetáculo especial no nosso aniversário, foi um bocadinho triste ver o dia de aniversário passado em branco. Não fizemos nada, porque eu estava sempre com aquela esperança de se não for em maio pode ser que seja em junho, pode ser que seja em julho e vamos fazer uma festa, pode não ser uma festa enorme, mas fazemos uma festa no exterior, dançamos só para os pais. Sempre tive a esperança de podermos comemorar e nunca foi possível comemorar os 10 anos”, lamenta a professora.

Sendo a dança uma modalidade de toque, de sentimento e de entrega, todas as coreografias teriam de ser reformuladas assim que regressassem à atividade. “Coreografias ficaram canceladas, já estava a reformular todas, porque tínhamos coreografias com contacto, onde davam as mãos, onde se tocavam, dinamizavam-se entre eles. Já estava a mudar passos, a mudar ideias, a ver novas coreografias onde não houvesse contacto. Claro que isto é uma nova realidade para todos nós, que todos temos de nos habituar a ela, mas é triste, porque nesta atividade é muito o que nós sentimos, as nossas emoções, a nossa maneira de estar e de ser, a nossa criatividade e ter que mudar isso tudo em prol de algo é muito complicado”, manifesta.
A professora explica que nunca quis “arriscar nada” e, por isso, não começaram a atividade. “Tenho medo por mim e por eles. Tenho mais receio é pelos mais novos, porque é impossível não brincarem. E como é que vou proibir isso? É possível, mas é complicado”, conta a responsável, acrescentando que “eu própria, só de falar nisto, fico com um nó na garganta. O chegar aqui e ter que os ver de rosto tapado, o não lhes poder tocar, é muito difícil”.
Em reunião com os pais, Luciana Campos já tinha preparado algumas medidas para o regresso, que aconteceria em outubro. “Tínhamos novas regras, porque aqui sempre foi um espaço em que os pais podiam entrar, podiam ver os filhos a ensaiar, podiam conviver entre eles também e, claro, a partir dessa altura decidimos que os pais não podiam entrar, só para pagamento da mensalidade, se quisessem falar comigo tinham que me chamar lá fora, sempre de máscara, sempre com a higienização”, refere.
A falta de ensaios e de atividades também já levou à desistência de alguns alunos. “Mesmo na quarentena, quando eu pedia para eles me mandarem vídeos, eram muito poucos os que o faziam, porque eu acho que eles próprios relaxaram, desmotivaram, mas também tenho alguns que estão sempre a mandar-me mensagem a perguntar quando é que vamos começar”, comenta a professora.

Ainda assim, na Cool Dance permanecem as boas recordações e memórias guardadas por cada um dos alunos, sempre com “aquela esperança que um dia possamos voltar a estar juntos”, termina.
Confusão e incerteza pairam sobre o futebol
É sábado de manhã e, se de um ano normal se tratasse, as instalações da Associação Recreativa e Desportiva de Macieira (ARD Macieira) estariam num rebuliço. Agora, são apenas bancadas vazias e o relvado já não tem as marcas dos atletas mais novos.
A confusão e a incerteza ainda pairam no futebol de formação que, pós-confinamento geral, não sabem com o que contar. Ainda assim, “temos os treinadores das equipas em contacto permanente com os atletas, até porque não nos importa só o facto de saber se eles estão ansiosos para vir treinar, importa-nos também saber se eles estão bem e se não há nada de maior a acontecer com eles e suas famílias”, refere Nuno Magalhães, presidente da ARD Macieira.

“No início estávamos a treinar na mesma, quando a situação não estava tão complicada. Decidimos, logo que fosse possível, retomar os treinos, mas, com o passar do tempo, e também o facto de a associação não nos dar datas de início das competições, nós decidimos que o melhor mesmo seria suspender as atividades porque não se justificava”, relata.
A associação decidiu não inscrever nenhum atleta até que as entidades responsáveis tomassem uma decisão definitiva. “Decidimos não inscrever ninguém, temos indicação que a começar só no mês de janeiro e para nós não era ético cobrar aos pais mensalidades, valores de exames médicos e de inscrições se não há competição”, comenta.
Os esforços para arrancar estão a ser feitos, mas “temos que ter a noção de que perante o panorama atual e, estando todos a sofrer com isto, termos os miúdos a treinar e a competir, sendo eles o maior foco de transmissão, uma vez que a maior parte é assintomática, torna-se complicado e nesse aspeto preferimos jogar pelo seguro, sabendo das dificuldades e das consequências preferimos não arriscar e não inscrever qualquer atleta na Associação de Futebol do Porto. Temos as equipas inscritas nos campeonatos, mas sem qualquer atleta”, garante.

A ARD Macieira é composta por uma equipa de benjamins, com atletas dos 7 aos 11 anos, uma de infantis, com 12 e 13 anos, uma de iniciados, com 14 e 15 anos, e, ainda, os juniores, com 17 e 18 anos. Nos últimos anos, mesmo antes da pandemia provocada pela Covid-19, que têm vindo a ter uma quebra significativa dos atletas e, este ano, “voltaríamos a sofrê-la”, lamenta o presidente. “É negativo, porque, obviamente, não nos deixa competir com todos os escalões de formação, mas, por outro lado, também é positivo, porque sabemos que o facto de haver essa quebra significa que os atletas estão a ir para patamares maiores e temos conhecimento de atletas que saem daqui para clubes com outra dimensão e isso também era importante para nós e é para isso que trabalhamos, para desenvolver o atleta e projetá-lo para desafios maiores. Neste espaço de dois, três anos, tivemos cerca de 20/30 atletas que saíram daqui para clubes como o Penafiel, Freamunde, Paços de Ferreira, a disputar campeonatos nacionais de juniores, juvenis, e é satisfatório para nós”, revela.
Clubes em risco de extinção
Também a bola deixou de rodar no pavilhão do Centro Cultural Desportivo da Ordem (CCD da Ordem) para os mais jovens. Parados desde março, todos os escalões das camadas de formação de futsal, masculinos e femininos, vivem um clima de “frustração, revolta, ansiedade e exaustão”, causada pela “incerteza e confusão na tomada de decisões” e por estarem privados de fazer aquilo que mais gostam.
Os mais novos do CCD da Ordem reiniciaram os treinos individualizados, com exames médicos, inscrições e filiações preparados para a nova época, mas, com o aumento exponencial de casos de covid-19, voltaram a ser cancelados. “Por uma questão de risco e porque os pais também têm medo que os filhos venham e, para nós, até é melhor não correr esse risco, porque se tivermos um infetado isto fecha e temos os seniores que precisam de competir”, explica Jorge Furtado, presidente do CCD da Ordem.

Para Jorge Furtado, o “desporto nas crianças e jovens é essencial para a saúde física e mental, quer para o seu crescimento em altura, quer para que possam desenvolver determinadas competências e aprendizagens, e até no reforço da capacidade dos jovens em comunicarem e relacionarem-se. A competição coloca-os à prova na sua capacidade de superação, na sua capacidade de controlar momentos de pressão e na capacidade de resistir à dor” e, com esta longa paragem nos treinos e competições, “corremos o risco enorme de desistirem muitos atletas”.
Num desporto em que impera o contacto físico, na disputa de bola, no festejo de um golo, torna-se “impensável” controlar que as crianças não o façam. “Para nós é confortável, em termos de saúde pública, estarmos nesta situação. Agora, se nos pusermos no lado dos miúdos, é uma montanha russa. Hoje pode-se, amanhã já não se pode, depois há uma série de questões que tem que se resolver. Chegam de máscara, é medida a temperatura, mas mal chegam lá dentro misturam-se todos e não há controlo possível”, comenta o presidente.
“Não sei o que vai acontecer. Temos algum acompanhamento em termos médicos e temos auscultado algumas pessoas relacionadas com o desenvolvimento escolar, porque também temos parcerias com as escolas, e não temos dúvidas que isto vai ser brutal para os miúdos. Não tenho dúvidas de que, em breve, ou médio prazo, as repercussões mentais e físicas vão refletir-se, porque a formação desportiva feita por pessoas capazes e instruídas para o efeito é fundamental no desenvolvimento”, manifesta.
O presidente acredita, ainda, que muitos dos atletas vão acabar por “entregar-se ao ócio” com esta descoberta das novas tecnologias, “não tenho dúvidas que muitos deles vão deixar de aparecer, vão fazer outras coisas. Isto é um ritmo que se cria, é um vício que se instala e depois faz-lhes falta virem treinar duas vezes por semana, tudo isto cria-lhes aqui competências e responsabilidades”.

Para além dos atletas, Jorge Furtado não deixa de manifestar a sua preocupação com a sustentabilidade dos clubes e das federações que podem mesmo correr “risco de extinção”. “Os patrocínios, donativos e mecenato são inexistentes ou ínfimos, porque a visibilidade para estes é inexistente”, relata, manifestando que não há qualquer apoio das Entidades Estatais e que o desporto tem tido um tratamento “injusto, desigual e até inexistente”.
A quebra de receitas foi significativa, mas os custos são os mesmos. “As inscrições, seguros desportivos, exames médicos, policiamento obrigatório, deslocações, multas, água, luz, gaz, manutenção, limpeza e desinfeção”, enuncia.
Entregues a si próprios, “não temos nada a que nos agarrar, não temos sustentabilidade. Se isto continuar a durar muito mais tempo, não me parece que seja viável e vão desaparecer, garantidamente, clubes, associações, federações, vai muita coisa desaparecer e, só não desaparecerá, se o Estado olhar para este desporto amador como olha para o turismo, como olha para a restauração, e mesmo assim não é suficiente”, termina, lamentando que “não há uma palavra de incentivo, não há nada, estamos entregues à nossa sorte”.
Ginástica treina com novo acessório
Para entrar no Pavilhão da Escola Básica e Secundária Dr. Mário Fonseca, em Nogueira, há regras a cumprir. Para além do “maillot”, o fato usado pelas ginastas, agora também usam a máscara como equipamento e o gel desinfetante é obrigatório. À porta do ginásio, ficam os sapatos que levam da rua e os pais, que anteriormente podiam assistir ao treino.
Agora com novas formas de treinar, as ginastas têm que, obrigatoriamente, a cada 30 minutos de treino realizar a desinfeção das mãos. Regressaram aos treinos em junho, depois de quatro meses a praticarem ginástica online, mas, não voltaram todos os atletas.
À entrada do ginásio podem encontrar-se as regras de utilização
“Este ano, alguns alunos não chegaram a inscrever-se e, mesmo os que temos inscritos, alguns deles estão em confinamento, não porque tenham a doença, mas porque estiveram em contacto com alguém, por exemplo. E acabam por não vir à ginástica, é logo das primeiras coisas que é cortada. Por outro lado, temos muitos pais que têm medo, os meninos vão à escola, mas vão logo para casa e deixam de fazer desporto. Presumo que será a nível geral”, explica Paula Oliveira, Diretora e Coordenadora Técnica da Academia de Ginástica de Lousada.
O receio dos pais é o principal motivo para a quebra de atletas que se sentiu este ano por todas as modalidades, no entanto, a diretora garante que é seguro praticar desporto. “Penso que, tal como as escolas, os ginásios são os locais onde há maior cuidado, o problema prende-se é fora das escolas, fora dos ginásios, porque aqui temos todas as regras de higiene, mas claro que todo o cuidado é pouco”, afirma.

O novo acessório, a máscara, que podia ser um constrangimento, já faz parte do dia a dia das ginastas de Lousada. Uma vez que são classes de formação e não classes de alta performance, a diretora da academia acredita que “não tem efeito nenhum no treino”. Sempre que tenham algum sentimento de dificuldade respiratória dirigem-se ao exterior do espaço onde possam estar mais confortáveis.
“Caso tenham aquela ansiedade em respirar vão lá fora, tiram a máscara, respiram fundo e quando entram no recinto colocam novamente a máscara”, esclarece, considerando que “isto vai tudo do hábito, depois já não sentimos, eu própria esqueço-me que tenho máscara. De acordo com os estudos que temos lido, dizem-nos que a máscara não prejudica a saúde e podemos fazer atividade física.”
De acordo com a coordenadora técnica, as ginastas, entre os 5 e os 15 anos, têm tido uma boa adaptação às novas medidas. “Elas, mais fácil que nós adultos, adaptaram-se muito bem. Nos primeiros tempos estavam sempre a ir com a mão à máscara, porque era uma novidade, mas depois adaptaram-se. Acho que ninguém se apercebe que está com a máscara”, comenta.
E também no setor financeiro têm feito uma grande ginástica. “Já numa época em que tínhamos abundância de ginastas era difícil. Todo o dinheiro que entra das mensalidades é para pagar a treinadores e comprar novos materiais. Com este decréscimo do número de atletas as contas são à rasca. Só se consegue ter o clube em pé pelo bom senso de toda a gente, porque os treinadores compreendem e também não estamos a pagar os ordenados devidos. Se isto continuar assim, não sei se vamos conseguir aguentar a manutenção da modalidade, porque nesse campo financeiro está a ser muito difícil. Também em termos de progressão da modalidade precisamos de um outro espaço”, lamenta.
O Campeonato Distrital de Ginástica Artística não se realizou, mas as ginastas continuam a treinar. “Temos muitos aparelhos, é preciso fazer a higienização em cada um ao fim da rotação de todas os ginastas e são provas em que participam 300 atletas, não pode ser. Em cada aparelho só podemos ter três ginastas. A Federação Portuguesa de Ginástica está a cancelar todos as provas e a experimentar as provas online”, termina.

Golpes de campeões para ultrapassarem dificuldades
A retomar os treinos a conta-gotas estão também os atletas da Academia Daitoshin, que praticam uma arte marcial japonesa. São 18:30 horas e vão chegando aos poucos, como manda o mestre. Chegam equipados de casa, para evitar o uso dos balneários, entram um de cada vez, com distância entre si, medem a temperatura, desinfetam as mãos e trocam de sapatos para se poderem dirigir à área do treino.
Com ou sem máscara, até porque o espaço é amplo e arejado, “até demais”, brinca o mestre Perdigão, responsável pela academia, colocam-se a postos para o começo do treino. Evitam o contacto e dão prioridade às formas de treino mais individuais.

No decorrer dos 25 anos de trabalho, já formaram muitos campeões e mestres de cinturão negro. Tanto os infantis como os seniores, incluindo feminino e masculino, reiniciaram os treinos em junho. “Desde que começamos subdividiu-se as classes para dar melhores condições de trabalho às pessoas, mas, mesmo assim, com a divisão trabalha-se muito mais e tem-se muito menos pessoas. Neste último mês, sentiu-se novamente uma grande queda dos sócios, dos atletas e das crianças”, lamenta o mestre Paulo Perdigão, que também é o representante oficial da arte marcial Kyokushin, que faz da Academia Daitoshin a sede nacional.
Neste momento, estão reduzidos a 25% dos atletas e, explica o mestre, “foi demasiado violento. Em março tivemos mesmo que estar fechados, trabalhamos no online, mas a adesão foi só de 50%, porque estavam habituados à atividade física, ao aspeto emocional, e transmitir uma modalidade como esta online perde-se um bocado o valor e a vontade de praticar”.
Com o espírito de perseverança e continuidade que a arte marcial lhes incute, a associação acredita que “haverá um futuro melhor, e que seja próximo. Se for um próximo muito alargado não sei se a associação se vai aguentar”, comenta.

“Eu sou o Diretor Técnico desta associação e vivo disto”, conta Paulo Perdigão, ou seja, além de todos os encargos ainda há a necessidade de um “salário para os executivos da associação, o mínimo para poder sobreviver”.
A mudança dos ritmos de trabalho levou a que as crianças e jovens se transformassem. “Tem sido bastante difícil, obrigou-nos a criar novas formas de trabalhar um bocadinho precoces, para criar novos sistemas. E esta geração é uma geração do audiovisual, já há uma grande tendência para haver uma certa apatia física e, quando chegaram da pandemia, havia um analfabetismo motor. Quem estuda os problemas socioculturais sabe que é preocupante para a sociedade futura”, alerta.
“Está-me a assustar um bocadinho, a mim e às entidades nacionais e internacionais, que lidam com esta situação do desporto, porque as camadas mais jovens precisam da atividade física, que é extremamente importante para o desenvolvimento, e estamos preocupados”, acrescenta.
Ficaram mais tímidos, mais lentos e com problemas graves que poderá pagar-se no futuro. “As sociedades mais desenvolvidas sabem o peso que o desporto tem no desenvolvimento, o saber ganhar, o saber perder, o saber trabalhar em equipa e isso é extremamente importante e houve uma grande perda”, comenta o mestre.

Aproveitando o lado filosófico que as artes marciais têm, é por aí que têm trabalhado nestes últimos tempos de adaptação. “Há uma filosofia que acompanha o desenvolvimento físico do atleta e exploramos essa temática. Temos atividades com os atletas em que praticamos mais o pensamento, o raciocínio, estamos sentados a falar de temas interessantes, sobretudo, descobrindo o próprio corpo através de palavras”, explica.
“Há uma outra parte das artes marciais, as formas, que se parecem com uma dança, e essas formas exigem uma grande entrega física no sentido do aperfeiçoamento. É por aí que as artes marciais tradicionais estão a explorar. A componente de competição, o chocar e bater, isso era necessário mais toque e mais aproximação, mas, como está parada, tanto a nível nacional, como internacional, fomos buscar a outra fatia que já existia, mas que não utilizávamos tanto, porque éramos mais vocacionados para formar campeões”, conta.
E é através destas novas formas que as academias, escolas e associações se foram reinventando a cada dia. Com receios e com dificuldades, mas também com esperança de voltarem, brevemente, e que, esta paragem, não prejudique o rendimento físico e psicológico de cada um dos atletas.