Carolina Oliveira é estudante na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e, atualmente, frequenta o programa ERASMUS em Haren, Aachen, na Alemanha. Ao entrar na faculdade, a aluna do Curso de Engenharia Metalúrgica e Materiais, sempre sonhou com a possibilidade de participar no programa de estudos internacionais.
Dentro de uma série de escolhas e oportunidades, Carolina viu na Alemanha “um sítio que tivesse uma faculdade com um programa diferente do que eu estou a ter na FEUP, para também diversificar um bocadinho mais a formação e para já estou muito contente com a opção”.
Em plena pandemia mundial, a jovem não quis perder a oportunidade e, ainda assim, arriscou. “Foi um verdadeiro desafio. Aqui não há residências para estudantes com lugares disponíveis, porque são tantos os estudantes estrangeiros a necessitar de alojamento que as residências já atingiram um ponto de saturação, por isso foi muito difícil. Não vim sozinha, vim com dois amigos e tentámos ao máximo ficar os três juntos, não foi possível”, explica.
“Enquanto que aí, neste semestre, eu ainda poderia ir à faculdade ter as aulas práticas, aqui nós temos tudo à distância.”
A jovem deparou-se com diversos constrangimentos. “Enquanto que aí, neste semestre, eu ainda poderia ir à faculdade ter as aulas práticas, aqui nós temos tudo à distância. Pelo que vi, desde o início da pandemia, em março, eles definiram que o ensino seria à distância, mesmo a componente prática. Temos uns vídeos, uns tutoriais de como devemos fazer em determinada situação”, conta.
Para Carolina, “não é igual ter aulas presencialmente ou sermos nós a fazermos as coisas, mas é a nossa nova realidade. Depois, quanto à nossa vida mais pessoal, tudo relacionado com restauração, cafés, bares ou até mesmo os hotéis, desde dia um de novembro que fechou tudo, restaurantes é só mesmo em regime de takeaway, portanto, para evitar mesmo convívios e uma parte social que geralmente é característica de estudantes em Erasmus, não está a acontecer”.
Com todas as restrições, Carolina e os amigos definiram os dias livres para viajar e conhecer o país. “Como nós agora não podemos ficar em hotéis para fins turísticos, tem que ser tudo viagens de ir de manhã e regressar à noite, por isso, já conhecemos um bocadinho do Estado Norte, as cidades principais de aqui nós já conhecemos, agora apesar de aqui na Alemanha estarem a aliviar muito as restrições vamos com todas as precauções visitar algumas cidades da Bélgica, da Holanda, revisitar algumas para tentar aproveitar ao máximo esta situação”, confirma.
A escolha da universidade
A jovem escolhe RWTH, como denominam a universidade, “porque também era uma das universidades que a FEUP tinha um acordo, por isso, facilitou bastante. Também porque estive a ver alguns rankings e a posição desta faculdade é bastante agradável, é um desafio, mas estamos aqui para isso”, assevera.
Sendo uma mulher de desafios, sempre soube que a sua escolha passaria pela Engenharia. “Primeiro escolhi a faculdade e, na altura, tive de tomar a decisão, mas a FEUP sempre foi a minha primeira e única opção na verdade”, assegura.
No futuro, quando acabar o curso, em princípio em 2022, sente que irá terminar num “ano de crise, por isso, espero que a Engenheira Carolina agarre qualquer oportunidade que apareça e que dê para exercer, porque acho que, ao fim de 5 anos intensivos, é o melhor que nos pode acontecer. Não sei porque ainda não passei por aí, mas é ter uma oportunidade, por isso ainda não sei. Também não consigo dizer se gostava de ficar em Portugal ou não, porque em Portugal claro que há aquela raiz que nos puxa a ficar pertinho da família”.
Ao mesmo tempo, a “Carolina que gosta de sair da zona de conforto”, diz-lhe que vá para o outro sítio.
Estar longe da família
A despedida de Portugal, ao contrário do que imaginava, foi muito difícil. “Nem é um normal meu, não sou muito apegada a casa, sou às pessoas, mas a casa nem por isso. Fiquei muito dependente do meu espaço, das minhas pessoas e eu não estava à espera disso, mas também foi potenciado de certa forma pelo covid e pela incerteza de, como é que eu vou aqui matar as saudades, será que vou conseguir ir a Portugal. Foi um bocadinho essa incerteza que me complicou”, recorda.
Espera visitar Lousada no Natal, mas os voos têm sido cancelados, mas mantêm-se positiva, afirmando que “há sempre uma solução para ir a casa no natal, porque tudo se resolve”.
De Lousada, faltam-lhe as caras conhecidas, os sorrisos e as ruas habituais. “O andar na rua e reconhecer as caras, reconhecer as pessoas. Em Lousada, apesar de nós sermos muitos, continuámos a ser pouquinhos, continuámos a conseguir conhecer as pessoas e ver caras familiares. Apesar de estudar no Porto, todos os dias regresso a Lousada, todos os dias eu volto à terra, e agora é um bocadinho diferente”, recorda com nostalgia.
“Tem de haver a predisposição para sair da zona de conforto. Pode ser desconfortável, no início, mas depois acaba por compensar. Até porque nós sentimos que superamos mais uma fase, que conseguimos enfrentar outra etapa, que conseguimos superar-nos a nós próprios.”
Aos jovens, deixa uma mensagem de coragem e força para sair da zona de conforto. “Tem de haver a predisposição para sair da zona de conforto. Pode ser desconfortável, no início, mas depois acaba por compensar. Até porque nós sentimos que superamos mais uma fase, que conseguimos enfrentar outra etapa, que conseguimos superar-nos a nós próprios. Por isso, acho que todas as pessoas, tendo a possibilidade e a oportunidade de fazer mobilidade de estudar qualquer coisa, eu aconselho a fazerem, porque estou a fazer numa altura de pandemia e, apesar de tudo, não está a ser a pior das coisas, estou a gostar. Sem pandemia deve ser muito melhor, portanto, arrisquem”, sugere.
Para além da experiência, Carolina está a aproveitar para conhecer e descobrir mais sobre si própria, “mais desenrascada, uma Carolina com mais responsabilidades, no sentido de organização pessoal. Aqui tenho de fazer mais coisas que em casa nunca faria, por isso, estou a superar-me e acho que sim, estou a mudar”, considera.