Um ano de pandemia! O que mudou? Muitas realidades!
Desapareceram conhecidos, amigos e familiares, direta ou indiretamente devido a este episódio inesperado e transcendental. Quando o país caminhava com passos lentos, mas seguros para algum equilíbrio económico e financeiro, surge um fator completamente fora do nosso alcance e controle. Temos mais cidadãos desesperados por não ter emprego, outros por não conseguirem abrir os seus espaços de trabalho, outros por não terem assistência médica que necessitam, outros por não conseguirem continuar ajudar os filhos, outros por não terem esperança.
Acreditamos que as vacinas venham dar luz ao nosso futuro, mas o verdadeiro balanço de todos estes meses, apenas será contabilizado lá mais para a frente. Provavelmente com resultados sociológicos gravosos, que levarão bastantes anos a ultrapassar.
Este mês também tem um significado importante para a igualdade de género. Todos os meses têm! Pois esta luta pela equidade de género na sociedade (por vezes desumana) deve ser constante e resiliente. Convém recordar, que está inscrito pela Organização das Nações Unidas (ONU): “Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas, em toda parte. Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos. Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública. Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos económicos, bem como o acesso à propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais”. Não será por acaso, que a ONU, em setembro de 2015, definiu um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre os quais está o número 5, que visa alcançar a igualdade de género, colocando termo a todas as formas de discriminação, violência e quaisquer práticas prejudiciais contra mulheres e raparigas nas esferas pública e privada. Apela igualmente à plena participação das mulheres e à igualdade de oportunidades para a liderança a todos os níveis da tomada de decisões políticas e económicas.
Tudo isto sente-se, que é uma luta constante e permanente para a qual devemos contribuir. Corremos o risco de nos envergonhar, enquanto cidadãos de plenos direitos. Só o facto de ainda ter de se escrever e preconizar é sinal que há muito a construir neste sentido e em muitas partes do mundo. O Louzadense pretende, de uma forma singela, simbólica, mas efetiva, contribuir para esta construção de igualdade, alvitrada por muitos, mas concretizada por poucos. Assim, temos uma edição onde se releva a condição feminina, não deixando de relembrar a violência que ainda é alvo.
A nossa “Grande Louzadense” é Teresa Valiñas. Professora bem conhecida no concelho, foi durante muitos anos delegada escolar (responsável pela coordenação das escolas do 1º ciclo), bem como figura ativa na sociedade lousadense. Personalidade discreta, diligente, de trato fácil e empático, marca uma geração de mulheres que tiveram de se impor a uma sociedade machista e arcaica.
No “Louzadenses com Alma” recordamos Maria Emília Coelho Alves, da freguesia de Sousela. Mulher destemida e determinada, viu-se viúva com trinta e cinco anos e seis filhos para criar. Dedicou-se ao comércio de calçado, tendo para isso que percorrer a pé com um saco na cabeça e outro no braço, desde Moreira (Lousada) até Sobrosa (Paredes). Mais uma figura feminina lousadense relevante pela tenacidade e arrojo.
O LouzaRock continua com a sua segunda homenagem ao rock lousadense, desta vez com a banda “Kriptons”, formada por Paulo Natalino Barros, Alfredo Campos Alves, Augusto Freire, Rui Magalhães e Francisco Fernandes.
Edição dedicada fundamentalmente à Mulher, abordando também a vertente da violência de que são alvo e que nos devia envergonhar, enquanto sociedade do século XXI.
Desejamos prosseguir a nossa missão de proporcionar aos nossos leitores uma outra perspetiva da nossa comunidade.
Boa leitura!