Por Daniel Couto e Miguel Rocha
Daniel Couto, 27 anos e natural de Lousada. Licenciado em Design Industrial pela Universidade da Beira Interior e foi também nessa instituição que se tornou mestre na mesma área.
Uma opinião sobre design, indústria e produto na região do Vale do Sousa. O design, na vertente industrial é para mim das categorias que mais me fascina. Em toda a abrangência que o design tem na sociedade, desde o gráfico, digital, multimédia, o industrial é o que mais áreas abrange.
Vejamos: Neste ramo, e tal como é lecionado, adquirimos formação nas áreas do desenho, geometria, matemática, química e física. Design Industrial por ter a sua principal ligação com a indústria, tem por base o desenho e a engenharia.
É por aqui, que no meu ponto de vista, partilho a minha opinião sobre este tema, que em particular o justifico com a existência (ou falta) de profissionais e ideologias no nosso concelho e região.
Um designer, é um profissional que desenvolve novas ideias. Mas será que isso é aplicável nas nossas empresas? O designer, é alguém que procura soluções. Mas será que os deixam procurar? O designer industrial, é nada mais nada menos, que uma peça fundamental para o desenvolvimento de uma empresa, na produção, na logística, nas ideias, nos conhecimentos técnicos e teóricos. Mas creio que ninguém, ou quase ninguém acredita no designer.
Na nossa região, tal como muitas pelo país fora, desenvolveram ao longo dos anos inúmeras indústrias, como exemplo disso o têxtil, calçado e mobiliário. Sabemos, que talvez mais de 80% dessas indústrias usam um método muito tradicional no que respeita a conceito e produção. É neste ponto que o designer industrial é fundamental.
O Miguel Rocha, 24 anos e natural do Fundão, é igualmente licenciado e mestre em Design Industrial. Partilhamos juntos o mesmo curso, na mesma turma e muitas vezes as mesmas ideias. O destino, trouxe-o até Lousada e Paços de Ferreira.
Para ele, é assertivo afirmar que a região onde nos encontramos desempenha um papel fundamental na economia regional e, consequentemente, nacional.
No entanto, o desenvolvimento focado apenas na capacidade produtiva não é 100% benéfico. Dando primazia a respostas que geram lucro, a vertente criativa fica à deriva.
É nesta realidade que se insere o designer. Dotado de conhecimentos que permitem estudar o mercado e, conjugando com o ethos da empresa, colocá-la num lugar de destaque ao apresentar produtos de excelência ideológica e formal, na maioria dos casos é visto como um técnico de transição entre o desejo do cliente e a produção do mesmo. Sem denegrir a função referida anteriormente visto também ela ser essencial no processo fabril, porém, restringe quase totalmente a imaginação e a liberdade de criar.
É hora de assumir a posição de destaque que tem a região e afirmá-la como sendo também um centro cultural, e não apenas produtivo.