Opinião de Pedro Amaral
Depois de quase um mês a ser dilapidado no parlamento e na imprensa, o maior Governo de sempre, finalmente apresentou aquilo que os partidos da oposição tanto exigiam. Um plano onde se programasse com objectividade e clareza a forma como se faria a retoma da possível normalidade, agora que os indicadores de saúde pública parecem mostrar uma tendência de maior controlo epidémico.
E ao fim e ao cabo, tanto criticamos a planificação socialista e afinal a demora era justificada. Aparentemente, um plano de desconfinamento qualquer um faz, mas um plano de “reabertura programada” só mesmo um executivo com o gabarito do de António Costa é que consegue apresentar. Para quem pensava que ao governo não lhe interessava a preparação do desconfinamento, afinal enganamo-nos, estavam mesmo era a planear que novo nome dar ao plano.
Ainda bem que o Sr. Presidente da República já tinha programadas para essa semana as viagens à Santa Sé e a Espanha. Valeu-lhe a desculpa perfeita para não ter que comentar a aparente falta de sintonia com o Governo relativamente à retoma antes ou depois da Páscoa. Talvez Felipe VI lhe possa dar umas dicas de como lidar com um país em pantanas.
Mas particularismos linguístico-partidários de parte, importa, sobretudo, consciencializarmo-nos que apesar do período actual nos parecer sobranceiramente melhor que o caos vivido com dezenas de ambulâncias à porta dos hospitais, isso não quer dizer que tenhamos ganho a guerra contra o vírus. A Covid-19 pelas suas características biológicas, requer esforço redobrado da ciência, mas também da sociedade, na procura pela imunidade de grupo. A vida continua, tem que continuar, não só a bem da economia, mas também de todo o tecido social que sofre com uma distância imposta e anti natura, no entanto, convém não esquecer onde estávamos há escassas semanas.
Só essa lúcida consciência do passado recente pode garantir que não repetimos os mesmos erros novamente. Recuperando as palavras de Margareth Thatcher, “podemos ter que lutar uma batalha mais que uma vez para vencer”. Espero que estejamos próximos de vencer a derradeira batalha na busca pela imunidade de grupo e pela normalidade, a bem da economia e da nossa sanidade mental.
Até porque, assente a poeira após estas “batalhas” se verá, tal como Churchill em 1945, se também o socialismo em Portugal provará o sabor da desilusão do “pós-guerra”. Veremos.
Numa pequena nota de rodapé, denoto com espanto o facto de idosos do centro urbano de Lousada (contactados para inoculação contra a Covid-19), terem sido encaminhados para a unidade de saúde familiar de Meinedo. E mais irrisório ainda, que idosos residentes em Meinedo tenham sido direccionados para vacinação no centro da Vila. No início achei que se tratassem de problemas nos acessos para fornecimento ou, eventualmente, falta de meios…. Depois pensei que fosse uma forma de incentivar os idosos a passear. Rapidamente percebi que não, que era só uma tremenda confusão. Fica a dúvida (que, infelizmente, não creio vá chegar aos ouvidos do vice-almirante Gouveia e Melo).
Pedro Amaral escreve segundo antiga ortografia
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