A autarquia promoveu o projeto “Lousada Educa +”, cujo objetivo passa por estimular e apoiar projetos escolares, no sentido de difundir uma cultura de excelência educativa, valorizando o saber, a investigação, a divulgação, a solidariedade e a participação cívica, enquanto elementos no desenvolvimento pessoal e comunitário.
A entrega dos prémios teve lugar na Escola Básica e Secundária Dr. Mário Fonseca, no passado dia 8 de abril. O 1.º classificado, que recebe mil euros, é “Tudo incluído ou meia inclusão”, da Escola Secundária, seguindo-se o “CEMA (Ciências em Movimento no Agrupamento) ”, do Agrupamento de Escolas de Lousada, com um prémio monetário de 750 euros.
O 3.º lugar é atribuído a “Saúde – um gabinete, muitas competências!”, EB/S Dr. Mário Fonseca – Curso Técnico de Auxiliar de Saúde, com um prémio de 500 euros. Foi ainda entregue uma menção honrosa ao projeto “PES na Escola e em Casa”, do Agrupamento de Escolas Lousada Oeste.
O Presidente da Câmara, Pedro Machado, começou por destacar que “esta é uma iniciativa do Município, que pretende promover a capacidade de iniciativa dos alunos, quer seja a nível individual, quer seja em grupo, contando com o envolvimento dos docentes e da direção dos agrupamentos”.
Para o Presidente da autarquia “o Lousada Educa + assume-se como um incentivo destinado à comunidade educativa, nomeadamente os mais novos, para que esta possa despertar o espirito crítico e a capacidade de investigação, aprendendo sempre mais”.
Pedro Machado enfatizou também que “Lousada tem desenvolvido muitos projetos na área da educação com sucesso. Por isso são vários os municípios que compõem a CIM Tâmega e Sousa a implementar projetos que Lousada dinamizou com êxito. Pensamos que é por esta via que se pode fazer a diferença para o futuro, permitindo que haja uma qualificação das crianças e jovens, de modo a melhorar os níveis de desenvolvimento do concelho”.
Estes prémios destinam-se a reconhecer o grupo/escola que desenvolveram o projeto bem como os estabelecimentos de ensino sediados no município – privados e públicos. Os projetos podem ser desenvolvidos em qualquer um dos ciclos de ensino (do pré-escolar ao ensino secundário) e devem ser desenvolvidos no ano letivo anterior.
Estiveram a concurso oito projetos dos vários ciclos de ensino, tendo-se destacado os três que obtiveram maior pontuação por parte do júri, que para além de representantes do Município contou com a participação da Comunidade Intermunicipal Tâmega e Sousa, representada pelo Primeiro-Secretário, Telmo Pinto, e do Politécnico do Porto – Escola Superior de Tecnologia e Gestão, como instituição de ensino superior da região, representada pela Presidente, Dorabela Gamboa.
Foram tidos em consideração cinco critérios de avaliação como a adequação da proposta à estratégia de desenvolvimento municipal, potencial de multiplicação, originalidade e caráter inovador, impacto na comunidade a que se destina e qualidade da redação e da apresentação da proposta.
Para Lurdes Madureira, professora de Educação Especial e coordenadora do projeto vencedor, receber este prémio significa “ter sido reconhecido, entre os demais e, premiado com um valor monetário de mil euros, valor este, que vai ser muito útil para equipar a sala, de material pedagógico adaptado às muitas necessidades”.
A docente diz ainda que “foi um momento de profundo sentimento de felicidade, de gratidão e sobretudo de esperança. Porque é a prova de que, quando nos dedicamos a algo, de corpo e alma, verdadeiramente focados em melhorar algo, envolvendo os demais, num espírito de equipa e de partilha, o resultado só pode ser positivo”.
Tudo Incluído ou Meia Inclusão.
De acordo com Lurdes Madureira, “este projeto surgiu como uma consequência natural de quem trabalha na área de Educação Especial, por verdadeira paixão ao tema da Inclusão e, na realidade, todo ele foi inspirado nos nossos alunos: Marco, Bruno, Cláudia e mais especificamente, na Bruna, uma jovem que havia chegado recentemente à nossa escola, a qual tem uma incapacidade de cerca de 94%, portanto, logo à partida o tipo de jovem que “não encaixaria nessa caixinha” que a sociedade parece ter definido como ‘a suposta normalidade’”.
Seguem-se algumas das ideias que estiveram na base e desenvolvimento do projeto, pela mão de Lurdes Madureira. Se no caso do Marco, do Bruno e da Cláudia, a sua integração nas suas turmas foi um processo fácil, estando devidamente integrados com os colegas que desde o início demonstraram saber, na prática, o significado de “se ser inclusivo”, no caso da Bruna, talvez pelo facto de necessitar de uma cadeira de rodas para se deslocar, a sua aceitação ao olhar do outro, não foi imediata.
Foi então no decorrer de uma aula em que acompanhava a Bruna, como habitualmente, que sentiu que era o momento de “sacudir o preconceito”. “Foi uma espécie de ‘terapia de choque’ em que posicionei a Bruna em frente aos seus colegas e lhes expliquei exatamente o motivo pelo qual esta colega de turma, se deslocava numa cadeira de rodas e o quão teriam a aprender com a mesma, se deixassem de lado o preconceito e olhassem para ela com os ‘olhos do coração’, tal como olhara, desde o primeiro momento, para a Bruna”, explica.
A partir daquele momento, o projeto “Tudo Incluído ou Meia Inclusão” começou a ganhar forma e “já nada, nem ninguém nos conseguiria parar”. Associaram-se a esta causa figuras relevantes do panorama nacional, como Armindo Araújo, Alex Teles, Bruno Fernandes, César Mourão, Rafael Soares, Vírgul e Diogo Piçarra.
Durante o mês em que se desenvolveu o projeto, a escola ganhou outra vida e naqueles corredores sentia-se uma nova e renovada energia, partilhada por todos. “Isto não pode ser algo que a sociedade aceite, num encolher de ombros. Temos de olhar, de uma vez por todas, para esta realidade de frente e, num espírito de equipa entre escolas, autarquias e rede de empresas, criarmos uma rede de suporte para estes jovens, que têm direito a ter um trabalho, como qualquer outro cidadão adequado às suas expectativas e, obviamente ao seu perfil de competência. Fica um sincero sentimento de gratidão a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que este projeto tenha saído da sala de aula, para a vila de Lousada”, termina.
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