Opinião de Maria Neto – nutricionista
Em tempos de pandemia o tema da alimentação ganhou destaque e interesse, por questões de ordem de saúde, de imagem corporal, face à mudança das rotinas e da dinâmica da vida. Momento este, profícuo a uma oportunidade, para melhorar os estilos de vida. Porém, para muitos acabou por facilitar o acesso à comida “rápida”, processada, a mais doces e salgados e, ao petiscar contínuo.
Assim, assume cada vez maior relevância a alimentação, ora para uns a luta pela sobrevivência, ora para outros um estilo de vida saudável e para outros ainda, o último “grito” da moda. A par, o ramo alimentar promove estudos, eventos e listas de tendências, em consonância as celebridades “dão a cara” por dietas infalíveis, os influencers lançam novas modas de comida e ainda existem blogues sobre alimentação, criando tendências alimentares.
Face ao mercado/consumidores que procuram a novidade e o diferente, urge a necessidade de lançar ou relançar produtos, premente pelo marketing, que não são necessariamente fake news, mas um processo dinâmico de realçar as qualidades do produto que se quer promover. A maioria das modas alimentares são determinadas por interesses económicos, algumas têm interesse do ponto vista da saúde e muitas ficam aquém do seu valor em termos de ganhos em saúde.
Estas dinâmicas/tendências no setor alimentar e de consumo, correlacionam-se com a atual preocupação com a sustentabilidade do planeta, despoletando alterações de paradigmas, novas tecnologias, novas formas de produção, novos alimentos e novos hábitos alimentares. Assim, dos insetos à carne celular produzida em laboratório, a agricultura responsável, o primado dos vegetais, a mesa do futuro será inegavelmente diferente.
Urge então, ter ciente que, a alimentação não é uma moda, é um direito, um saber/literacia, e, uma forma de respeitar a vida e cuidar da saúde. Para que, a alimentação saudável se torne uma tendência, é pilar a literacia, o conhecimento, a educação, acompanhada pela mudança ambiental e comportamental.