por | 17 Set, 2021 | Política

Candidatos à Câmara Municipal debateram Lousada

Temas como pandemia, transportes e mobilidade, captação de investimento, educação e formação, inclusão, saúde mental e associativismo estiveram em debate numa iniciativa do jornal O Louzadense, que juntou três dos seis candidatos à Câmara Municipal de Lousada.

Acontece, no passado dia cinco de setembro, o debate com os candidatos à autarquia de Lousada, que decorreu no Auditório da COPAGRI. Participaram na discussão Daniela Leal, candidata pelo Bloco de Esquerda (BE), Pedro Machado, atual presidente e candidato pelo Partido Socialista (PS) e Simão Ribeiro, cabeça de lista pela Coligação Acreditar Lousada (PSD/CDS).

Por questões de agenda, faltaram os restantes três candidatos, nomeadamente Mateus Laranjeira, da CDU, Susana Moreira, do Chega, e Paulo Sousa, do RIR (Reagir Incluir e Reciclar).

A pandemia abriu o debate e dividiu as opiniões entre os candidatos. Pedro Machado, o atual presidente e recandidato, afirmou estar de “consciência tranquila” e que os opositores “reconheceram o bom trabalho que a Câmara fez. Andamos sempre à frente, ao contrário do que diz Simão Ribeiro. Estivemos sempre à frente com medidas que foram pioneiras, como as equipas multidisciplinares. Fizemos sempre aquilo que achávamos que devia ser feito em função das necessidades e das possibilidades que tínhamos”.

Pedro Machado

Já Daniela Leal, candidata pelo BE, atribuiu uma nota “muito positiva” ao atual executivo na gestão da pandemia, no entanto, fez questão de relembrar “o facto de nos terem mandado para casa e muitas vezes sem se ter percebido se havia as condições necessárias para que todas as pessoas, sobretudo famílias numerosas, fizessem isolamento dentro das suas casas. Acreditamos que é importante que a Câmara possa pensar noutras opções que para dar as estas famílias em casos de isolamento”.

Por sua vez, o candidato Simão Ribeiro, da Coligação Acreditar Lousada, revelou que a oposição esteve “ao lado da Câmara Municipal em tudo o que foi necessário para combater este flagelo. Que a Câmara Municipal fez aquilo que estava ao seu alcance a partir de determinada fase, estamos de acordo, mas não podemos escamotear uma coisa que é a mais pura das realidades: a Câmara Municipal foi reativa e não foi proativa”.

Transportes e mobilidade

A primeira a intervir foi Daniela Leal, que defendeu que há “algumas desigualdades a este nível”. Em termos de oferta de transportes públicos com ligação aos transportes ferroviários, “percebemos que há um défice”, afirmou, ressalvando que “há quase uma obrigatoriedade do uso do automóvel, que só por si é altamente desigual”.

Daniela Leal

“A nossa primeira proposta seria conseguirmos criar uma rede de autocarros interfreguesias que tivesse ligação aos transportes ferroviários de Lousada como o caso do apeadeiro de Meinedo e a estação de Caíde de Rei”, esclareceu.

Simão Ribeiro concordou que “urge em Lousada acrescentar algo”, acrescentando que “dispomos de uma ferrovia, dispomos de uma centralidade invejável, dispomos de várias autoestradas”, no entanto, “aquilo que é altamente deficitário é a rede de transporte público”.

“Cidadãos que se encontram em freguesias mais periféricas do concelho têm imensas dificuldades e não têm recursos para utilizar o próprio automóvel. Estes cidadãos não dispõem de uma rede de transportes pública que seja adequada às necessidades familiares, quer às necessidades de horários laborais”, lamentou.

Na sua intervenção, Pedro Machado garantiu que ainda não está disponível a Estação Ferroviária no Centro Urbano da vila de Lousada, porém, acredita “que vamos ter e nesse momento fará sentido ter uma interface como Penafiel tem”.

“A solução que temos neste momento em construção, e em fase de conclusão, é adequada à nossa realidade. A mobilidade e os transportes são um dos pontos fortes deste programa, temos noção da importância que isto tem para os nossos concidadãos. Uma das grandes prioridades para o próximo mandato será a requalificação viária. Até agora, a prioridade foi concluirmos a rede de saneamento”, garantiu.

Desenvolvimento económico

O candidato da Coligação Acreditar Lousada inaugurou a exposição de ideias para desenvolver economicamente o concelho referindo que Lousada, dos 80 concelhos mais populosos de Portugal, “é aquele que tem um menor índice de rendimento per capita”, e, por isso, defende que “ao nível do tecido empresarial deva ser feito um levantamento exaustivo do tipo de empresas que temos, das necessidades que elas têm e procurar, juntamente com elas, lado a lado, criando polos de investigação e desenvolvimento, ajuda-las a modernizarem-se”.

Simão Ribeiro

Nesta matéria, o BE apresentou a sua proposta que passa por um “Gabinete de Inserção Profissional”, uma vez que acreditam que é “importante encontrar recursos dentro do próprio concelho”. “Estes projetos de emprego e são avançados pelo Bloco, porque é, de alguma forma, ingénuo acreditar que os desafios de procura de emprego são iguais para todas as faixas etárias e níveis de ensino. O que o Bloco defende é a criação de quatro projetos dentro do Gabinete de Inserção Profissional, nomeadamente um projeto de emprego pós-secundário, um projeto de emprego pós-universitário, um projeto de emprego jovem e um projeto de emprego para pessoas com mais de 35 anos”, alegou.

Também Pedro Machado garantiu que este é um dos pilares do seu programa, mencionando alguns projetos em desenvolvimento como “a Área de Acolhimento Empresarial de Caíde de Rei, a construção do novo mercado municipal, o Centro de Formação Profissional Tâmega e Sousa, que é uma das grandes conquistas de Lousada, a criação dos Centro de Tecnologia para o Vestuário e Design, a agência de investimento para o Tâmega e Sousa, a criação do Espaço Empresa, que vai dar apoio às iniciativas de inovação social e a Academia de Formação”.

Inclusão e Saúde Mental

No que diz respeito à inclusão e saúde mental, o Bloco pretende que Lousada seja “um exemplo” a este nível e, para isso, “propomos alguns projetos”. Assim, o objetivo do BE passa pela “criação de um projeto articulado entre a Câmara Municipal e os Centros de Saúde, com equipas de apoio psicológico especializado, que permita o acompanhamento a todas as pessoas”, referiu Daniela Leal, considerando, ainda, a “criação de uma linha de apoio à saúde mental”.

Simão Ribeiro defendeu que “ninguém pode nem deve ser discriminado em função daquilo que são as suas orientações de género”. Porém, falar de inclusão, “também nos convoca a falar de outros modelos de inclusão, que eu acho que Lousada deve evoluir. Falar de inclusão é falar na eliminação de barreiras arquitetónicas e físicas para pessoas com mobilidade reduzida, como nos serviços públicos, e um sistema de sinalização braile”, refletiu.

Também Pedro Machado considerou importante a aposta na saúde mental, refletindo que, a ser possível, “gostaríamos de contratar mais psicólogos, que são fundamentais”. Apesar disso, “se fizermos o exercício de calcular o rácio de número de psicólogos por população, ou mesmo por população escolar, seguramente que Lousada vai estar nos lugares cimeiros. Antes dos Agrupamentos de Escolas terem psicólogos nas escolas, foi a Câmara que se substituiu nesse trabalho”, revelou.

Associativismo

O último tema a ser debatido foi o atual momento do associativismo, que o candidato da Coligação Acreditar Lousada, Simão Ribeiro, considerou ter estagnado e “passa-se exatamente o mesmo que se passava há 30 anos”. O candidato afirmou que “urge dar um passo em frente, empoderar, autonomizar e tornar independente o movimento associativo o tanto mais possível daquilo que é o poder político. Considero que as associações do nosso concelho são um vetor fundamental naquilo que é a animação territorial de Lousada”.

Já o atual presidente e recandidato revelou que gostaria que o nível de apoio foi superior, mas garantiu que “temos correspondido aquilo que são as necessidades e anseios das coletividades sem qualquer ingerência, sem qualquer interferência política nas direções das respetivas associações, trabalhamos com todos, nunca ouvi nenhum dirigente associativo dizer que em Lousada há discriminação. Estou de consciência tranquila”. Para comprovar as suas palavras, Pedro Machado apresentou um gráfico onde demonstrou que “o município tem dedicado uma grande atenção e tem alocado recursos muito substanciais para as associações. No último ano, apoiamos as coletividades com um milhão e meio de euros”.

Daniela Leal encerrou o tema, partilhando da ideia de que “os subsídios atribuídos devem ser aumentados quando possível e adequados à realidade de cada associação, porque considero que deve haver uma base igualitária, mas depois deve-se perceber as necessidades de cada associação com critérios claros”. Acrescentou, ainda, que “é importante criar uma estrutura de associações juvenis para facilitar a comunicação entre as associações, para que trabalhem em sinergia, para que se promova uma coisa, que é muito importante para o Bloco, que são as relações intergeracionais.”

Para além destes assuntos, outros foram abordados e discutidos no debate que poderá ver ou rever aqui.

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