Opinião de Pedro Amaral
Como o leitor sabe, gosto de citações, são um excelente ponto de partida, não só para quem gosta de reflectir e escrever com regularidade, mas também magníficas lentes através das quais analisamos o mundo que nos rodeia. Esta semana, a poucos dias das próximas eleições autárquicas e num momento em que a campanha (sobretudo em Lousada) começa a aquecer, proponho ao leitor não uma citação, mas antes a análise de uma obra inteira.
Todos conhecemos (sobretudo as versões portuguesas) do conto de Hans Christian Andersen “O Rei vai nu!”. O famoso conto segundo o qual um Rei e todos os seus ministros são enganados por dois tecelões, que convencem o monarca a passear-se pelas ruas da sua capital totalmente despido, crendo (erradamente) vestir tecido transparente aos olhos dos tolos.
A princípio, todos parecem esconder aquilo que é tão evidente como transparente. Até que, do nada por entre a multidão uma criança na sua ingénua simplicidade exclama: “O Rei vai nu!” Todos percebem que o Rei foi enganado, excepto, talvez, o próprio que continua solene o seu caminho completamente despido.
Dei por mim a pensar nisso nas últimas semanas. Porque, caro leitor (e mais uma vez) não existe melhor analogia para aquilo que têm sido os últimos anos de governação autárquica em Lousada. Também aqui se vai saindo à rua envergando magníficos trajes transparentes.
Um exemplo? O executivo municipal “sai recorrentemente à rua envergando a sua política ambiental”.
Veste prémios de biodiversidade, mas permite-se ter um dos seus no conselho de administração que admitiu a importação de lixo para Lousada. Seja por conivência ou desconhecimento o facto é que afinal… O Rei vai nu!
O executivo municipal ostenta a sua relação com a academia em termos ambientais, mas enquanto outros municípios lutam fervorosamente contra a instalação de aterros nas suas circunscrições, por cá nem uma voz pelo encerramento dos que cá estão (excepto a nossa). Afinal… O Rei vai nu e cheira mal!
O executivo municipal traja de iluminação LED, mas retarda alargamentos e implementação de novos ramais eléctricos no concelho. Por opção ou por inacção o certo é que afinal… O Rei vai nu e às escuras!
O executivo municipal enfarpela-se de projectos de revitalização e limpeza dos Rios, mas promete, promete e não acaba a cobertura de água e saneamento. Afinal… O Rei vai nu e encharcado!
No entanto, tal como no conto de Christian Andersen, também por cá o olhar atento dos lousadenses já percebeu que, nos seus passeios, afinal o Rei vai nu.
E por isso temos, a escassos dias, o benefício de escolher modernidade, progresso e projecção nacional em vez de permanecermos agarrados a anos de auto-gestão municipal. E, caro leitor, o essencial da próxima decisão eleitoral, por muito que vozes barulhentas nos queiram dizer o contrário, é só essa!
E porque a mudança não tarda e é mesmo hora de Acreditar Lousada, deixo ao leitor, como não podia deixar de ser, uma citação sobre Esperança do único Pedro que, pessoalmente, tento diariamente imitar: “estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança àqueles que vos questionarem” (S. Pedro).