Por José Carlos Silva
A casa do Valteiro fica situada na freguesia de Sousela. Quem vem de Lousada em direção a Paços-de-Ferreira, chega ao cruzamento de Ribas e vira à direita para Vizela. Trezentos metros volvidos, toma novamente a direita. Desce por uma estrada de paralelos, donde pode contemplar o vale de Sousela ou do Mesio, com a igreja Paroquial, a capela de Santa Águeda, o rio Mesio, a casa de Eira Vedra, o casario, a serra de Campelos, e os campos verdejantes, as latadas…Poucas dezenas de metros percorridos, à direita surge a casa do Valteiro, com o seu portal constituído por duas colunas quadrangulares, sobrepujadas por pequenos frontões e estes coroados por vasos abertos. Em cada uma das colunas há um painel quadrado de azulejos azuis e brancos. O da esquerda exibe uma inscrição: «Casa do Valteiro». É um portal que data de 1858, informação das Senhoras da Casa do Valteiro.
Torquato Coelho de Magalhães,521 e o Doutor Porfírio Coelho da Fonseca Magalhães522 foram senhores desta casa e presidentes da Câmara Municipal de Lousada; o primeiro em 1828 e o segundo nos anos de 1910 e 1911. E aqui viveu também a poetisa Florbela Espanca.523

Arquitetonicamente é uma casa com planta do tipo T com capela integrada na fachada Norte e torre a meio da fachada Sul. O seu corpo principal foi dividido, verticalmente, por pilastras, criando três zonas e dois panos simétricos que flanqueiam um pano central. No rés-do-chão do pano central uma escadaria de dois lanços opostos convergentes é ladeada por três aberturas molduradas.
No andar nobre, ao centro, um portal arquitravado com cornija, com fecho, também ao centro, flanqueado por quatro janelas molduradas de peitoril. Duas de cada lado. No pano à esquerda, no rés-do-chão, uma porta de cocheira, com fecho ao centro, e no andar nobre, uma janela de peitoril moldurada, com fecho, coroada por um frontão triangular. A pilastra é rematada por urna fechada.
De referir que o corpo da esquerda, é simetricamente igual ao da direita, mas com um pormenor, a porta do corpo da esquerda, tem uma maior dimensão e, obviamente, não apresenta nenhuma cruz a coroar o frontão. O pano da direita, é rasgado por uma portada com fecho, encimada por uma janela de peitoril, moldurada, e tem um frontão triangular coroado por uma cruz trifólia. E a sobrepujar a pilastra, uma urna fechada. A Oeste mostra uma janela moldurada e gradeada.
A fachada Este, ostenta no rés-do-chão, cinco portadas e no primeiro e segundo andares, exibe catorze janelas de peitoril – sete no pano direito e sete no pano esquerdo. No primeiro andar, no extremo esquerdo da fachada, vê-se uma pequena janela fixa.
Na fachada Sul há uma torre com quatro gárgulas e no rés-do-chão existe uma escadaria de um só lanço, duas janelas, uma de peitoril, outra fixa e uma portada. O primeiro andar patenteia uma pequena varanda e uma janela de peitoril.
Na fachada Oeste, no rés-do-chão, vislumbram-se duas portadas e sete janelas de peitoril, três no rés-do-chão e quatro no primeiro andar.
521- ADP., Secção Notarial, Po-4, 2ª Série, Livro n.º 24, 1828, fl. 16.
522 – Lousada, Colectânea de Autores Locais, p. 13. Cf. À Descoberta de Lousada, p. 19.
523 – À Descoberta de Lousada, p. 19.