O Ensino Escolar tem cada vez mais instituições que incluem objetivos de internacionalização nos seus projetos educativos, com atividades de cariz intercultural e de inovação estrutural para aumentar a qualidade do ensino e aprendizagem. No Colégio São José de Bairros esta aventura começou em 2017 e já participaram todos os alunos do estabelecimento de ensino.
O primeiro projeto acolhido foi o “Our Health is our Wealth” que pretende promover um conjunto de atividades que fomentem um bem-estar físico e mental, nomeadamente através de uma alimentação saudável e de hábitos desportivos que contrariem a obesidade e o sedentarismo.
Neste projeto, estiveram envolvidos seis países da União Europeia: Polónia, Espanha, Irlanda, Portugal, Itália e Lituânia.
“Decidimos entrar para trazer o espírito de desafio e de inovação. É uma forma de sermos cidadãos europeus em pleno”, refere Ana Mendes, professora e responsável pelo programa Erasmus no Colégio.

“É uma forma de sermos cidadãos europeus em pleno.” – Ana Mendes
O projeto incluía mobilidades aos diferentes países parceiros, mas a pandemia acabou por mudar, de certa forma, os planos: “iríamos ter um intercâmbio onde seríamos nós a receber todos os parceiros aqui. Começamos a ficar um bocadinho tristes, porque seria uma atividade muito interessante que já tínhamos preparado. Os alunos experienciam mesmo o que é viver no país com a família de origem, ficam acolhidos em casas de alunos das outras escolas”, refere.
O que seria uma mobilidade em massa a Portugal, acabou por se transformar num encontro online. “Foi um desafio organizar uma mobilidade virtual, com imensos alunos do outro lado e sem manter os alunos muito tempo no ecrã”, lembra.
Os alunos lousadenses tiveram oportunidade de visitar a Irlanda e a Itália. “À Irlanda levamos alunos com 10 e 11 anos. Foi um desafio para os pais, que confiaram em nós”, conta a professora. Dos diários de bordo da experiência à Irlanda, há sentimentos mistos: a felicidade pelo regresso e a tristeza pela experiência acabar.

“Antes desta inesquecível viagem quase não dormi, só pensava na viagem. Estava muito ansiosa, porque era uma viagem muito desejada e, também, porque era a minha primeira viagem sem a minha família” e “Dia do regresso! Sinto-me contente por regressar para junto da minha família, mas também me sinto muito triste por a viagem estar a acabar… Sinto-me ansiosa e confusa, nem sei explicar aquilo que sinto”, são alguns exemplos daquilo que os mais novos sentiram.
Mariana, Duarte e Gonçalo participaram neste primeiro projeto, mas numa visita a Itália, em outubro de 2019. Para Mariana Montenegro, de 16 anos, foi “uma experiência boa poder participar no projeto e ter noção da dimensão que era, poder praticar o inglês e conhecer novas pessoas”.

De Itália, recorda “a gastronomia, a forma como adaptam as comidas, o nível de ensino e a maneira de como eles vivem em casa, mas é engraçado conviver com eles e perceber essas diferenças”. “O mais difícil foi falar com os pais, porque não percebiam inglês, mas tentava falar um pouco mais devagar”, revela a jovem.
“É engraçado conviver com eles e perceber essas diferenças.” – Mariana Montenegro
Já Duarte Silva, de 16 anos, acredita que foi bom poder visitar outro país, “conhecer a cultura deles e praticarmos o inglês. Na família onde fiquei, não tive qualquer dificuldade em comunicar, mas sentia que eles tinham receio de fazer perguntas”.

“Na família onde fiquei, sentia que eles tinham receio de fazer perguntas.” – Duarte Silva
Gonçalo Bessa, de 15 anos, partilha a opinião do colega e sublinha que “foi uma boa oportunidade de ver e conhecer uma escola diferente da nossa, conhecer a forma de ensino e a cultura do país”. Comunicar não foi um problema, mas “os pais tinham alguma dificuldade em fazer perguntas, embora quisessem conhecer melhor Portugal, a gastronomia e os autores”, reflete.

“Foi uma boa oportunidade de ver e conhecer uma escola diferente da nossa.” – Gonçalo Bessa
Ainda hoje mantêm o contacto com essas pessoas e a certeza de que será uma experiência a repetir.
Terminado este projeto, o Colégio São José de Bairros tem pela frente novos projetos, que têm como prioridades “a inclusão, a inovação pedagógica e a parte da sustentabilidade ambiental”, explica Ana Mendes.
Por isso, em crescimento e execução estão os projetos “Avançando na inclusão” e “In spire”, concentrando-se, ainda, no projeto “eTwinning”.
“Gostaríamos de ter projetos que envolvam mais as disciplinas de Humanidades, ligadas à história e ao património, e projetos ligados à matemática, para poderem ver que através de um projeto podem aparecer matemática e que a disciplina pode ser atrativa”, refere a professora, acrescentando que “também gostaríamos muito de envolver o primeiro ciclo e o pré-escolar”, termina.
A minha mãe frequentou o colégio em Bairros, há aproximadamente 80 anos. Já faleceu e se fosse viva teria 93 anos. Falou-me muito do Colégio.