Joaquim Meneses – O árbitro com mais de 1000 jogos ao peito
O mais velho de 6 irmãos, nasceu e deu os primeiros passos da sua vida em Sousela, na freguesia portuguesa do concelho de Lousada. Com 64 anos, feitos a 16 de abril do ano transato, desempenhou com habilidade a arte da marcenaria, dos serviços elétricos, assim como, e sem menor relevância, a astúcia de arbitrar. Joaquim Meneses – O árbitro com mais de 1000 jogos ao peito.

Joaquim Meneses, filho de pessoas humildes ligadas ao campo, assim intitula o próprio os seus progenitores. O seu pai apesar de ter nascido, diga-se, proveniente de terrenos agrícolas não esteve associado aos mesmos quanto a sua mãe. Este devido a um problema que o impossibilitou de trabalhar no solo, guiou-se por outro caminho, nomeadamente, pela arte de sapateiro. Mais tarde, Joaquim viria a seguir os passos do pai.
Segundo o próprio, a sua infância comparativamente aos seus colegas foi menos boa dado que começou desde cedo a trabalhar. No entanto, até realizar 10 anos de existência brincou bastante com os seus vizinhos, meninos que viviam perto de si, às brincadeiras que praticamente hoje em dia não se usam. Desde o jogo da barra ao jogo do espeto.
Fez os quatro anos de escolaridade obrigatórios, na presente altura, e após a conclusão dos mesmos foi servir na Quinta da Devesa em Codessos, Paços de Ferreira. Enquanto criado, juntamente com mais três empregados, olhava por animais. Todavia, apenas se manteve durante 1 ano neste serviço.
Imediatamente depois de se desvincular do ato de servir, decidiu ir aprender a perícia de sapateiro, da mesma maneira que o seu pai. Joaquim optou por tomar este rumo, uma vez que tinha apenas 12 anos. Mas, um ano adiante começou a trabalhar como marceneiro.
Com somente 13 anos, Joaquim Meneses perdeu o seu pai e, afirma sem hesitar que a sua vida mudou logo a partir desse momento. O facto de ser o irmão mais velho, impulsionou a que trabalhasse para sustentar a sua família, acabando por exercer o papel do homem de casa devido às bastantes dificuldades sentidas nos primeiros anos. “Tinha de trazer de quinze em quinze dias o dinheiro para casa senão não havia montante suficiente para comer.”, salienta.
Aos 21 anos casou com a sua atual mulher e mãe dos seus 3 filhos que, por conseguinte, estes lhe deram 4 netos no qual tem um orgulho desmedido. Após o matrimónio, mudou se para Boim, freguesia da vila de Lousada, onde habita há 42 anos.
Seguidamente, veio para a Câmara Municipal de Lousada desempenhar funções nos serviços elétricos. Contudo, passado 3 anos foi transferido para “A Energias de Portugal”, conhecida por EDP, empresa do setor energético. Quando fez 61 anos completou 40 anos de obrigações ao dispor da empresa e, dessa forma, atingiu o topo de carreira na mesma.
A paixão pelo mundo do futebol

“O futebol era e ainda é o meu verdadeiro amor. Nasceu comigo e vai morrer comigo.”, realça Joaquim Meneses quando questionado sobre o afeto que nutria pelo desporto. Para este, o futebol corre-lhe nas veias apesar de não considerar que possui um amor doentio.
Aos 24 anos decidiu enveredar pela ocupação de árbitro. De acordo com Joaquim, o facto de se discutir com alguma regularidade as leis do futebol fez despertar em si um desejo por querer saber mais sobre esta área. Assume-se como um ser humano que gosta de estar atualizado. “Eu sempre disse que iria ser um homem culto no que diz respeito ao futebol”, sublinha.
Inicialmente, começou por ser jogador de futebol embora sem nunca se desviar do âmbito da brincadeira pois achava que deveria ter se estreado mais cedo se quisesse permanecer ligado aos relvados. Porém, a sua paixão pelo mundo da bola era tanta que para se envolver nela, optou por ir para árbitro de futebol de 11 e, posteriormente, de futebol de 5, vulgarmente conhecido nos dias que correm como futsal.
Depois de 11 anos vinculados à arbitragem, com 35 anos abandonou o seu encanto. Esta decisão resultou de uma exigência por parte da gerência da EDP, isto é, ou o mesmo continuava a arbitrar ou mantinha-se na sua profissão de funcionário desta. O mesmo acabou por optar pela parte profissional devido a julgar ser certa, em contrapartida da sua paixão.
“O jogo que mais me marcou e brio me deu foi arbitrar o Futebol Clube Tirsense contra o Futebol Clube do Porto, na divisão de honra da Associação de Futebol do Porto.”, afirma Joaquim Meneses. Conforme o próprio, realizar a arbitragem desta partida foi um orgulho sem dimensão apesar do resultado final, um empate. Além do mais a qualidade era outra e o prêmio melhor, uma vez que arbitrando clubes da 1º divisão o valor do encontro era maior.
Joaquim Meneses reconhece ter sido um jogo fácil porque, de acordo com este, a diferença entre uma equipa e a outra era significativa. No entanto, afirma que houve vários campos onde teve muitas dificuldades, mas saiu sempre de “consciência tranquila”.
Geralmente os jogadores e, principalmente, os adeptos não têm uma relação muito amigável com os árbitros. Joaquim diz ter sentido isso na pele, “um árbitro entra assobiado e nunca é aplaudido.”, afirma. Para este, poder-se-ia fazer a melhor exibição da carreira enquanto profissional que os aplausos no final não se manifestavam e os assobios eram constantes. O ex-árbitro lidava bem com a crítica e passava-lhe ao lado, acabando por se habituar.
Ao longo da sua atividade, chegou a arbitrar cerca de 1000 jogos oficiais nas mais diversas competições. Exerceu, essencialmente, na terceira, segunda e primeira distrital, bem como, na divisão de honra, entre outras. “No fim de semana cheguei a fazer 5 jogos”, sublinha Joaquim Meneses.
No final de desempenhar as suas funções enquanto árbitro, foi convidado para ser delegado técnico. Executou esta tarefa apenas durante uma época. Para o ex-árbitro, era embaraçoso fazer inspeções, principalmente, no futebol de 11.
Todavia, todo este amor depositado por Joaquim ao futebol, particularmente, à arbitragem transitou para os seus filhos. Atualmente, um dos filhos é árbitro há já 12 anos e outro foi durante 5 anos.
O gosto pelo desporto prolongou-se ao presidir a União Cultural e Recreativa de Boim, durante dois anos. “A minha paixão pelo futebol fez com que me dedicasse sempre à causa”, concluiu o ex-árbitro.
A paixão pelas antiguidades
Joaquim Meneses começou a colecionar velharias há cerca de 20 anos. Este fascínio teve o seu princípio numa coisa singela, diga-se, num Vinho do Porto que é fortificado e produzido exclusivamente a partir de uvas provenientes da Região Demarcada do Douro. “Quando era pequenino o Vinho do Porto era sagrado, ainda hoje o é, e sempre disse para mim que um dia haveria de ter uma garrafa minha”, explica. Devido ao desejo
manifestado, na primeira vez que foi à cidade do Porto comprou uma garrafa de Vinho do Porto e escondeu-a. Há 50 anos que a guarda sendo que ainda está na sua posse.
Alicerçado nisso, o vicio de comprar bebidas tornou-se cada vez maior. Atualmente dispõe de diversas coleções de: chávenas, galhardetes de futebol, cachecóis de clubes, medalhas, jornais, ferramentas, livros, canetas, entre tantas coisas que o fazem guardar e aproveitar. De salientar que tem mais de 600 cachecóis, 3 mil canetas e desde 2003 que começou a colecionar todas as canecas e tigelas da feira do São Martinho em Penafiel.
Ao abrigo destas coleções infindáveis, no dia 19 de setembro de 2019, marcou presença na Praça da Alegria, programa de televisão português na RTP1, com a finalidade de apresentar tudo aquilo que tem guardado. Na impossibilidade de levar tudo fisicamente, mostrou diversas fotos para divulgar o seu fascínio por antiguidades e velharias.
Por iniciativa própria, realizou uma feira onde expôs duas a três coleções suas. Esta foi realizada na Junta de Freguesia de Boim e segundo o ex-árbitro, o salão estava cheio de pessoas interessadas.
A paixão pela vila de Lousada

“Ás vezes lembro-me que se os meus pais e avós fossem vivos e viessem a Lousada já não a conheciam”, afirma Joaquim Meneses. Para o mesmo, a evolução e o rumo que esta vila está a tomar é gigante comparativamente aos seus tempos de adolescência. Joaquim prefere uma grande vila, como Lousada, ao invés de uma pequena cidade. “Tenho orgulho de ser Louzadense. Não trocava esta terra por nada.”, remata o ex-árbitro.
Comentários