«Ano novo, vida nova», parece ser um aforismo que se aplica à música moderna louzadense neste mês de Janeiro. Há uma expectativa muito grande no ar quanto à reabertura que se espera definitiva dos palcos assim que esta vaga pandémica amaine e seja a última deste Coronavírus. É uma ideia que em surdina está a provocar animação nas bandas e nos projetos individuais.
Paulo Soares (Abraxis Six) foi o primeiro músico a lançar novidades aqui anunciadas na edição anterior. Seguiu-se Peter Maui, o projeto a solo de Zé Pedro Moreira, o baixista dos Mudha. Também Duarte Souza tem algo para lançar por estes dias e só conseguimos saber que tem a ver com Dream Theatre. A mexer também está a banda de stoner rock, Sun Mammuth, cujos planos poderão ser revelados ainda este mês. Outra banda que também pode ter novidades chama-se Mombai e é composta por José Costa (bateria), Simão Malheiro (um dos melhores guitarristas locais da atualidade) e Davide Pereira (baixo).
Hoje vamos centrar-nos um pouco no projeto «Apricot»,de Peter Maui. Foi lançado no domingo, nas plataformas Spotify, Apple Music, Deezer e Tidal. Pois é, longe vão os tempos em que o YouTube monopolizava as sonoridades digitais.
Rock instrumental, experimental e alternativo é o amplo espectro em que se enquadra este músico lousadense e esta sua produção. O autor disse a Louzarock que «Apricot» é um tema intimista e representa uma experiência pessoal muito forte. Em termos de produção musical e técnica “fiz tudo sozinho, desde as guitarras ao baixo, passando pela edição e gravação”, revela o músico de 23 anos.
A era digital avançada em que vivemos permite acesso a uma infinidade de “ferramentas” ou meios técnicos, que tornam uma só pessoa capaz de produzir obras musicais como esta. Para isso, há que ter versatilidade técnica e criatividade musical, características que Peter Maui tem vindo a evidenciar, não só na música como também no audiovisual e nas artes plásticas.
Vejamos agora a opinião de três experientes músicos que Louzarock convidou para comentar este «Apricot»:
Carlos Miguel Sousa (guitarrista dos Entretela)

É uma musica calma e suave, com um som cheio de reverb, juntamente com pequenos riffs de blues a mistura, que origina sempre uma sonoridade de reflexão e melancolia. Faz-me lembrar trilhas sonoras de filmes. Uma musica “ambiente” como se costuma dizer.
Carlos Richter (Professor e Compositor)

O rewind, que é como quem diz, puxar para trás, foi por mim acionado várias vezes e de seguida este tema foi para a minha playlist semanal, o que quer dizer que este «Apricot» me agradou. Não plenamente, mas isso não se pode pedir a um jovem como parece ser Peter Maui, que se está a estrear a solo. Aqui e ali há umas pinceladas de Hans Zimmer, com a suavidade a ser cortada ao de leve pela aceleração. Tem criatividade e engenho este autor que o Louzarock me deu a conhecer. Vou ficar atento.
Daniel Varela (guitarrista dos Alcatrão)

«Apricot» é um tema instrumental. E para quem não é um audiófilo mais sério pode não gostar, ou simplesmente passar ao lado dessas ambiências minimalistas e cinemáticas. Eu, como músico instrumentista, sempre tive desde muito cedo curiosidade de ouvir outras coisas fora da caixa. Eu gostei da ambiência do tema e a abordagem de um baixista noutro instrumento. Por pouco que seja, o facto de normalmente tocarmos um instrumento, quando passamos para outro a nível de produção, será sempre com uma visão diferente e refrescante. Temos um bom exemplo do Dave Grohl nos Foo Fighters. Gostei deste «Apricot», relaxante e refrescante. Mais nada a dizer, a não ser «força para continuar».
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