Um Cidadão solidário e com muitas artes e ofícios
Barbeiro / Cabeleireiro, dirigente associativo, sindicalista, Actor, encenador, músico e voluntário na ajuda de pessoas com dependências, toxicodependentes e alcoólicos e sem-abrigo, são algumas das inúmeras facetas da vida de Luís Marques Teixeira, mais conhecido por Luís Falcão. Nasceu há 61 anos, em Lousada São Miguel (Lousada) e tem um salão de Cabeleireiro / Barbearia, (Falcão Cabeleireiro) em Alvarenga. Mas já foi feirante, serralheiro, assistente operacional no Municio e até, empregado de mesa e balcão.

O Louzadense – Comecemos pela atividade de ajuda a pessoas com problemas de dependências ou dificuldades. Em que consiste e quais os motivos que o levam a prestar esse serviço?
Luís Falcão – Quando se passa por uma situação de maior fragilidade na nossa vida e se recebe apoio, deve-se retribuir o favor sem hesitar, o que também nos foi dado. Como diz a sabedoria popular, dá aos outros o que deram a ti. É uma espécie de “favores em cadeia”. Pertenço a uma organização ou associação que apoia pessoas que se querem recuperar do consumo de drogas, do jogo, do álcool, etc. Quanto ao método que usamos, usando uma metáfora, eu posso dizer que não damos uma cana para a pessoa pescar, nem damos o pão para comer, mas mostramos como conseguir isso, mostramos o caminho.
O Louzadense – Além da solidariedade, o ativismo também marca presença na sua vida através do sindicalismo. Conte-nos um pouco sobre isso.
Luís Falcão – Quando trabalhei nas obras de repavimento e outras da Câmara Municipal de Lousada fui convidado para delegado sindical do SINTAP – Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública. Enquanto ativista, participei em congressos e plenários, alguns deles bem acesos. Os princípios que os sindicatos defendem a nível laboral é uma causa que me diz muito, assim como qualquer causa que defenda a justiça e os princípios democráticos da vida em sociedade.
O Louzadense – Uma faceta mais visível ou conhecida é a de ator, por ter participado em várias peças de teatro. Como surgiu isso na sua vida?
Luís Falcão – Desde muito cedo que desenvolvi um gosto muito grande pelo teatro e qualquer arte. Acho que assisti a pelo menos uma peça de cada festival Folia, de Lousada. Até que um dia se proporcionou a minha entrada para o grupo de teatro da Associação Vidas em Cena, em 2014, com a peça Dom Rodrigo e os Cabaçudos depois outras o Isler, Caixas, Dom Quixote no qual fui encenador com a ajuda de um grande nome das artes, o Fernando Moreira, no Rega e as rendinhas da Vereadora, ainda na peça de rua Zé do Telhado, na Viagem do elefante Loja dos Suicídios, etc. Adorei a experiência e fui continuando, tive a minha primeira experiência como encenador na peça, Há Ouro em Lousada que foi reposta e que eu lhe dei um cunho pessoal.
O Louzadense – Que personagem mais gostou de interpretar até hoje?
Luís Falcão – Gostei de todos, pois em cada um acabou por ter um pouco de mim. Posso eventualmente destacar o papel de Belarmino Fortuna, uma figura controversa e histórica de Lousada, que foi figura-chave da Fabinter/Kispo, e que interpretei na peça de teatro que Vidas em Cena fez sobre Hans Isler.
O Louzadense – Que personagem ainda não interpretou, mas gostaria de dar vida em palco?
Luís Falcão – Eu próprio. O projeto existe, até já foi premiado num concurso de ideias inovadoras da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e chama-se A Cadeira do Barbeiro. É da minha autoria e de José Carlos Carvalheiras, mas por vários contratempos, nomeadamente esta pandemia do Covid 19, não tem sido possível concretizar. Mas está na gaveta para saltar para o palco assim que haja oportunidade.
O Louzadense – A sua mais recente participação num projeto artístico aconteceu no videoclip do cantor Gonçalo Santos. Foi a primeira vez que participou nesse tipo de produção artística?
Luís Falcão – Num videoclip musical foi a primeira vez. Mas já tinha participado numa curta-metragem com enredo policial, também rodada em Amarante e ainda numa outra no Porto…
O Louzadense – Além do teatro e do cinema também se dedica à música. Que experiências teve nessa área?
Luís Falcão – Fiz parte de uma banda entre 1980 e 1982. O baterista Telmo Carvalho, que viria a ser baterista dos Alcatrão, iniciou ali a sua carreira, juntamente com os vocalistas José Morais (“Pistolas”) e Joaquim Barbosa (“Simão”), o teclista Joaquim do Muro, os guitarristas Abel Neto e Luís Barbosa, além de mim, que tocava viola-baixo, também o José Queirós Guitarra e Voz e o Adélio Neto, (Delinho) que se iniciou como baterista.
Inicialmente chamavam-se Transístores, numa alusão aos rádios portáteis ou rádios de transístor (um dispositivo semicondutor usado para amplificar ou trocar sinais eletrônicos e potência elétrica. O seu tamanho de bolso provocou uma mudança nos hábitos de escuta de música, permitindo que as pessoas pudessem ouvir música em qualquer lugar).
O grupo mudou de nome por sugestão do tipógrafo Manuel Afonso, quando certo dia fui à tipografia dele na rua Humberto Delgado, em Lousada, encomendar cartões de apresentação da banda, para entregar às comissões de festas e outras entidades que nos contratassem para dar concertos. O senhor Manuel Afonso não achou que o nome fosse bom para uma banda e convenceu-nos a mudar para LEUGIM’S, que é o inverso de S. Miguel, freguesia de onde era o núcleo da banda. Os ensaios decorriam nos fundos da Casa do Muro, naquela freguesia e também em São Miguel a banda estreou-se num palco, na romaria local, em 1980. Também marcante foi um concerto que demos junto ao Centro Paroquial de Macieira, que estava em construção e também em Romariz.
O Louzadense – Depois disso fez parte de mais alguma banda?
Luís Falcão – O projeto mais recente não chegou propriamente a começar por causa da Covid-19, mas fui convidado para integrar um grupo com Manuel Moura (Moura France).
O Louzadense – Como aprendeu e quando começou a praticar como cabeleireiro?
Luís Falcão – Antes de mais devo dizer que sou um autodidata, até aos meus 12 / 13 anos era o meu pai quem me cortava o cabelo, ele tinha uma tesoura de barbeiro e também uma maquina manual que usava para o efeito e que eu imitava com galhos de plátano ou outras árvores que quando eram podadas eu aproveitava esses galhos tipo ganchos para fazer uma maquina de cortar cabelo e que assim que tive a oportunidade de ir a barbearias estava sempre atento e fazia algumas perguntas relativas à profissão ou arte e claro, por volta dos meus 16 anos arrisquei cortar o cabelo ao meu irmão mais novo, que teria 3 ou 4 anos, visto ser mais novo que eu 12 anos e que me levou pra aí uma hora ou mais mas que ficou excelente na minha ótica e aos olhos do meu Pai, Mãe e Irmãos e pronto que estava a seguir a arte, comecei a cortar ao meu Pai, também ao meu Irmão mais velho e começaram a aparecer a meu convite, vizinhos que acederam à minha habilidade, depois disto e como se diz, usa e serás mestre.
O Louzadense – Antes de ser barbeiro a tempo inteiro, teve outras profissões. Quais?
Luís Falcão – Mesmo tendo experimentado outras profissões, nunca larguei a Arte Capilar, conciliando-a com serralharia, depois como feirante, empregado de armazém de calçado onde embalava obra e fazia recados e transporte de materiais relativos ao calçado. Despedi-me em 1986, para abrir o meu primeiro Salão de Cabeleireiro, em Macieira, onde estive até 1988, depois disto fiz uma paragem para experimentar o comércio de cafetaria e restauração, ainda passei pelos Correios e em 1999 decidi ir trabalhar na arte de Cabeleireiro, no Salão Hairdresser, de Fernando Oliveira, no Centro Comercial Londres, na Senhora da Hora, depois no Salão Georgios, na Rua D. João IV, no Porto, e depois no Salão Artur, na Praceta Padre Manuel Bernardes, onde atendi muitos empresários, jogadores da bola, artistas, políticos, como Vasco Graça Moura, Rui Terra seca, Valentim Loureiro, etc.
O Louzadense – Quais os barbeiros de Lousada mais antigos de que se recorda?
Luís Falcão – Lembro-me, na minha infância e adolescência, de alguns barbeiros que andavam pelas portas, a fazer barbas e cortar cabelo ao domicílio, como um senhor a que chamavam “Chuça” outro a quem chamavam “Pimba”, havia também o “Pérola” e outros. Esses eram os mais antigos. Mais tarde, na Vila, conheci o Sr. Ribeiro “Manica”, o Sr. Domingos “Carriço”, o Sr. Zé Fernandes (ao lado do Café Avenida) e o Manuel Magalhães “Sevilha”, que esteve na rua Visconde de Alentém e depois passou para o Loreto.
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Isto é apenas um resumo do que é o Luís d’Falcão…
Errata, não será FEADBAK, MAS SIM (FEEDBACK)