Eleitores não acreditam na maioria absoluta.
O que esperam deste ato eleitoral para o país, é a questão central deste inquérito. Ouvimos 24 pessoas, das quais selecionamos as que se seguem, por representarem as ideias gerais recolhidas. O sentimento que prevalece na generalidade dos inquiridos é de desapontamento e incompreensão pela inviabilização do Orçamento de Estado. Quase todos são unânimes sobre a falta de condições ideais para a realização do ato eleitoral, devido à pandemia. Nenhum dos inquiridos acredita numa maioria absoluta.
As Eleições Legislativas que se realizam dia 30 deste mês, acontecem na sequência do chumbo do Orçamento de Estado para 2022, na Assembleia da República, com os votos contra do PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, mas também do PCP, do PEV e do Bloco de Esquerda, que até 27 de outubro de 2021 viabilizaram o governo minoritário do PS, na chamada «Geringonça». Foi a primeira vez que o chumbo do orçamento aconteceu na democracia portuguesa.
O presidente da República decidiu convocar eleições, por entender que não estavam reunidas condições para a governação do país.
Prevê-se que estas eleições, o terceiro ato legislativo nacional em Portugal desde o início da pandemia de COVID-19, tenham uma elevada taxa de abstenção devido ao facto de atualmente Portugal registar, neste mês de janeiro de 2022, os maiores números de infetados pelo SARS-CoV-2 de sempre, estando o país a atravessar a sua quinta vaga da pandemia, muito por causa da grande capacidade de contágio da variante ómicron daquele coronavírus.
Vários especialistas nacionais estimam que entre 310 mil e 720 mil pessoas estarão em isolamento no principal dia das eleições (30 de janeiro), ou seja, 3% a 7% da população residente em Portugal. Diante de tudo isto fomos ouvir algumas pessoas num inquérito de opinião (sublinhamos que não se trata de uma sondagem) somente pretende proporcionar a expressão de diferentes perspetivas e ideias de cidadãos lousadenses acerca de tão marcante tema da atualidade e do futuro do país.
Este inquérito proporcionou ideias que estão na ordem do dia a nível nacional. Nenhum dos inquiridos disseram que acreditam numa vitória com maioria absoluta de qualquer partido, e a quase totalidade das pessoas abordadas considera que vai ser o PS a ganhar. A questão da abstenção é a maior preocupação. Aliás, metade dos 24 inquiridos afirmaram que não sabem se vai votar. Duas justificações são apontadas para essa incerteza: a pandemia e a discordância pela convocação de eleições no período de mais contágios da COVID-19, sobretudo quando a viabilização do Orçamento de Estado era algo que parecia plausível a estes inquiridos.
ALBERTO CARVALHO, 76 ANOS
Ainda não sei se vou votar.
Estou descontente, porque não devia haver eleições. O (António) Costa até estava a gerir isto mais ou menos bem. A grave crise que estamos a viver devia ser motivo para os partidos se entenderem e não devia ter sido preciso chegar a isto. Faz falta estabilidade, mas os partidos não se entendem, porque cada um olha para os seus próprios interesses. Votei sempre em todas as eleições, mas ainda não sei se vou votar nestas”.

JOAQUIM OLIVEIRA, 75 ANOS
Em Portugal falta união entre os partidos.
Votei sempre PSD e nunca falhei umas eleições. Vou votar no Rui Rio, não só porque sou social-democrata, mas porque gosto dele, embora eu acho que não vai ganhar. De qualquer maneira, espero que as eleições sirvam para haver mais união entre os partidos. Como em tudo na vida, se não houver união e sinceridade está tudo estragado. A política está muito mal vista por causa disso.

CATARINA PINTO, 19 ANOS
Votar é fortalecer a democracia e a sociedade.
O meu partido é a democracia. Nestas eleições espero acima de tudo que as pessoas compareçam e votem e que não ganhe o extremismo, seja ele qual for. Devemos participar para fortalecer a democracia e a sociedade, sobretudo nos tempos difíceis que atravessamos por causa desta pandemia. O direito de voto foi algo que os nossos antepassados conquistaram com muita luta e devemos dar valor a isso”.

CARLOS ALBERTO PEIXOTO, 54 ANOS
O país precisa de outro rumo.
Ao contrário do que dizem as sondagens, eu tenho uma forte crença na vitória do Rui Rio. As sondagens para as Autárquicas em Lisboa também davam a vitória ao PS e isso não aconteceu. Portugal precisa de uma viragem e um fim do sistema que está implantado. Espero que seja o fim do Partido Socialista porque o país precisa de outro rumo e só com Rui Rio isso me parece possível”.

CATARINA MENDONÇA, 26 ANOS
É preciso criar condições para combater a abstenção.
Não é provável que haja maioria absoluta. Há partidos que até aqui eram pequenos mas que estão a ganhar força. A abstenção pode aumentar com a alta disseminação da COVID-19 e da nova variante. Espero que prevaleça a ideia de que o voto é extremamente necessário. Devem ser asseguradas todas as medidas de proteção para que os portugueses possam votar em segurança e com confiança e assim contribuir para combater a abstenção”.

SALVADOR FERNANDES, 85 ANOS
Portugal devia seguir o exemplo da Alemanha.
Os partidos da geringonça não fizeram tudo o que estava ao seu alcance para evitar estas eleições. Na minha opinião, não devia haver maioria absoluta mas sim um entendimento entre os dois principais partidos portugueses. Acho que fazia bem ao país um pacto entre o PS e o PSD, que são os partidos mais moderados e mais representativos. Veja-se o exemplo da Alemanha, onde há uma coligação, de partidos muito diferentes entre si, que estão a entender-se”.

SUSANA SOUSA PACHECO, 48 ANOS
O país precisa de estabilidade.
O Orçamento de Estado devia ter sido viabilizado e só era preciso um partido abster-se, mas nem disso foram capazes. Chegou-se a este ponto desnecessariamente. No contexto em que vivemos é descabido. Espero que, apesar das condicionantes da pandemia, Portugal vote em força e que depois das eleições o país tenha um governo estável para ultrapassar esta crise pandémica. Já basta de instabilidade governativa.

ANA CUNHA, 46 ANOS
As coligações são saudáveis.
Estas eleições podem ser um marco na política de Portugal porque depois de todo este desgaste com a pandemia, se o PS ganhar, demonstra que é um partido realmente muito forte em Portugal. Mas não creio que vai ganhar com maioria absoluta. As maiorias absolutas são cada vez mais difíceis de se obter no estado em que se encontra a política em Portugal e por isso vão ser necessárias coligações para governar. Espero que o próximo governo invista mais na Educação, é o que mais espero destas eleições.

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