por | 20 Mar, 2022 | Espaço Cidadania, Sociedade

Maria Elisabete Ribeiro: Persistente é o seu nome do meio

Há 12 anos a conduzir a Sweet Bombom, Elisabete desdobra-se entre o papel de mãe e mulher de família. A proprietária da mercearia gourmet é também presidente do Juventude Hóquei Clube desde 2008. Com 47 anos de idade, mostra-se uma mulher segura e sem receios de se aventurar nos mais diversos desafios.

Elisabete Ribeiro é natural do Porto, mas o seu coração trouxe-a até Pias, freguesia do concelho de Lousada onde reside há 27 anos. A sua história na vila remete à altura do seu casamento com um jovem lousadense. Todavia, só passado meio ano de ter casado é que veio morar para Lousada por questões de facilidade. 

Elisabete no seu casamento

E, como se costuma afirmar, nada é por acaso. Após o matrimónio, Elisabete e o marido foram viver para casa dos pais desta, situada na segunda cidade mais populosa de Portugal. Porém, a vida do mesmo continuava a realizar-se em Lousada. De idas e vindas pela Serra da Agrela, eis que acontece o mais temido a chegar ao destino. “Houve uma altura em que ele ia trabalhar de manhã cedo e teve um acidente antes de chegar aos correios de Lousada”, declara Elisabete. 

Desde cedo, Elisabete foi sempre uma mulher ciente e prática. Quando ocorreu o sucedido e depois de se aperceber que poderia ter sido mais trágico decidiu vir morar para Lousada. De acordo com a própria, era mais fácil Elisabete arranjar trabalho ao invés do seu marido que trabalhava juntamente com o seu pai. 

Todavia, antes deste acontecimento que marca a sua chegada à vila das camélias, Elisabete frequentou a atual escolaridade obrigatória, até ao 12º ano, no Porto e após abandonar o ensino foi funcionária num gabinete de contabilidade. 

Há 27 anos quando veio de malas e bagagens para Lousada ficou sem emprego. Contudo, o seu marido possuía certos conhecimentos e, de imediato, tentou arranjar-lhe entrevistas. Elisabete ficou empregada logo na primeira à qual foi, e durante 8 anos trabalhou na parte do escritório de uma empresa de construção civil. 

Durante este período da sua vida, tornou-se mãe – o papel mais importante – na qual teve um rapaz e uma rapariga. Elisabete não ficou apenas por ter dois filhos e quando voltou a engravidar decidiu despedir-se. Esta decisão, segundo afirma, foi ponderada e analisada em conjunto com o seu marido. 

A par do seu trabalho no escritório de uma empresa de construção civil, Elisabete já ajudava o seu marido e cunhado na empresa destes. Dado isto, a partir do momento que teve ao seu encargo três crianças optou por abandonar esta primeira firma, respetivamente. “Estive muitos anos em casa a tomar conta dos meus filhos e, ao mesmo tempo, auxiliava o meu marido”, sublinha. 

Chega o ano de 2010, o seu filho mais novo já se encontrava na escola primária, quando resolveu abrir uma loja. De ideias firmes e convicta que daria o melhor de si, a 25 de março nasceu a Sweet Bombom caracterizada por ser uma mercearia gourmet diferente. 

“Eu não queria um negócio igual aos outros, o meu objetivo passou por inovar e fazer as coisas ao meu gosto”, evidencia Elisabete bastante satisfeita com o resultado alcançado até aos dias de hoje. 

A loja mais doce de Lousada encontra-se prestes a completar 12 anos de existência com muito trabalho, empenho e esforço da parte da dona. Inicialmente, a sua família não acreditava no sucesso de um negócio deste gênero, mas a palavra desistir jamais fez parte do dicionário de Elisabete. “Eu fiz isto tudo acontecer”, salienta. No entanto, a mesma reconhece toda a ajuda que a sua família lhe prestou, nomeadamente, o seu marido. 

Elisabete considera que a sua loja se diferencia apenas numa medida, na qualidade – o principal ponto para o sucesso desta. A Sweet Bombom prima pela qualidade do produto, de atendimento e de instalações. 

Regida pelos seus valores, Elisabete optou por aplicá-los no seu propósito de vida pois abrir uma empresa não é somente um projeto profissional. Os bombons, produto típico da mercearia como o próprio nome indica, é de várias origens uma vez que existe uma vasta quantidade de marcas. Ainda assim, esta procurou adaptar a sua oferta consoante a categoria de cliente que se dirigia à loja. No presente, já conhece bem o seu consumidor. Além do artigo, o espaço físico e o serviço de assistência foram também uma prioridade. “Eu faço aquilo que gosto que me façam quando entro em algum sítio”, revela. 

A Sweet Bombom situa-se na loja 7 do Mercado Municipal de Lousada sendo o único espaço físico que dispõe. Recentemente, Elisabete recebeu um convite por parte da vereadora do Município de Braga com o intuito da mercearia se expandir naquela cidade. A mesma ainda se encontra a ponderar esta possível abertura devido a certos entraves como o horário. “O horário do Mercado Municipal de Braga não é convidativo a que as pessoas se dirijam lá para comprar um produto supérfluo pois encerra às 17h da tarde”, ressalta Elisabete. 

A clarividência que Elisabete mantém nesta situação é a mesma que conserva nos restantes momentos da sua vida. Quando abordada se os desafios a apaixonam, Elisabete afirmou com bastante firmeza que estes fazem parte da sua vida. “A vida sem desafios seria muito sem graça”, evidencia. E, sem estímulos não existe evolução, palavra que tem acompanhado a Sweet Bombom desde o começo. 

“As responsabilidades não me metem medo”, declara Elisabete. Em simultâneo com o seu negócio – porém numa escala diferente -, Elisabete é há 14 anos presidente do Juventude Hóquei Clube. Preliminarmente, começou como vogal e depois foi vice-presidente durante dois anos até ocupar o cargo mais alto. Tornar-se dirigente nunca foi um desejo seu, mas esta tem dificuldades em dizer que não a uma incitação. 

Elisabete a receber a medalha de ouro por o JHC ter ganho a taça de Portugal em Sub16
Entrega da medalha de prata mérito municipal ao Juventude
Elisabete e família depois de um jogo de hóquei

O facto do seu marido e dos seus filhos praticarem esta modalidade levou-a a acompanhá-los em todas as ocasiões que, por conseguinte, a fez entrar na direção do clube, existente desde 2004. “Foi tudo muito repentino”, admite Elisabete. Hoje em dia, a mesma reconhece que o Juventude, como carinhosamente o apelidou, é um mais um clube de amigos que apreciam de verdade o hóquei.

“Eu gosto daquilo que faço e daquilo que sou”, afirma Elisabete. Para esta, o mais importante é a sua família que está sempre em primeiro lugar em todos os instantes e, de seguida, está o negócio e a atividade na qualidade de presidente que a complementam enquanto mulher. 

Quanto às suas perspetivas em relação ao futuro, Elisabete gostava de ter mais lojas físicas nos concelhos vizinhos de Lousada e, além de mais instalações, o site online é também uma preferência a considerar. Já no término da entrevista, esta refere em jeito de finalização, “uma palavra amiga ou de reconhecimento em relação à Sweet Bombom recompensa mais que a própria venda”.

Elisabete, o seu marido e os seus três filhos (da esquerda para a direita: Vasco, Diogo e Sara)

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