Luís Carlos Ribeiro sente saudades da adrenalina dos jogos de futsal na Ordem

Luís Carlos de Sousa Ribeiro, de 36 anos, natural de Lousada, com residência na freguesia de Santa Eulália da Ordem, é emigrante em Itália, onde trabalha na manutenção de redes elétricas de alta tensão. “Não troco isto pelo trabalho em Portugal porque as condições que tenho em Itália são muito superiores a todos os níveis”, afirma em entrevista a este jornal.

“Em Portugal, o primeiro emprego que tive foi como marceneiro numa fábrica de móveis. Em 2004 tive a oportunidade de mudar de emprego e fui trabalhar com o meu pai numa empresa de linhas de eletricidade de alta tensão, para onde, passado um ano, entrou também o meu irmão e estivemos nessa empresa até 2007”, começa por relatar Luís Carlos Ribeiro.

A empresa a que se refere estava sediada em Penafiel e acabou por fechar. “Então, surgiu a oportunidade para trabalhar numa empresa da Trofa, no mesmo ramo de trabalho estive lá nessa empresa e junto com o meu irmão, durante 13 anos”, acrescenta.

Quando surgiu a possibilidade para trabalhar no estrangeiro, Luís Carlos não hesitou: “a oportunidade de vir trabalhar para fora surgiu através de um colega que trabalhava comigo e  decidimos arriscar, viemos à procura de melhores condições tanto a nível financeiro como em condições de vida”.

Já lá vão dois anos desde que partiu para Itália, em plena crise pandémica. “Para já não estou arrependido e espero continuar com esta confiança, embora nos tempos que correm nunca se sabe como será o amanhã”, afirma.

Este lousadense já tinha trabalhado numa curta temporada na Alemanha e quando decidiu avançar para Itália encontrava-se a trabalhar em Espanha. “A adaptação foi boa porque já estavam cá colegas nossos portugueses, que nos receberam bem, sempre prontos a ajudar, principalmente na questão da língua”, diz o eletricista.

“O meu trabalho em Itália continua a ser o mesmo que tinha em Portugal, ou seja, trabalho em linhas de transporte de energia, que é uma área onde há muita falta de mão de obra, tanto em Portugal como em muitos países europeus. Aqui em Itália encontro muitos portugueses a trabalhar neste ramo. Tal como eu, são pessoas que vieram para cá não por falta de trabalho em Portugal, mas por causa das condições, que são muito melhores tanto numéricas como em condições de trabalho”, revela Luís Carlos Ribeiro.

“Em Portugal, logo de manhã, se tiver que subir a um poste de 60 ao 70 metros de altura a chover, temos que subir e trabalhar o dia todo a chuva, enquanto nestes países já não é assim, já se olha mais para o lado dos trabalhadores e não se pensa só em lucros”, revela.

“O que aprecio mais neste país é a maneira como acolhem as pessoas. Claro que nem tudo é bom, mas também nem tudo é mau” e diz que não encontra algo de que verdadeiramente não goste, o que segundo ele “demonstra bem a satisfação que é estar aqui”.

MUITAS SAUDADES, MUITAS…

Relativamente às saudades, este emigrante tem no topo da lista a família: “sinto a falta da família principalmente naqueles dias em que algo corre menos bem e ao chegar a casa e não ter família ali custa um bocado, assim como sinto falta de estar presente em certas festas familiares e acompanhar o crescimento do meu filho, que deve ser das pessoas a quem custou mais na hora da minha vinda, ver o crescimento dos dois sobrinhos que tenho agora, dos jantares em que estamos todas juntos em casa do meu pai, saudades das nossas grandes festas de Lousada e também tenho saudades de ver os jogos de futsal da minha freguesia o CCD Ordem, saudades de sentir a adrenalina do pavilhão cheio a puxar pela equipa e lamento não poder ajudar mais pois eles merecem toda a ajuda possível por tudo o que têm feito ao longo destes anos pelo desporto na freguesia e no concelho”.

“Se penso em regressar? Claro, mas não será para já. Sou uma pessoa que tenho sonhos e alguns objetivos na vida e sei que se andar por aqui algum tempo tenho noção que o futuro tanto meu como da minha família um dia mais tarde vai ser melhor”, conclui Luís Carlos Ribeiro.

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