por | 4 Jul, 2022 | Espaço Cidadania

Luís Leal – O homem e o desporto

Com 37 anos, o cidadão desta edição, conhece o desporto como locomoção de todas as emoções. Desde pequeno, participou e integrou várias associações desportivas que, por conseguinte, encaminharam-no a decidir caminhar nesse sentido. A técnica, a organização, a coordenação… são características da sua atividade profissional, no Complexo Comunicação. Conheça mais a história de vida deste lousadense ao longo da entrevista. 

Nasceu em Sousela e, atualmente, reside em Lustosa. Portanto, é um lousadense de gema, independente das freguesias alterarem na caminhada da sua vida. Frequentou, da mesma forma, o ensino obrigatório sempre no concelho de Lousada.

No momento final do 12º ano de escolaridade, os rumos são muitos e, em paralelo, as escolhas. Após a conclusão deste, fez um interregno na aprendizagem. Entrou em Rio Maior, em Lisboa, e por questões financeiras não seguiu essa estrada, daí adveio o intervalo. Na pausa que decidiu fazer, até entrar na faculdade, trabalhou na área da publicidade e, nos dias de hoje, ainda se encontra um pouco ligado a esta parte da comunicação.

Redefinidos os seus objetivos, Luís arriscou e avançou nos estudos. No ano de 2007, concorreu ao ISMAI para o curso de Gestão do Desporto, e, assim foi. 

A vida académica, diga-se, não foi vivida na plenitude. Como referido, por dificuldades monetárias, trabalhou enquanto estudou. Durante os três anos de licenciatura, frequentava a universidade até às 15h da tarde e o restante período do dia era terminado na empresa do seu irmão. Conciliou as duas atividades com o propósito de pagar, todos os meses, a propina. 

A palavra desgastante surgiu na conversa, porém, o foco era apenas um. Conseguiu, e, hoje, afirma que sente orgulho pelo percurso que fez. “No final do trajeto, valeu bastante a pena”, afirma. Inicialmente, este foi marcado por algumas dúvidas. Na época de optar pela área que seguir estava indeciso entre a parte da educação física e da gestão desportiva. Esta última avançou, uma vez que era a que mais cativava o lousadense. 

Quando este ciclo terminou, ingressou na AFAL – Associação de Futebol Amador de Lousada, e iniciou à séria a parte da gestão e da organização. Começou com um estágio e ficou na mesma durante 8 anos, inclusive, foi um dos fundadores desta. A AFAL, instituída a 6 de setembro de 2011, consistiu num projeto que usufruiu de algumas ideias que estavam a ser desenvolvidas pelo Município de Lousada, nomeadamente, a organização de um campeonato concelhio de futebol. 

A associação transportou a iniciativa e transformou-a de uma maneira mais organizada e, sobretudo, profissional. A vertente principal era potenciar os clubes, desenvolvendo as suas organizações e estratégias. Inicialmente, a ajuda e  impacto foram bastantes, na medida em que vários clubes que se encontravam inativos, reergueram-se. A fomentação da prática do futebol, do associativismo, da organização interna, das regras … foram atividades desenvolvidas pela equipa da AFAL. 

Naturalmente, o auxílio era realizado às associações filiadas. “Foi criada uma sinergia entre a AFAL e cada clube de Lousada”, sublinha. A ideia era perceber a realidade e, depois de estudadas as hipóteses, alavancar a estrutura. O propósito albergou os seniores e, a partir de 2016, incorporaram a formação dos clubes. 

Realizado o trabalho, algumas entidades começaram a querer ter as suas próprias estruturas e, por conseguinte, desenvolvê-las autonomamente. “Decidiram passar para patamares mais competitivos da parte da Associação de Futebol do Porto, e, esse é um bocado o mérito da AFAL, isto é, organizar os clubes para conseguirem dar um passo em frente”, explica. Naturalmente, a associação perdeu representatividade, mas o intuito era dar o suporte às organizações para escolherem o caminho. 

No ano de 2019, Luís optou por abandonar a AFAL. A incessante procura por coisas novas e diferentes, pela mudança… levaram a que este percurso chegasse ao fim. Todavia, outro se iniciou. No mesmo ano, fundou um projeto para si, o Complexo Comunicação, que trabalha várias vertentes dos clubes. A parte da comunicação, da organização de eventos, da certificação… são atividades desenvolvidas pela empresa. 

A intervenção é realizada em alguns concelhos, ou seja, não só em Lousada. Interrogado sobre a importância da abertura do seu negócio, de imediato, afirma que o facto de se ter desafiado a nível pessoal é o suficiente para representar muito. Como em tudo na vida, as dificuldades existem. Segundo Luís, o mais difícil é os clubes auferirem da ideia que para usufruírem deste tipo de suporte necessitam de pagar. 

Até então, o balanço é positivo”, declara. O lousadense sente o crescimento, apesar de reconhecer a dura fase da pandemia que coincidiu com a abertura da empresa. No momento, surgiram alguns questionamentos, mas decidiu seguir em frente e redescobrir estratégias.

Posto isto, constata-se a importância do desporto para Luís. Desde sempre, participou e integrou várias associações desportivas. Foi atleta nas camadas jovens do Sport Clube Freamunde e, posteriormente, transitou para outros clubes regionais da cidade de Paços de Ferreira. Quando chegou à categoria de sénior, mudou de modalidade e foi para o futsal. 

Desde então, esteve sempre ligado a esta prática. Além de ser licenciado em Gestão do Desporto, aufere de várias formações na área do futsal, principalmente, na parte técnica. A paixão cresceu de tal forma que após ser atleta, tornou-se treinador e coordenador técnico. Estas últimas funções ainda exerce no C.C.D.Ordem, no entanto, passou também pelo JD Meinedo e pelo GACER. 

Iniciou o seu caminho como treinador após um convite de um amigo e, conforme o próprio, foi à experiência. Desta forma, optou por se formar nesta área. “Tirei o curso de treinador nos vários níveis na Federação Portuguesa de Futebol”, sustenta. A obrigatoriedade e, sobretudo, a vontade de querer aprender mais fez com que procurasse maior conhecimento. 

Luís, caracteriza-se um apaixonado pelo desporto, e, como se contempla até então, todos os seus cargos envolvem a parte desportiva. Além do referido, foi convidado pela Associação de Futebol do Porto para integrar um grupo, na época da Covid- 19, na área da coordenação técnica do futsal. “Aceitei pois achei interessante discutir o futsal, como estava e o que poderia vir a ser melhorado”, reforça. 

Levando em consideração o panorama, de acordo com o lousadense, várias situações atuais ainda são originárias da pandemia, principalmente, o número de atletas e a capacidade destes. Entretanto, o grupo de trabalho terminou, uma vez que o objetivo era apenas perceber o ponto de situação para, consequentemente, transitar para a implementação. 

A sua vida além de ser preenchida pelo desporto é preenchida por dois amores sem comparação. Luís é casado há 6 anos e dessa relação resultou uma filha que, neste momento, tem cinco anos de idade. Nos seus tempos livres, procura desligar-se das suas atividades e focar-se a 100% na família. Contudo, confessa que a parte desportiva está de tal forma enraizada em si que se torna difícil desconectar por completo. 

Um amante de desafios por natureza, quanto ao futuro, não espera menos que isso. Pretende impulsionar a sua empresa para um patamar superior e, a nível pessoal, procurar ferramentas para tal. No futsal, quer conseguir o melhor para o C.C.D Ordem, o seu clube de momento. 

Em jeito de finalização, Luís Leal desabafa sobre um tema que o inquieta, as oportunidades profissionais. Quando se finda os estudos académicos, após um investimento para albergar competências, é complicado entrar no mundo do trabalho. O lousadense considera ingrato tal situação e aborda a questão na sua área. “O Estado não olha para os profissionais que saem do desporto como deveria, isto é, não coloca os indivíduos certos nas respetivas funções. Ainda se encontra bastante enraizado a contratação de professores de educação física para cargos que dizem respeito a especialistas responsáveis e aptos na parte da organização, da implementação de estratégias. É fundamental perceber que as pessoas têm competências diferentes”, conta. 

Dada a situação, considera que o mérito pouco ou nada é valorizado e, infelizmente, o fator da influência interfere. Contudo, continuará a lutar como sempre o fez até hoje, característica intrínseca do cidadão desta edição.

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