Luís Peixoto – Presidente da Junta de Freguesia de Caíde de Rei
Luís Peixoto nasceu, cresceu e vive em Caíde de Rei. Com 31 anos, foi eleito nas Eleições Autárquicas 2021 para o cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Caíde de Rei. Representa o Partido Social Democrata (PSD), mas, sobretudo, dá voz aos seus fregueses. Estes refletem a identidade de uma terra. Preocupado em manter vivas as memórias do passado e, ao mesmo tempo, produzindo novas em conjunto com o seu executivo. Ao longo da entrevista concedida ao “O Louzadense” testemunha-se o potencial deste jovem autarca.
Desengane-se quem pense que Luís surgiu na política ao acaso. Desde sempre esteve ligado a vários grupos e movimentos associativos e, ainda muito novo, integrou a JSD de Lousada. Naturalmente, demonstra o seu entusiasmo e interesse pela vida política. A envolvência aconteceu de forma espontânea… e os tempos foram passando.
Corria o ano de 2013 quando, após uma oportunidade, integrou uma lista candidata à Junta de Freguesia de Caíde de Rei, como número dois. Deu continuidade ao seu caminho, e, segundo afirma o próprio, “foi o pontapé de saída para uma envolvência mais direta”. Contudo, nesse ano ocorreu o popular empate e na segunda ronda acabou por perder.
Da derrota nasce a vitória. A história de Luís enquanto autarca exemplifica com mestria esta frase conhecida. Derivado a ser o número dois em 2013, no ano de 2017 o PSD de Lousada convidou-o a encabeçar uma lista candidata. “Fi-lo e, distanciado do momento, considero que foi um desafio interessante”, declara. Na época, com 26 anos, também não correu bem.
Porém, desde o primeiro insucesso, procurou manter sempre a posição na Assembleia de Freguesia. O lousadense nunca abdicou do seu cargo e, à medida do tempo, inteirava-se da dinâmica da freguesia, desde conhecer os trabalhos desenvolvidos às principais necessidades da população, bem como à forma de funcionamento de uma junta de freguesia.
Eis que toda a sua dedicação surtiu resultado. No ano transato, o PSD de Lousada lançou novamente o convite a Luís e, após muita ponderação, aceitou. A consciência do que tinha corrido bem e menos bem em 2017 fez com que em 2021 se tornasse Presidente da Junta de Freguesia de Caíde Rei. Foi o suficiente para ser eleito, apesar da diferença mínima de votos.
Nas Eleições Autárquicas 2021 fez algumas alterações à sua lista. “Todos aqueles cargos que eram elegíveis, pela experiência que tinha auferido em 2017, senti necessidade e decidi dar uma mexida considerável”, sublinha. Após 8 meses, Luís acredita que escolheu as melhores pessoas e com provas dadas, assim como conhecidas nos diferentes lugares da freguesia.
A gestão implementada é realizada com bastante rigor devido à situação financeira debilitada que a Junta de Freguesia de Caíde de Rei se encontra. Todos os meses, face às despesas fixas, o executivo empenha-se para que haja margem para colmatar algumas das dívidas existentes. O facto de Luís pertencer a meios associativos faz com que esteja mais habituado a fazer o possível com muito pouco.
“Ainda temos dívidas de 2013, o executivo anterior abateu aquilo que achava que deveria e tenho plena consciência que nestes 4 anos não conseguimos pagar as dívidas na totalidade e que todo o nosso trabalho está muito limitado”, sustenta com bastante clareza e angústia. No entanto, farão de tudo para que estas diminuam significativamente. Um exemplo da integridade deste executivo foi, logo no início, estabelecerem contacto com todos os fornecedores com quem a Junta de Freguesia dispunha de situações pendentes. De acordo com o Presidente, a compreensão foi notória, bem como a confiança na colaboração com a mais recente equipa.
Questionado sobre qual o papel de uma Junta de Freguesia não hesita em afirmar o vocábulo: proximidade. Este é usado com bastante frequência ao longo de toda a entrevista. “Somos a instituição pública que está mais próxima da comunidade”, explica. Quando a população necessita de algo, seja reclamar ou pedir ajuda, recorrem às Juntas. Após estabelecido o contacto direto, os autarcas têm maior facilidade de conhecer todas as pessoas, ruas e lugares para auxiliar.
Luís considera que uma das coisas que mais gosta da função é o encontro com as pessoas, e, nesta sequência procura não estar sempre fechado num gabinete e unir-se com os habitantes. “Não se pode estar sentado à espera que as pessoas venham bater à porta. Enquanto autarca é fundamental andar pelas ruas, perceber as necessidades e ideias dos fregueses e, muitas vezes, conversar um pouco sobre tudo”, sustenta. Existem várias pessoas que estão sozinhas e precisam ser escutadas com atenção, em particular as mais idosas.
Ao falar dos seus habitantes, os olhos de Luís reluziam. “Para mim, são os melhores”, confidencia. O espírito de entreajuda é referido. Um exemplo do envolvimento destes em prol da freguesia é o facto de este ano, até há pouco tempo, não existir comissão de festas. A Junta abordou os responsáveis por várias associações da freguesia e no período de um mês o tradicional S. Pedro de Caíde de Rei irá ocorrer com um programa recheado.
No meio de tudo isto, o Presidente reconhece a maior importância ao seu executivo, declarando que sozinho não toma decisão nenhuma. A secretária, Ana Paula Moreira, e o tesoureiro, Carlos Moreira, são mencionados como pessoas de extrema confiança e complementam-se numa bonita sintonia. Além do mais, o facto de serem indivíduos de idades diferentes da sua e, consequentemente com experiências diferentes, ajuda na tomada de decisões mais sensatas. Luís procura também manter diálogo com os principais elementos da sua lista, reunindo de 3 em 3 meses.
“Uma das nossas bandeiras é a limpeza de freguesia”, declara o Presidente quando interpelado sobre os projetos já implementados. As ruas de Caíde de Rei estavam um pouco descuidadas e, uma vez que estas são a sala de visitas, decidiram começar nesta área. Ainda não conseguiram percorrer todas, porém, continuam a ação com a ajuda dos colaboradores da Junta e, de forma pontual, com voluntários. “Espero a compreensão da população, porque é impossível limpar toda a freguesia num curto espaço de tempo”, refere.
Conforme afirma Luís, as pessoas envolvem-se muito, sendo um dos lemas da Junta de Freguesia que visa envolvê-las nas mais diversas iniciativas para que se sintam úteis no desenvolvimento. Ademais, a Junta envolve todas as instituições, associações e escolas da freguesia para um contributo unido. “A identidade da nossa terra é o seu povo”, afirma.
A Junta de Freguesia pretende executar a curto-prazo o rés do chão da futura Casa Mortuária. A proposta é bastante antiga e, inicialmente, o intuito passa por avançar com a parte de baixo que irá funcionar como armazém da Junta, pois estão a utilizar para o efeito uma antiga escola primária, para onde existe um projeto para a criação de uma creche, logo, a qualquer momento podem ficar sem o espaço. “Será o próximo passo dado à urgência e precisamos do apoio do Município de Lousada”, afirma.
Continuar as obras do cemitério “Jardim da Memória”, a pavimentação e alargamento de ruas são objetivos perspetivados, bem como a criação de um parque de lazer e o estudo para um arranjo urbanístico na zona envolvente à Igreja. Luís considera-se contido em “projetos de cimento”, apesar das várias ideias, levando em consideração as dificuldades financeiras. A preocupação é o dia-a-dia, desta forma, a Junta de Freguesia apoia e faz várias atividades pontuais, sempre focadas na melhoria do bem-estar dos Caídenses. “Quero que o Município de Lousada veja em nós uns aliados para o desenvolvimento de Caíde de Rei, porque sem ele nada será possível”, reforça.
O lousadense não deixou de ser a pessoa que sempre foi quando assumiu a função de Presidente da Junta de Freguesia de Caíde de Rei. “Independentemente do cargo político que represente, serei sempre genuíno”, sublinha, evidenciando as suas características de bom ouvinte e compreensivo. “Um presidente de junta tem uma posição ingrata, pois nunca consegue agradar a todos”, desabafa.
Quanto às perspetivas de futuro, Luís Peixoto conta que irá iniciar um projeto com intuito de procurar mensalmente ir ao encontro das pessoas que moram sozinhas e necessitam de cuidados. Quer continuar a afirmar Caíde de Rei com uma “terra com identidade”. Nesta perspetiva, “um presidente de Junta deve primar pela proximidade com os seus habitantes”, remata.
Exelente pessoa, nao se pode ir a Roma num dia, no que implica a limpeza das ruas, na minha maneira de vêr, se cada qual limpar à sua porta ou seja em frente à sua casa, a junta de freguesia terà bem menos trabalho, o que lhe deixarà tempo para outras coisas. Fica a dica