Fernando nasceu em 1957 e é um filho de Lousada com bastante orgulho. Trabalha, desde sempre, em prol do desenvolvimento da terra nas mais variadas associações que representa. A par disso é um amante de caça que lhe permite um reencontro com a natureza e, em paralelo, consigo mesmo. Ex-deputado municipal, responsável pela primeira discoteca de Lousada, vogal da Lousada Século XXI, empresário em nome individual. Conheça melhor este cidadão proativo.
O cidadão desta edição é lousadense de gema com bastante orgulho, conforme descreve o próprio. Desde 1957, ano do seu nascimento, reside em Silvares, freguesia portuguesa do concelho de Lousada. “Sou filho de gente humilde”, principia. Com apenas 10 anos de idade começou a trabalhar e não concluiu a escolaridade obrigatória na época. Contudo, anos mais tarde, através das novas competências completou o 12º ano.
A sua vida sempre foi pautada pelo trabalho, porém, viveu tudo com bastante intensidade e no tempo certo. Na sua juventude, quando começou a despertar para o mundo social, a tendência para ajudar a comunidade surgiu. Fernando afirma que está sempre disponível para auxiliar a sua terra no que necessitar, naturalmente, dentro das suas possibilidades. Prática que o guia há imenso tempo e, nos dias de hoje, mantém.
Com 12 anos de idade, juntamente com amigos, frequentava o café Severa e as ideias habituais da adolescência fizeram-se sentir ao frequentar este. Na altura, o futebol era o desporto predileto e, posto isto, o lousadense em conjunto com os amigos decidiu fazer uma equipa desta modalidade. Os momentos caricatos são alguns, exemplo disso, é a compra do equipamento. “Para comprar o equipamento, organizamo-nos e todas as semanas cobrávamos 15 tostões ou 20 tostões. Desta forma, conseguimos juntar dinheiro para comprar o pretendido”, conta.
Ao contar esta vivência recorda com bastante carinho os tempos de outrora onde a ingenuidade e liberdade manifestavam-se. Após conseguirem comprar o material, foram pedir à Associação Desportiva de Lousada que dispensasse o campo após o jogo dos seniores. A ADL acedeu ao pedido e gostaram tanto da performance dos jovens que, a partir de então, formou-se a primeira equipa de juvenis de Lousada.

Nesta sequência, Fernando considera que o desporto é uma base fundamental para a vida, na medida em que a disciplina e as regras são aprendidas aquando da prática em si. “Quem pratica desporto é, sem dúvida, uma pessoa mais equilibrada mentalmente e fisicamente”, afirma com base na sua própria experiência.
O desporto na vida do lousadense iniciou aos 12 anos de idade e, a partir daí, jogou sempre na ADL até à categoria sénior. Anos mais tarde, foi treinador das camadas jovens também na mesma associação que se formou enquanto atleta.
A pausa nesta vida desportista adveio do serviço militar obrigatório. Fernando foi para Mafra e na companhia de amigos frequentava a Ericeira, uma vila turística situada a 8 km do sítio onde estava. “O ambiente era porreiro”, sublinha, evidenciando uma discoteca que comparecia com frequência. A presença desta foi tão impactante, que concluiu a tropa com a certeza que quando regressasse às suas origens iria abrir uma.
Desde então, tudo mudou. O 25 de abril já tinha ocorrido, Fernando era um jovem a despertar para as ilusões e a audácia marcou esta sua decisão. Em 1980, ocorreu a inauguração da discoteca Refúgio. Nesta, era mentor. Após dois anos, tornou-se sócio e o nome alterou-se para Summer Days.
De referir que as dificuldades foram algumas, pois não havia muitos contatos e materiais nas redondezas. O lousadense recorda que para a abertura do Summer Days, dirigiu-se a Albufeira à discoteca Summer Time com os técnicos da POA para arranjar a aparelhagem de som pretendida. Espontaneamente, originou novos conhecimentos, viagens e convívios.
A Summer Days teve sempre bastante afluência e, de acordo com o responsável, funcionava bem sobretudo nas matinés. Durante cerca de 8 anos manteve-se nesta, porém, as perspetivas de vida mudaram e por decisão própria decidiu passar o negócio.
Após sair deste setor, abriu uma loja de roupa na qual permaneceu alguns anos. Entretanto, mudou o seu percurso de vida e começou a trabalhar na área comercial. Iniciou nos vinhos e ainda continua. Na época, era vendedor e há alguns anos atrás abriu a sua própria empresa em nome individual, de compra e venda de vinho.
Questionado sobre se em algum momento surgiu algum receio ou dúvida quanto ao caminho escolhido, Fernando ficou um pouco emocionado. “Há uma luz que me guia. Nos momentos mais difíceis sempre aparece algo para me encaminhar para coisas boas”, declara.
O lousadense conciliou sempre a sua profissão com outras atividades sociais. Entretanto, no caminho da sua vida, surgiu um convite para integrar a assembleia municipal de Lousada. No ano de 1998 a 2007, na qual foi candidato do Partido Socialista à Comunidade Urbana do Vale do Sousa que foi extinguida e originou a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa.
“Foi uma boa experiência”, salienta. Segundo o próprio, apesar de existir uma oposição na política, a assembleia municipal é um órgão deliberativo em que todos os partidos trabalham em prol do desenvolvimento da terra.
Mais tarde, foi convidado para fazer parte do conselho de administração da Lousada Século XXI e ainda hoje continua com bastante gosto, conforme sublinha. Esta proporciona a que os lousadenses tenham todas as condições em termos aquáticos. Fernando fez sempre parte de várias associações, nomeadamente: presidente da Assembleia Recreativa e Desportiva Louzadense e vice-presidente do Lousada Académico Clube.
Além disso, é presidente da Associação de Caçadores Entre Sabor e Veados, Paradinha, em Bragança. Neste momento, a caça é o único desporto que faz. E a sua história com esta prática começou há muitos anos. O lousadense tinha um vizinho que adorava caçar e o convidava para ir com ele. Todavia, não ia pois tinha a discoteca e a sua pouca disponibilidade não lhe proporcionava esse prazer. Entretanto, quando passou a Summer Days, outro amigo o convidou. Aceitou e começou a caçar em Bragança onde, desde o primeiro momento, surgiu a paixão. As perdizes, são a espécie que mais caça. Conforme o próprio, para quem aprecia a natureza, as paisagens são mágicas, toda a sua envolvência é indescritível. “Descer os montes, os vales, ver imagens no mesmo local distintas todas as vezes é algo que me fascina”, realça. As cores e o reencontro com o meio ambiente são aspetos que aborda.

“O associativismo diz-me muito e é fundamental para uma terra”, salienta. O lousadense considera que existem pessoas que desvalorizam este e que só perpetuam a crítica. Porém, este enaltece todo o trabalho feito em associações porque, segundo o próprio, é preciso dispor de tempo e abdicar de outras coisas também importantes. No seguimento, a maior mágoa que nutre em Lousada advém da Associação de Caçadores de Lousada, a forma pouco transparente como a associação foi conduzida. “É uma obra que devia ser um orgulho para todos os lousadenses”, reforça. A sua expectativa é que a nova direção tenha uma atitude proactiva.
Fernando é um homem bastante feliz rodeado da sua esposa e do filho, Diogo João, amigos e família. Por fim, emocionado fala de Lousada. “Deu-me tudo e eu dentro da minha disponibilidade procuro retribuir”, finda.
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