Fica face à estrada nacional, junto à igreja românica de Meinedo. Acede-se por dois portões diferentes: um, na fachada Sul, é pequeno e simples, em chapa e ferro e de recente data, serve de entrada lateral; a entrada principal faz-se por um portal de colunas quadrangulares em cantaria e muro rusticado. É um portão em chapa e ferro, antigo, artisticamente trabalhado, tendo sido esta desde sempre a entrada principal.
Em 1700 era a casa do Arcediagado de Meinedo. O seu senhorio foi o arcediagado do Porto, desde 18 de julho de 1537 até 30 de março de 1840. Pertencia, em meados do séc. XX, a Eduardo Pereira, e atualmente é seu proprietário António Eduardo Guerra Pereira, que a adquiriu em 1993, por partilhas de família, e a recuperou.
O nome desta casa deriva do facto de ali terem estado “as casas da renda do arcediagado.”1 No primeiro decénio de setecentos, as rendas da igreja de Meinedo eram recolhidas nos baixos da casa do arcediagado, 2 e durante séculos a função desta casa foi de habitação no primeiro andar e de armazenamento das ditas “rendas,” no andar térreo.
Um dos seus elementos arquitetónicos, a escadaria, já esteve adossada à fachada Norte, tendo sido colocada, em data não definida, na fachada principal.3 Esta casa fez parte do conjunto construtivo e edificado da igreja.
Era uma casa grande e “sobradada,” dividida em dois compartimentos com duas janelas, uma para Nascente e outra para Sul, e duas portas para um alpendre de madeira telhado, com escadas de pedra. Por baixo uma loja com cinco tulhas para recolha da renda do arcediagado,4 esta casa comunicava com outra casa “sobradada” com uma janela para Nascente e pela parte de fora tinha um pátio com escadas em pedra. No rés-do-chão, a loja funcionava como estrebaria, e no interior do pátio, à direita da entrada, uma casa térrea que servia de entrada. No mesmo pátio, para a parte do adro, outra casa térrea dividida em três, cada uma com uma porta, em que duas serviam de cortes e a outra de cozinha com forno.

– Meinedo, subsídios para uma possível história
desta freguesia, 2001, p.135.
Em termos arquitetónicos é uma casa de planta muito regular, quadrangular, com escadaria perpendicular lançada contra a fachada principal, o que lhe quebra uma certa monotonia. A escadaria é de um só lanço, com patamar, sendo os três primeiros degraus semicirculares, com pináculos no início do corrimão; no rés-do-chão podem ver-se três portadas, uma janela, uma abertura moldurada, ambas gradeadas e dois óculos em forma de coração invertido, também moldurados e gradeados. No andar nobre, ao centro da fachada, uma portada moldurada, é simetricamente ladeada por duas janelas de peitoril e uma de sacada.

Casa da Renda – Fachada Principal. Pormenor da escadaria na perpendicular lançada contra a fachada.
A fachada Norte apresenta uma portada, e no primeiro andar, ao centro, uma janela de sacada, ladeada por quatro janelas de peitoril. A Este, no rés-do-chão, três portas molduradas, uma janela, e um alpendre que sobrepuja cinco colunas de granito; no primeiro andar, sete são as janelas de peitoril. A fachada Sul, mostra, no rés-do-chão, uma escadaria de um só lanço e duas portas molduradas, e no andar nobre, quatro janelas de peitoril.
1 – Dignidade ou jurisdição do arcediago. Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa. – o. c., p. 78.
2 – “ (…) e por baixo huma logea que toma o vão dellas que tem sinco tulhas de pedra para recolhimento da renda do Reverendo Arcediago.” Eis a origem do nome da Casa da Renda. LOPES, Eduardo Teixeira – o. c., p. 134 e 228.
3 – Segundo António Eduardo Guerra Pereira, senhor da Casa da Renda.
4 – “O Pateo do asento das cazas do Reuerendo Arcediago medido à redonda por fora das paredes das cazas do Reuerendo Arcediago com as quais se cerca, e forma o mesmo pateo comessando da quina das cazas da adega que faz a modo de portada, e entrada principal para o mesmo pateo e acabando na mesma quina à volta por fora das paredes das mesmas cazas tem setenta e coatro varas e meya e de dentro no dito pateo estão as cazas seguintes:a saber huma grande sala de sobrado com hum repartimento pello meyo que a diuide em duas com ianelas de peitoril, huma para o Nascente e outra para o sul com suas escadas pella parte de fora e seu alpendre de pedra cuberto de madeira, e telhado e duas portas por donde se entra para cada huma das ditas salas, e por baixo huma logea que toma o vão dellas que tem sinco tulhas de pedras para recolhimento da renda do Arcediago.”
5 – As janelas à direita da escadaria, da fachada Sul, são de meados do séc. XX – Segundo o proprietário desta casa.
Obras consultadas e seus autores:
– LOPES, Teixeira Eduardo – Meinedo uma possível história desta freguesia. Lousada: Edição da Câmara Municipal de Lousada. 2001, p. 135.
– B. P. M. P. – Censual do Cabido do Porto. Porto: [s/l]: [s/e], 1924, p. 588.
– A. D. P. -Tombo dos Bens e propriedades, foros e censos… – Secção Notarial, Po-1, 1ª Série, Livro n.º 1706, 1696, fl. 42v. Cf. LOPES, Eduardo Teixeira – o. c., p. 228. Ver vol. III, p. 174.
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