Na viragem para o novo milénio, apareceu uma banda em Sousela, que causou impacto. Um grupo de adolescentes, com média de idade a rondar os 16 anos, juntou-se numa banda que batizaram com o curioso nome Needle Fish.
“Eu tinha 15 anos quando fui para a escola de música e de seguida, como os amigos moravam relativamente perto uns dos outros e nas férias da escola não tínhamos para onde ir, eles seguiram-me para as aulas de música do José Pacheco, em Figueiró. De repente tínhamos, guitarrista, baixista, pianista, baterista e vocalista. Conseguimos uma garagem para ensaiar . Cantávamos as janeiras para comprar os primeiros instrumentos, os materiais e equipamentos de som”, resume Ernesto Gonçalves, um dos fundadores da banda.
Inicialmente, no microfone esteve o vocalista Vítor Carneiro “Tó”, filho do fadista Ribeiro, de Moreira (Sousela); o baixo foi entregue a Filipe “Sapo”; a bateria ficou para Carlos Veiga e a guitarra estava nas mãos de Ernesto Gonçalves, que foi o catalisador do arranque e que viria a ser figura importante do ensino do rock naquela localidade e arredores. As influências musicais de Ernesto remontam à infância: “O primeiro concerto dos Boca Mansa, tinha eu 10 anos, foi no primeiro café da minha família; e os primeiros grupos de rock de Lousada e Freamunde dos anos 70 e 80 tinham pessoas próximas do meu pai.”
A banda durou cerca de 4 anos. “Foi um projeto que acompanhou-me desde os 15 até aos 19 anos. Éramos todos mais ou menos da mesma idade. Needle Fish (peixe agulha) era o nome que usávamos como código, para fumar os primeiros cigarros. Além de ser o nome usado por outras pessoas da idade dos nossos pais para fumar os charritos deles, adotamos por ser engraçado e arriscado também”, descreve Ernesto Gonçalves.
A tropa, que na altura ainda era obrigatória e o futebol fizeram desistências: Carlos Veiga e Tó Carneiro saíram da banda. O vocalista passou a ser Ernesto e a bateria foi entregue a um novo elemento, Frederico Campos “Fred”. Quem também entrou foi Bruno Fernandes “Mez”, de 15 anos, para guitarra solo, o qual veio a ser um músico experimental e progressista com amplo currículo musical.
Desde festas de anos e de Natal ou passagem de ano a festas de paróquia e concertos em bares, qualquer local minimamente aceitável era aceite para um concerto dos Needle Fish: “íamos a todas, pois o que nós queríamos era tocar e em média fazíamos cerca de 20 concertos por ano”.
Além de alguns temas originais, os Needle Fish tocavam músicas de Xutos & Pontapés, Nirvana, Metallica, System of a Down, Quinta do Bill, Korn, etc.
O primeiro local de ensaios foi uma garagem da casa do baixista, Filipe Teles. Mais tarde, a banda mudou-se para um balneário da CRACS – Coletividade Recreativa e de Ação Cultural de Sousela, e ali haveria de terminar, com os integrantes da banda a seguir rumos diferentes.
Ernesto foi convidado para os The bloom (com 19 anos de idade) uma banda de Figueiras (Lousada) e Freamunde, da área do pop-rock e do jazz-rock, que obteve notoriedade local e regional. Bruno Mez seguiu uma linha musical mais progressiva e experimental dentro do rock. Que se saiba, estes dois músicos foram os únicos a manter-se em atividade regular, embora Vítor Carneiro também tenha continuado a tocar guitarra, sobretudo em projetos corais e teatrais.
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