Francisco Sérgio Rocha: O Mestre em Gestão de Projetos

“Se voltasse a nascer queria voltar a nascer no Redolho em Pias, freguesia do concelho de Lousada”

Francisco Sérgio Morais Rocha, de 39 anos, é um empresário de grande sucesso que conhece desde a produção à gestão como ninguém. Nasceu em Pias e, para contribuir no seu desenvolvimento, envolve-se num conjunto de associações por ser um cidadão com bastante dever cívico. CEO da Global Única, mestre em gestão de projetos, responsável pela Associação Amigos do Regato, Acólito e Ministro extraordinário da comunhão, entre outros cargos e vocações que desempenha com sinceridade e qualidade.

Reside em Pias, juntamente com a sua esposa e os seus dois filhos, com 13 e 8 anos de idade. “Sou filho de um agricultor nos anos 80”, principia. Frequentou a escola primária, do 1º até ao 4º ano, na sua terra natal e o facto de só ter aulas de manhã fez com que começasse a ajudar os seus progenitores no campo desde de tenra idade.

Fez o segundo ciclo em Cristelos e dirigia-se a pé para este, rondando os 30 minutos de ida e volta. Entretanto, a escolaridade obrigatória transitou do 6º ano para o 9º ano e como a escola que frequentaria, seria a secundária de lousada, que nesse ano não tinha capacidade para albergar tantos alunos, foi para Nespereira fazer o 7º ano, nas antigas instalações da “Lousafil”, que era uma extensão da secundária.

Reforçadas as capacidades para os alunos no atual liceu, o lousadense seguiu para o liceu onde terminou o terceiro ciclo de ensino.

“O meu primeiro emprego foi na Peugeot Auto Lousada na secção de peças”, afirma. Após meio ano, saiu desta empresa e foi para Sioux onde esteve 6 meses na produção e, após este tempo, a empresa enviou-o para um curso técnico na Escola Profissional da Indústria do Calçado em Felgueiras.

Tirou o curso de eletromecânico e manteve-se na Sioux durante 20 anos, desde ajudante a diretor de manutenção. “Aprendi muito”, declara. De acordo com o próprio, o facto de ser uma multinacional alemã, os processos estavam muito à frente daquilo que existia à época em Lousada. Para além disso, baseava-se numa ótica organizacional e metódica muito influenciada pelos nórdicos.

Corria o ano de 2003 quando foi cumprir serviço militar obrigatório, tendo realizado a recruta em Elvas e vindo para Vila Nova de Gaia. Passados 6 meses, regressou à Sioux e começou em paralelo a criar o seu próprio negócio que hoje conta com 110 colaboradores nas diversas empresas participadas. “Trabalhava durante o dia na empresa e fazia part-time na assistência técnica ao domicílio”, sublinha.

Serviço militar obrigatório

A Global Única nasceu há cerca de 20 anos em paralelo ao trabalho na Sioux, como referido. Contudo, chegou a uma altura em que se despediu desta última e começou a dedicar-se a 100% ao negócio, fazendo-o crescer muito mais.

O seu percurso académico não terminou nos cursos que tirou em 1999, visto que decidiu em 2014 terminar o 12º ano de escolaridade e à posteriori ingressar na faculdade. Entrou no Politécnico do Porto para a licenciatura em Ciências Empresariais, durante 3 anos, sendo contabilista certificado. Mais tarde, tornou-se mestre em gestão de projetos.

“Senti a necessidade por uma questão de crescimento natural da organização”, confidencia aquando do questionamento do porquê da decisão de prosseguir os estudos. Conforme refere o lousadense, dentro das empresas, conhecer só a parte de produção não é suficiente, pois é importante aferir conhecimentos da parte de gestão para que haja um crescimento sólido e sustentável.

Conciliar o trabalho e o estudo, na sua opinião, é fácil desde que exista bastante força de vontade. “Temos que ter garra para fazer as coisas acontecer e nunca nos vitimizarmos”, realça. Todavia, despendeu de vários domingos e algumas noites em claro, para cumprir com tudo.

A Global Única esteve sempre ligada à reabilitação e eficiência energética, tendo investimentos nas áreas de: administração profissional de condomínios, serviços de limpeza, jardinagem, desmatação e intervenção florestal, reabilitação urbana, eficiência energética, consultadoria e gestão. 

Este é um grupo de capital familiar com 110 colaboradores diretos e mais de 40 indiretos, sendo o seu volume de negócios aproximadamente de 10 milhões de euros. “O ponto chave é acreditar e trabalhar”, declara convincentemente que basta estes dois fatores para que haja sucesso. Refere ainda que os seus resultados foram sempre atingidos recorrendo a grande esforço.

Segundo o próprio, trabalha 16 horas por dia. Desta forma, dedica pouco tempo à família, mas sente que aquele que dedica é com toda a intensidade e qualidade. “Sou extremamente ligado ao meu núcleo familiar, desde os mais próximos aos mais afastados”, conta evidenciado que tem 4 irmãos e são todos muito unidos.

“Os meus pais são marcos de referência na minha vida e, apesar de infelizmente já cá não estarem, faço questão de os relembrar todos os dias e citá-los nos mais diversos momentos ao longo do dia”, declara.

Paralelamente com tudo isto, sempre prezou por uma vida social ativa. Entre 2002 e 2003 foi diretor da Associação Os Pienses – Arte Cultura e Recreio e esteve de 2003 a 2004 na Assembleia Geral. De 2007 a 2014 manteve-se ligado ao Secretariado Vicarial dos Acólitos e no Secretariado de Catequese de 2007 a 2014. Fez ainda parte da Comissão Fabriqueira de Pias de 2007 a 2018 e da organização da festa de Nossa Senhora do Avelar em 2004 e, mais recentemente, em 2015.

Comissão de Festas de Pias de 2015

Atualmente, é responsável pela Associação Amigos do Regato, bem como se encontra no grupo de acólitos e Ministro Extraordinário da Comunhão. “Todos os projetos têm um sabor especial e não consigo destacar um em detrimento dos outros”, realça.

Recorda com carinho a euforia das pessoas no ano em que fez as festas pois trouxe artistas de cartaz à freguesia e dos anos que organizou a participação no Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica. Além disso, os seus antigos catequizados também são recordados, mantendo ainda contacto com muitos deles.

“Saio de alguns projetos devido a um processo natural, na medida em que todos têm um início e um fim”, sublinha. O lousadense considera importante saber dar espaço para que outros trabalhem pois tudo é um ciclo de passagem, e quando ficamos muito tempo no mesmo lugar corremos o risco de cansar os que servimos.

“Acho que o dever cívico está em crise porque muita gente entende que o Estado é responsável por tudo e não é de todo assim. O estado regulamenta, orienta e até pode fomentar, mas a iniciativa privada e o associativismo privado têm que existir”, refere. Para o empresário, a sociedade tem que organizar-se e fazer várias atividades como cortejos, leilões e peditórios para que as obras aconteçam. Noutras épocas a sociedade já foi capaz de fazer obras, civis e sociais, com iniciativa em grupos de cidadãos que se juntavam em prol de determinado objetivo.

O lousadense não tem dúvidas que é extremamente importante estar integrado e fazer parte da sociedade. “No seu todo, sempre me senti muito bem a trabalhar em comunidade, bem como sinto que sou compreendido”, afirma.

Patrocínio à Escola Primária de Pias no projeto Brincador de Sonhos 2016

Em todos os momentos da sua vida, o medo e o receio estiveram presentes e permitiram-lhe identificar alguns caminhos e levar as suas emoções à racionalidade nas decisões. No entanto, o empresário não tem dúvidas que estes sentimentos devem ser contidos para não atrapalharem.

“Olhando para trás, não faria nada diferente daquilo que fiz até hoje”, afirma, evidenciando que não interroga as suas decisões do passado.

Os seus ideais passam por trabalhar e fazer acontecer, de forma sincera pois só assim consegue estar no mundo. A igreja é um sítio, um local e uma instituição onde se sente bem e, posto isto, considera que o seu grande desafio é ligar o padrão católico ao padrão da gestão racional.

“Se voltasse a nascer queria voltar a nascer no Redolho em Pias, freguesia do concelho de Lousada”, conclui bastante satisfeito das suas origens.

Férias em família

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