O sotaque castelhano está bastante enraizado neste lousadense que emigrou para as ilhas Canárias (Espanha) há 18 anos, depois da estadia de um ano em La Coruña. A instrução na condução automóvel é a sua atividade profissional e possui em Gran Canaria uma escola dessa especialidade, que se chama Auto Escuela Camponuevo.
De longe a longe Joaquim Meireles Ferreira, nascido há 60 anos em Silvares, vem a Lousada matar saudades da família, dos amigos e também para tratar de negócios. “Sinto saudades de pessoas e da gastronomia da minha terra, onde tenho amizades que fiz para toda a vida”, exclama com paixão.
Guarda na memória recordações desde os tempos da escola primária, com o professor Ildefonso dos Santos, do ciclo preparatório, nas instalações do antigo tribunal de Lousada (onde hoje estão os serviços técnicos da Câmara Municipal) e do colégio Eça de Queirós, onde teve como docentes, entre outros o padre Joaquim Ribeiro da Mota e o médico Mário Fonseca.
“Depois fui estudar para Penafiel, com o Luís Ângelo Fernandes, meu companheiro de turma da primária, lancei-me na vida laboral, com vários empregos. Comecei por ser arquivista na biblioteca do Instituto do Desenvolvimento urbano e Habitação (IDURB), na rua de Santa Catarina, no Porto; entretanto fui fazer o serviço militar obrigatória na Escola de Milicianos, em Mafra e dali fui colocado na Madeira, como Furriel Miliciano, transitando posteriormente para o Regimento de Infantaria do Porto, na Senhora da Hora”, recorda.
Depois da tropa, voltou à vida profissional, empregando-se como cobrador da EDP, na p+rimeira metade da década de 1980. Por essa altura surgiu o jornal Terras do Vale do Sousa onde o seu amigo de escola era colaborador e o cativou para também ele prestar colaboração. Posto isto, Joaquim Meireles Ferreira contribuiu para aquele semanário sediado em Lousada, com artigos, crónicas, reportagens, dando aso à sua veia criativa que ainda hoje mantém. “Gosto muito de cultura em geral, especialmente de artes, de música jazz, de ler e sobretudo de escrever poemas, que é uma prática que cultivo desde muito novo”, revela este lousadense.
Instrutor de Condução
Entretanto, “desenvolvi um especial interesse pelo ensino da condução e fiz o curso de instrutor, que me habilitou para dar aulas, primeiro em Paredes e depois em Felgueiras e Lixa, antes de ir para a Corunha (Espanha), onde estive na escola de condução Souza. Ao fim de um ano, em 2005, recebi uma proposta mais vantajosa, para ir trabalhar para uma escola de condução nas ilhas Canárias, chamada Camponuevo, onde trabalhei sete anos como empregado, sempre com o propósito e a ambição de um dia ser patrão”.
“Em 2012 concretizei o grande sonho de ser proprietário de uma escola de condução e transformei a antiga Camponuevo numa firma moderna, virada para o ensino digital, à distância”, afirma Joaquim, que tem uma frota automóvel de seis veículos e quatro instrutores. “Também dou instrução, mas sou também formador de instrutores, que em Espanha são chamados de professores de condução”, esclarece.
As diferenças entre os dois países, no que se refere a esta atividade “em Espanha, de um modo geral, são bastantes, sobretudo ao nível da exigência do ensino, que é mais rigoroso que em Portugal” e complementa dizendo que “também em termos de corrupção, nunca me apercebi de subornos como os que via em Portugal”.
A exigência do ensino “faz com que a taxa de aprovação à primeira tentativa seja de apenas 33 por cento em todo o país, embora a minha escola seja das melhores pois tem uma taxa de sucesso a rondar os 55 por cento”, orgulha-se Joaquim Meireles.
Voltar definitivamente a Portugal não está nos seus planos, “apesar de ser apaixonado pela minha terra, tenho a minha vida lá nas Canárias onde me sinto feliz e realizado”, refere este emigrante, cujo filho, Diogo Miguel, de 24 anos, também está no estrangeiro, mais concretamente na Alemanha, onde é engenheiro de Bioquímica.
O jornal O Louzadense deseja a ambos muitas felicidades e realizações pessoais e profissionais.
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