Desde o fim de dezembro que assistimos a escolas fechadas de norte a sul de Portugal. As escolas do concelho de Lousada também entraram na luta e, desde o início de janeiro, já encerraram vários estabelecimentos dos quatro agrupamentos, durante vários dias.
Nenhum professor ou assistente operacional deseja a greve. A greve é sempre um dos últimos recursos usados por qualquer trabalhador na luta pelos seus direitos. Então, o que está em causa nesta luta que une de forma inequívoca os profissionais da Educação numa guerra contra o Ministério da Educação, que parece não ter fim à vista? Em primeiro lugar, temos a precariedade dos assistentes operacionais e da maioria dos assistentes técnicos, a estagnação na carreira, os baixos salários e a falta de condições de trabalho. Depois, temos as reivindicações dos professores que já são antigas e que agora, com a municipalização da Educação, fez transbordar o copo: quotas para a progressão na carreira, estagnação na progressão, perda de poder de compra, a recusa do governo em contabilizar todo o tempo de serviço congelado, a falta de vinculação de milhares de professores contratados, as colocações longe da área de residência sem qualquer apoio financeiro, a burocracia, o envelhecimento dos profissionais e a falta de novos, etc. A lista é longa… Tão longa, que o Primeiro-Ministro até disse que responder a estas exigências era dar um passo maior do que a perna.
A semana terminou com as negociações falhadas entre o Ministério da Educação e os sindicatos. O Ministro da Educação só levou para a mesa da negociação as questões da vinculação, deixando de fora os problemas dos profissionais não docentes e as restantes questões ligadas à carreira docente, como progressões, tempo de serviço, condições de trabalho, entre outras. Foi uma ronda de negociações muito insatisfatória, pelo que não foi suficiente para apaziguar a classe e desmobilizar da greve.
É essencial que o governo veja a Educação pública como um investimento no futuro e no desenvolvimento do país e não como uma mera e incómoda despesa. Contudo, os sucessivos governos desde 2008 têm visto a Educação como um problema, quando ela é precisamente a chave para o desenvolvimento, para a saída do país da calamidade dos baixos salários que nos coloca na cauda da Europa. Todo o investimento custa dinheiro, mas a capitalização será a criação de empregos de maior valor acrescentado que nos retirará da rota dos países onde a força do trabalho é barata por ser pouco qualificada. E, para que a Educação seja uma solução para o desenvolvimento do país, os seus profissionais não podem ser precários nem mal pagos, têm de estar altamente motivados e ser valorizados para que respondam às exigências do dia a dia com profissionalismo e empenho naquela que é uma das carreiras mais exigentes da sociedade.
Assim, os professores e todos os outros profissionais da Educação precisam de um apoio da sociedade civil que permita levar o sonho da Educação pública de qualidade a bom porto. Continuaremos a luta e contamos com a solidariedade do país.
Filipa Pinto – Professora na Escola Secundária de Lousada

Investir na Educação é investir no futuro

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