Está encerrada a construção de um dos empreendimentos mais falados da atualidade, a Central de Autocarros de Lousada, junto à Praça das Pocinhas. Tendo por base um arrojado projeto arquitetónico, a construção envolveu avultados meios técnicos e materiais, que fizeram a obra custar mais de 700 mil euros. O empreendimento ainda não foi estreado.
Na ocasião do lançamento do projeto, em 2019, em nota divulgada pelo Município a iniciativa era justificada por “aumentar as condições aos utilizadores de transportes públicos, com a criação de um espaço moderno, arrojado, funcional, acessível e seguro que vai permitir a fluidez dos transportes públicos e a melhoria nas ligações de Lousada aos concelhos vizinhos aumentando, desta forma, a sua competitividade na região”.
Depois da consignação da obra em 14 de Setembro de 2020, com um prazo de 300 dias para a construção, a mesma demorou mais do dobro do tempo previsto. A pandemia terá sido certamente a causa para a derrapagem temporal. E houve um acréscimo de cerca de 40 mil euros por causa do aumento dos preços dos materiais.
Em Abril do ano passado, o Município de Lousada anunciava que a empreitada estava em fase final de acabamentos, prevendo-se a sua conclusão para “muito breve prazo”. Mas tal só veio a acontecer perto do final de 2022.
A obra foi executada pela PEMI – Engenharia & Construção Lda, de Lousada, a partir de um projeto da firma de arquitetura Spaceworkers, de Paredes, que já havia idealizado o projeto do Centro Interpretativo da Rota do Românico (CIR) e que também projetou a futura Praça do Românico nas traseiras daquele empreendimento cultural.
A Central de Autocarros está concluída e aguarda a chegada de viaturas e passageiros. Possui três áreas funcionais de reduzidas dimensões: zona de espera, arrumos e instalação sanitária. Não tem bar nem quiosque, mas é provável que tenha uma máquina de vending de produtos alimentares.
Esta empreitada, também conhecida por “terminal rodoviário de Lousada” ou ainda, “Interface Intermodal da Central de Autocarros” foi objeto de candidatura no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte e representa um investimento superior a 702 mil euros, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em quase 440 mil euros e pela União Europeia em cerca de 262 mil euros.
O que pensam os Lousadenses?
Num breve inquérito a cidadãos locais ressalta a unanimidade quanto à utilidade da central de transportes públicos. O custo da obra, a dimensão e localização já não colhem a anuência de todos.
Tecendo considerações abonatórias e algumas dúvidas, o arquiteto e agente imobiliário Renato Ribeiro afirma que lhe parece “numa primeira análise, uma obra necessária à Vila”. Duvidando da escassez do espaço da obra, diz que “a escala do equipamento parece ser adequada a um reduzido número de veículos (autocarros) o que pode dar a ideia de uma baixa utilização e neste ponto poderá causar algumas dúvidas para o futuro quanto à sua dimensão”.

Em relação ao enquadramento na envolvente, “o edifício parece bem enquadrado, será uma referência sem causar «ruído visual», o gosto na utilização dos materiais usados pelos arquitectos é inovador e por isso o valor do custo da obra poderá ser acima da média”, afirma e acrescenta que a localização do equipamento “será o ponto em que pode causar mais dúvidas, ou então, existe análise de dados que suporta esta localização e a mesma está justificada, ou, a escolha recaiu num lote solto que apenas sobrou, será algo que poderá correr bem ou não”, conclui.
Na opinião de Rui Filipe Ferreira, “é uma mais valia para a vila e para todas as pessoas que usam este tipo de transporte, nomeadamente ao nível de despacho de encomendas. Este local faz com que as pessoas não precisem estar ao relento, o que é benéfico principalmente para idosos e crianças. Resumindo, acho que no geral só vem beneficiar Lousada”.

Para o lousadense Francisco Peixoto Xavier uma declaração curta basta para explicar o seu sentir acerca da central de Autocarros: “a obra em si não está mal idealizada, mas acho que devia de estar já a trabalhar, pois foi para isso que foi feita”.

Luís Maria Peixoto considera que “a localização não é a melhor. Além disso, tem pouco espaço de estacionamento para os autocarros. E não sei porque não está em funcionamento. Deviam ter optado por outra localização, numa posição mais central, que não estou a imaginar pois a Vila está ocupada por construções novas por todo o lado”.

Sobre o assunto diz Ana Cristina Carvalheiras: “a ideia em si é muito positiva, mas na prática e no futuro vamos ver se terá utilidade. Estou algo cética e nem sei se a utilização alguma vez vai chegar a ser otimizada”.

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