O amor na terceira idade, na perspetiva de dois casais lousadenses, foi colocado em evidência. As mudanças na forma de vivenciar e entender o sentimento é adquirida, na tristeza e na alegria, ao longo da vida. A disponibilidade, a paciência e a tolerância são fatores referidos por ambos, pois sobressaem nesta fase do matrimónio.
O amor é o alicerce da vida humana e, nesse sentido, é uma questão intemporal que pertence ao processo de desenvolvimento humano. Há quem considere que este seja diferente na terceira idade? Bem, depende das perspetivas.
Os problemas, as risadas, os momentos, as conversas … são condições que devem ser partilhadas em qualquer idade. Já diz o ditado popular: o amor não tem idade. Nesta perspetiva, escutamos dois casais lousadenses.
Primeira Perspetiva
Manuel Nunes da Silva, de 60 anos, e Glória Moreira Pinto Silva, de 56 anos, abordam a sua história de amor com bastante entusiasmo. Este é natural de Nevogilde, freguesia do concelho de Lousada, e a sua mulher é natural de Lordelo, freguesia do concelho de Paredes. Foi nesta última que tudo começou.
Conheceram-se em Penhas Altas, Lordelo, há mais de 40 anos. Naqueles tempos, as raparigas andavam na estrada e o lousadense decidiu tomar o primeiro passo e falar com ela pois a vergonha não lhe assistia. Glória correspondeu e, nesse dia, combinaram um encontro para o domingo seguinte.
Após 8 anos, decidiram casar-se. “No dia 20 de maio vamos fazer 34 anos de casados”, referem. Deu-se o matrimónio e começaram a viver juntos em Nevogilde. O início foi bom, de acordo com o casal, apesar das inúmeras dificuldades financeiras. Com altos e baixos, juntos, superaram qualquer adversidade e afirmam que o amor continua intacto. “Aliás, existe ainda mais amor”, acrescentam.
Glória mudou-se para a terra do marido e declara que a adaptação foi difícil, na medida em que a movimentação era diferente. No ano seguinte ao casamento tiveram um filho, concretizando um sonho. “Gostaríamos de ter tido mais, mas o nosso filho estava muitas vezes doente e gastámos muito dinheiro em médicos”, explicam.
Questionados acerca do(s) segredo(s) para manter as chamas do amor, de imediato, referem que é primordial darem-se bem em todas as ocasiões. Existem zangas, mas a reconciliação torna tudo mais bonito. A confiança, a paixão e a comunicação são também princípios ressaltados pois representam o fundamental numa relação.
Atualmente, encontram-se mais disponíveis um para o outro pois outrora o trabalho preenchia a maior parte do dia. “Há várias fases numa relação, por exemplo, quando um filho nasce as coisas são diferentes”, contam.
As relações de hoje em dia, conforme o casal, são bastante diferentes pois ora estão bem como estão mal. Não procuram resolver nada e a mínima coisa faz com que cada um vá para o seu lado, sem esperar que o tempo cure. Posto isto, deixam uma mensagem: “que sejam felizes e sinceros para que tudo corra bem”.

Segunda Perspetiva
Manuel Sousa, de 68 anos, e Maria José Pacheco, de 66 anos, apresentam a sua perspetiva acerca do amor baseada na história conjunta. Este é natural de Casais e a esposa é natural de Nevogilde, tendo sido nesta segunda freguesia que tudo iniciou. “Conhecemo-nos num dia de páscoa. Eu estava a passar de carro e ela estava com as amigas”, principia o lousadense.
No dia seguinte decidiram encontrar-se na festa em honra à Nossa Senhora da Saúde, em Penafiel, e desde então começaram a namorar. Após 3 anos de namoro, no dia 6 de setembro de 1981, casaram na Capela da Nossa Senhora da Ajuda. “Estamos casados há 41 anos”, afirmam.
“De imediato, pensei que era o homem da minha vida”, sublinha sobre a primeira interação de Manuel. Na época, segundo os próprios, existiam algumas dificuldades em adquirir habitações e acederam à proposta dos pais de Maria José em ficar a viver em casa destes. Ao fim de 12 anos, em 1994, construíram uma casa em Casais.
Naturalmente, em casa dos pais de Maria José não havia a privacidade e o espaço que qualquer casal necessita. “Deram-nos tudo, mas isso não conseguiam dar”, salientam. Entretanto, nasceu a filha que se encontra com 40 anos de idade. A família que construíram ficou mais completa há 9 anos com a chegada do primeiro neto e, recentemente, com a chegada da primeira neta.
“Quando se casa é perfeitamente normal que não se conheça o outro a 100% pois é ao longo do tempo e com as diversas situações do dia-a-dia que isso acontece”, declaram. As adversidades fazem parte, mas resolvem logo a situação e jamais a separação foi uma questão colocada em cima da mesa.
Neste seguimento, referem que tal não sucede nos jovens de hoje em dia que não sabem esperar pelo momento e hora certa. “Agora é tudo muito supérfluo e instável”, afirmam.
Hoje existe mais tolerância e paciência em relação a outrora, na medida em que a vida de um casal é uma verdadeira azáfama na procura de criar as melhores condições para a família que estão a construir. Em jeito de finalização, deixam uma mensagem: “nunca desistam dos sonhos e lutem, lado a lado, sempre”.

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