Hoje apresentamos Marta Pinheiro, de 29 anos, natural da freguesia de Boim, que está a viver na Holanda. Em 2012 decidiu seguir o curso de Bioengenharia: “era um curso que existia há menos de 5 anos em Portugal. Tomei a decisão entusiasmada pela ideia de combinar biologia com métodos de engenharia para criar produtos e tecnologias com o objetivo de melhorar a qualidade de vida num mundo mais sustentável”, explica. Em 2016, no 4.º ano da Faculdade decidiu fazer um semestre na Universidade de Química e Tecnologia de Praga (República Checa) e abriram-se as portas do estrangeiro, de onde não pensa voltar.
“Terminei esse meu percurso de ERASMUS já percebendo que gostaria de ter outras experiências profissionais fora de Portugal. No último ano de faculdade entrei em contacto com o Instituto Fraunhofer, em Bremen (Alemanha), com o objetivo de fazer a minha tese de mestrado na Alemanha. Fui recebida por investigadores e alunos excelentes e tive a oportunidade de perceber como seria dedicar-me à investigação”, diz Marta Pinheiro.
Depois disso, a busca de mais e mais conhecimento levou-a a considerar a hipótese de ingressar num doutoramento, mas ao mesmo tempo tinha a curiosidade de um primeiro contacto com a indústria. “Decidi concorrer para o Professional Doctorate in Process and Product Design, em Eindhoven (Holanda). Foi aí que consegui o meu primeiro emprego, que me deu a oportunidade de estudar design de processos químicos, em parceria com diferentes empresas Holandesas e internacionais ao longo de dois anos”, acrescenta.
A sua tese foi desenvolvida durante um ano na CSE (Center of Safety Excellence), uma empresa e instituto de investigação, em Karsruhe, no sul da Alemanha, na área da segurança de processos químicos. “Aqui trabalhei na otimização de um modelo para o design de válvulas de alívio de pressão de fluidos bifásicos”, explica Marta.
“Quando terminei o projeto em Karsruhe voltei à Holanda, onde o meu namorado já trabalhava, em Eindhoven, e queríamos continuar a morar cá. Tive uma pausa no trabalho quando a nossa bebe nasceu, e como estava num período de transição de emprego consegui ficar por casa aproximadamente 10 meses. Surgiu então a oportunidade de começar a trabalhar para a ASML como engenheira de produção de fluidos e temperatura”, revela.
AS VANTAGENS DA HOLANDA
O motivo principal pelo qual decidiu ficar na Holanda é para Marta Pinheiro a diversidade cultural mas também por ser “um país com ótimas opções em termos profissionais, mas mais do que isso é a facilidade com que qualquer pessoa é recebida e rapidamente sente que pertence aqui. Ao contrário do que se passa na Alemanha, por exemplo, é muito fácil começar a trabalhar sem se falar a língua local. O inglês é sempre suficiente, não só em termos profissionais mas também sociais. Em qualquer estabelecimento público, universidade, escola ou restaurante, é possível comunicar em inglês sem qualquer problema”.
A principal vantagem comparativamente a Portugal “penso que seja mesmo essa diversidade cultural, e a quantidade de oportunidades profissionais muito interessantes para pessoas formadas em diversas áreas de engenharia. O país é extremamente bem organizado, com ótimos e modernos serviços públicos”.
Não obstante essa satisfação, Marta refere que “o sol podia brilhar mais na Holanda! Os invernos são um pouco escuros, mas por outro lado a Primavera e Verão são estações muito agradáveis, com muitas atividades culturais, principalmente em Roterdão e Amesterdão”.
Tem amigos de várias nacionalidades e o seu companheiro é do Paquistão. Está enraizada na Holanda e não tem planos para mudar de país. “Os planos têm vindo sempre a mudar. Até ao momento em que saí de Portugal pela primeira vez, não tinha um plano específico para vir trabalhar para fora. Estou muito contente por ter tomado essa decisão, que se desencadeou numa série de eventos que me levaram até esta pequena cidade na Holanda onde vivemos com a nossa pequena Zoe, de 2 anos”.
As saudades de Portugal reportam-se sobretudo à família e aos amigos. Lamenta que “há muitos momentos em que seria bom estar presente e não podemos estar”. Mas, por outro lado, “visitamos e recebemos visitas de Portugal frequentemente, o que nos proporciona também momentos muito bons com as pessoas de quem mais gostamos”.
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