A Casa Nobre no seu contexto histórico XX

A Estrutura Arquitetónica de Lousada, segundo as Memórias Paroquiais de 1758 

Os Efeitos do Terramoto de 1755 em Lousada

Freguesia de Santa Maria de Alvarenga

A freguesia de Alvarenga, em 1758, continha quarenta e dois fogos,1 e em termos de paisagem edificada, de interesse coletivo, reduzia-se à igreja paroquial e a duas capelas. 

Uma imagem com céu, exterior, edifício, pedra
Descrição gerada automaticamente
Igreja de Santa Maria de Alvarenga: arquitetura chã, sóbria, que remete para o séc. XVII. (Arquivo particular de J. Carlos Silva).

A igreja ficava no sopé de um monte, entre o lugar de Cabo Vila e o lugar de Além, e tinha «o sino encasado em um humilde campanario….» Era uma igreja do «século XVII ou princípios do século XVIII.» 2 Nela existiam três altares. O altar-mor onde estavam colocadas as imagens da padroeira Santa Maria e do Mártir S. Sebastião, o altar colateral direito com Nossa Senhora do Rosário e o da esquerda a receber o Menino Deus.

Quanto às capelas – S. Lourenço e S. Roque; a primeira era pública e ficava no lugar de Baixo «fora do lugar, entre huma deveza de carvalhos e castanheiros, (…)»; a segunda, de S. Roque, situava-se no lugar do Bairro, era particular, e chegou a estar edificada ao «pe do cruzeiro desta igreja, em bom lugar, e proporcionando o seu culto e veneração e hera comum para veneração do povo.» Em meados do séc. XVIII era pertença de Manuel Henrique Peixoto, que residia na freguesia de Santa Margarida, sendo a capela da casa do Bairro, nela não havendo qualquer tipo de culto porque estava sempre «fichada, e muito dyslaxada.»

Capela de São Roque (Casa do Bairro), à esquerda do portal carral. (Arquivo de J. Carlos Silva).

Breve nota: Na Memória Paroquial, José Álvares da Silva, Reitor de Santa Maria de Alvarenga, não faz qualquer referência a outro património edificado. No adro da igreja jazem os restos do que pode ter sido o primeiro cruzeiro a ser edificado em Alvarenga; a parca distância vislumbra-se uma pequena cruz, que dá nome ao caminho que o ladeia. Vestem ainda a paisagem edificada outros dois cruzeiros: um no cemitério (1992), e nas proximidades ergue-se uma cruz que ostenta uma arquitetura elaborada e de recente memória. E, por último, a Casa da Rabada, que remete para as grandes casas de lavradores que se transformarão no inestimável legado das centúrias setecentistas e oitocentistas: a indelével beleza das Casas Nobres que pontuam o ridente território de Lousada. 

Casa da Rabada. (Arquivo de J. Carlos Silva)

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1 – Em «1706 tinha 16 fogos, em 1758 mais 26 (42 fogos).»  No princípio do século XIX comportava 30 fogos.» 

2 – “Tem esta igreja tres altares, o mayor em que esta colocada a imagem purissima padroeyra Santa Maria e nesta o martir Sam Sebastiao.”

Obras consultadas e seus autores:

– I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico. 1758, vol. 3, fl. 298.

– VIEIRA, José Augusto – o. c. p., 358.

– Revista de Lousada. Suplemento do Jornal TVS. Lousada. (24 de janeiro de 1991), p. 21.

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