Situa-se num alto, sobranceira à estrada nacional que liga Caíde – Felgueiras, e acede-se por um portal que fica junto à dita estrada nacional. Após percorrer umas dezenas de metros, por um caminho de terra batida, deparámos com a fachada principal da casa de Juste.
O primeiro proprietário desta casa foi Paulo da Cunha Coutinho Osório, que casou em Macieira em 1636, tendo sido Capitão-mor do concelho de Unhão; sucedeu-lhe seu filho Manuel da Silva Osório Pinto da Fonseca, que também deteve o cargo de Capitão-mor do mesmo concelho de Unhão. (NÓBREGA, 344). Em 1865, Carlos Vieira de Mello da Cunha Osório, integrou a Comissão Municipal que secundou a «Direcção do Palácio de Cristal Portuense na sua Exposição Internacional,» (Presidentes da Câmara Municipal de Lousada Desde 1838 até 1900, 50), acontecimento que teve lugar a 21 de agosto do dito ano, foi proprietário desta casa. Seu filho, Eduardo Vieira de Melo da Cunha Osório, foi um dos principais impulsionadores do Republicanismo em Lousada.

É uma residência que foi submetida a alterações no decorrer dos anos, tendo o último restauro sido total,1 quer no interior, quer no exterior. Vários elementos arquitetónicos: capiteis, colunas medievais, volutas, ornatos, portas tardo – medievais -sobrevivem, espalhados um pouco por toda a casa, e «foram trazidos de algum edifício religioso da vizinhança.» (AZEVEDO, 149)2
Apresenta uma planta simples, quadrangular, «e é um bom exemplo da casa nobre rural do século XVIII, provavelmente ainda do segundo quartel do século XVIII, como parece depreender-se da escadaria lançada perpendicularmente contra a fachada; conserva as volutas terminais, num tipo relativamente frequente para essa época.» (AZEVEDO, 149). É de um só lanço e com patim.

Fonte: AZEVEDO, Carlos de – Solares Portugueses. Introdução Ao Estudo da Casa Nobre, 2ª Edição, [s/l]: Livros Horizonte, 1988, p. 102.
No rés-do-chão, da fachada principal, que está virada para Oeste, expõe duas aberturas molduradas, gradeadas, uma de cada lado da escadaria, enquanto no primeiro andar, ao centro, apresenta uma portada, que «parece tratar-se de tipo medieval,»(MIRANDA, 12) comum lintel bilobado composto de arcos crescentes, sendo o exterior arredondado estendendo-se ao longo dos umbrais, terminando da parte inferior, em espiral; o lintel foi mutilado com o objetivo de dar maior altura à porta. (NÓBREGA, 61). À direita, duas janelas de sacada molduradas com lintel curvilíneo, quatro óculos em forma de quadrifólios moldurados, e vários ornatos sobre o telhado, um deles com o brasão (NÓBREGA, 61) a sobrelevar a cornija. A pedra de armas é dos «Cunha.» (NÓBREGA, 61). Na fachada Norte, há uma janela de pendor manuelino. Bonfim Barreiros, afirma que no Minho não são muitas «as janelas medievais e quinhentistas que se mantêm de pé,» (BARREIROS, G. Bonfim,10), para de imediato referir que existe «a da casa de Juste, em Lousada, de maior riqueza de decoração.» Esta é uma janela com remate superior bilobado, constituído por duas molduras, sendo a externa composta por frontão de diamante e a interna por um cordão que termina a meio de uma carranca, e sob os arcos duas cruzes formadas por losangos, sendo coroada por uma ornamentação serpenteante e simétrica. (BARREIROS, 10). A fachada Sul, no rés-do-chão, tem duas portadas e três janelas de peitoril molduradas; no primeiro andar, quatro janelas de sacada, e a «chaminé é grande, subindo com a mesma largura da base.» (BARREIROS, 10). A fachada Este, rés-do-chão, apresenta uma janela de peitoril gradeada, e no primeiro andar, uma janela de sacada com lintel curvilíneo; o alpendre é composto por cinco colunas, e as escadas são de um só lanço e divergentes, quatro óculos em forma de quadrifólios e duas portadas compõem o ritmo da construção. Na base das escadas descobre-se uma pedra com duas volutas insculpidas coroadas por uma concha. Na fachada Sul, na parte do pátio interior, há, no rés-do-chão, três janelas de peitoril -uma gradeada – e duas portadas. No primeiro andar vêem-se três janelas igualmente de peitoril.

A capela da Casa de Juste, no topo esquerdo da fachada Norte, forma um ângulo reto, e tem como invocação Santo António: «(…) com um sò altar, que está na Quinta de Juste, e pertence a Dona Josefa Brochado, e seus filhos da mesma Quinta, a qual cappella tem mais a imagem de São Gonçalo de Amarante, e a da Senhora do Rozario; e nem èsta, nem a de Sam Sebastião tem romagem.» (Dicionário Geográfico, 1758. vol. 36, fl. 569).
A fachada principal, virada a Oeste, é rasgada por um portal moldurado, tendo ao centro um óculo moldurado, e a empena é rematada por um campanário de arco de volta perfeita, coroado por uma cruz latina e dois pináculos, sendo as pilastras encimadas por pináculos. Na fachada Norte, uma abertura moldurada. A fachada Este, ostenta uma cruz de trevo que coroa a empena; patenteando a fachada sul, uma portada e duas aberturas molduradas.

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1- Segundo Fernando Guedes, proprietário desta casa.
2 – A mesma informação nos foi dada pelo proprietário da casa de Juste.
Obras consultadas e seus autores:
– AZEVEDO, Carlos de – o. c., p. 149.
– BARREIROS, G. Bonfim – Janelas Portuguesas. Porto: Livraria Galaica, Depositaria, [s/e], p. 10.
– I. A. N. / T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 36, fl. 569.
– MIRANDA, Abílio. – o. c., p. 12.
– NÓBREGA, Artur Vaz-Osório – o. c., p. 344.
– Presidentes da Câmara Municipal de Lousada Desde 1838 até 1900, p. 50.
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