Tradicionalmente, Portugal justifica a cultura de violência com provérbios e ditados populares: “Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti…”; “Entre marido e mulher não se mete a colher…”. Esta cultura de violência estimula atos de violência doméstica nas relações amorosas e na família.
A família, esse local de afetos, é para muitos um cenário de terror devido à violência, intimidação, humilhação e/ou coação. Estes comportamentos, mesmo ocorrendo uma única vez, causam danos físicos, emocionais, sexuais e/ou psicológicos.
A violência, contudo, não surge de forma imediata. Inicialmente disfarça-se de mágoa, deceção e até amor em excesso capaz de justificar atos de violência. A vítima sente-se culpada por ter causado mágoa ao/a agressor/a, sendo depois exposta a uma constante sensação de perigo devido às injúrias e ameaças tecidas pelo/a agressor/a.. Após a agressão, o/a agressor/a normalmente teatraliza um arrependimento pelos atos cometidos, pretendendo a absolvição através da demonstração de comportamentos de carinho e atenção além de promessas de que nunca mais irá exercer violência. O perigo de todo este ciclo é que a vítima tende a isolar-se, devido a sentimentos de tristeza e até mesmo vergonha, ficando assim mais vulnerável e suscetível a maus-tratos cada vez mais frequentes e mais agressivos.
Todo o ciclo de violência doméstica encontra no silêncio o seu maior aliado: no silêncio das vítimas que estão aterrorizadas e no silêncio das testemunhas, perpetuando assim a barbaridade dos atos.
A violência é doméstica, mas o crime é público!
Não se cale perante a violência.
Procure ajuda.
Andreia Moreira – Psicóloga
Informação extra:
Se está a ser vítima de violência doméstica, deixo aqui alguns contactos para pedir ajuda:
- Recorra ao Serviço de Apoio à Vítima de Violência Doméstica [Flor-de-Lis], disponibilizado pela CMLousada,- [Funciona nos Dias úteis das 9h- 12.30h/ 14h -17:30H]
- Linha de Apoio à Vitima APAV -116 006 [Funciona nos Dias úteis das 9h – 18h]
- Recorra Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima da APAV através do email apav.sede@apav.pt
- Linha de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica: 800 202 148 [serviço de informação, gratuito, funciona por telefone, 24horas por dia]
- Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica: se precisar de ajuda ou tiver conhecimento de alguma situação de violência doméstica, envie uma mensagem para a Linha SMS 3060 ou ligue 800 202 148. É uma linha gratuita, funciona 7 dias por semana, 24 horas por dia. A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género [CIG] tem ainda em funcionamento um serviço de correio eletrónico para colocar questões, pedidos de apoio e de suporte emocional: violencia@cig.gov.pt.
- Pode também participar situações de violência doméstica à GNR, à PSP directamente no Portal Queixa Eletrónica.
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