“A liberdade de todos depende da liberdade de imprensa”,
António Guterres, Secretário-Geral da ONU.
Celebrar a liberdade de imprensa diz muito da sua importância e do flagelo com que se depara perante o abuso de poder que dela se tenta apropriar, com objetivos de censura, distorção ou manipulação.
A elaboração e publicação de informações precisas e relevantes está na base deontológica de qualquer jornalista. São estas o pilar para a correta formação da opinião pública. Uma sociedade livre, que se quer responsável, transparente e justa, só o será se todos tiverem liberdade de expressão e o acesso a informações rigorosas e verdadeiras.
Vem-me à memória o postulado da teoria da racionalidade limitada, de Herbert Simon, que nos diz que os seres humanos são limitados na sua capacidade de processar informações e tomar decisões racionais, porquanto estão sujeitos à falta de informações completas e precisas, entre a sua própria limitação cognitiva. Ora, cada um é capaz de formular opinião e tomar decisão com base na informação que detém e capacidade de a processar. Se a informação disponível for insuficiente, estiver distorcida ou, no limite, for errada, é claro que a opinião pública ficará, para além de pobre e condicionada, limitada, para não dizer manipulada. Isto é tão verdade e preocupante que em causa estará a própria democracia.
Sem liberdade de imprensa não é possível combater a corrupção, proteger direitos humanos, promover a igualdade, garantir transparência, reivindicar responsabilidades. A sua ausência é sinónimo de descrédito e regressão.
Hoje, perante um panorama multifacetado de novos media e novas ferramentas de informação, precisamos mais do que nunca de filtrar as fontes de informação e dar voz ao cidadão; promover uma base ativa de informação e não nos quedar pelo facilitismo das fontes passivas de informação; fomentar uma pedagogia social crítica e exigente dos media; educar para a verdade. Como refere António Guterres, Secretário-Geral da ONU, na sua mensagem, “os jornalistas que defendem a verdade têm o apoio do mundo inteiro.” Eu não diria tanto (há sempre aqueles a quem a verdade não interessa), mas quero acreditar que a “verdade” ainda é o móbil pelo qual vale a pena dirigir um jornal, ser jornalista, ou simplesmente dar uma opinião.
Carlos Manuel Nunes,
Diretor do jornal O Louzadense
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