No dia 12 de maio é celebrado o Dia Internacional do Enfermeiro e, para melhor entendimento, José Ribeiro – enfermeiro diretor do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa e, ainda, docente do Ensino Superior – concedeu uma entrevista onde abordou a história deste dia. Além disso, várias perspetivas e o programa que será realizado em forma de homenagem a todos aqueles que prestam os seus cuidados.
“O Dia Internacional do Enfermeiro foi criado pelo Conselho Internacional dos Enfermeiros e a data escolhida remete-nos para o aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna”, principia. Esta, com base no conhecimento epidemiológico da época, concebeu novas ações de enfermagem, com elevados benefícios para a recuperação do doente. Por esse motivo, foi adotado este dia como forma de homenagear todos os enfermeiros.
Naturalmente, no dia 12, aproveita-se para promover algumas iniciativas de reflexão, formação e de apresentação de evidências. São efetivamente momentos de aprendizagem e de reconhecimento do valor económico e social dos enfermeiros.
No Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa será promovido um Ciclo de Conferências, das 9h00 às 17h00, designado: “Um passo para o futuro”. O evento está a ser organizado pelo Núcleo dos Enfermeiros Gestores do CHTS, onde serão abordados temas como: valor económico da enfermagem, indicadores como ferramenta de gestão, ser feliz no trabalho, desafios e importância das lideranças das equipas, entre outros. No fundo, o programa incide em temáticas atuais.
“Nós aproveitamos este dia para aprender, reter conhecimento, e também para refletir sobre o que estamos a fazer e o que podemos vir a melhorar no futuro, bem como alavancar áreas que pretendemos desenvolver e inovar”, sublinha. Nestas comemorações, de forma a denotar a aposta na inovação e investigação, será também entregue o prémio de investigação Arminda Mendes Costa e duas menções honrosas. Haverá ainda o pré-lançamento de um livro “Ambientes da prática de enfermagem positivos”, coordenado pela Professora Olga Ribeiro, que inclui vários capítulos elaborados por enfermeiros do CHTS e baseados na sua experiência.


José Ribeiro, por meio da conversa e a este propósito, transmitiu uma mensagem: “os enfermeiros são essenciais para um melhor equilíbrio entre a qualidade, o acesso e os custos”. Hoje, estes temas são centrais, remetendo-nos a melhoria do acesso das pessoas aos cuidados de saúde para a necessidade urgente de uma integração de cuidados e resposta em equipa, na medida em que assim existirá mais capacidade de responder às necessidades dos utentes em tempo útil, de uma forma mais rápida e com o máximo de qualidade e a um mais baixo custo.
Esta é a ideia do enfermeiro diretor do CHTS para melhorar o serviço nacional de saúde. De seguida, interligou este assunto com as mudanças em curso e a enfermagem, confessando que não se pode ignorar a importância da enfermagem e a necessidade de reforço do seu papel. “Estamos a dizer que: o acesso aos cuidados é difícil e estão cada vez mais caros, existem falta de médicos, precisamos de melhores resultados e que precisamos de mudar o modelo organizativo para Unidades Locais de saúde… ora, há muitas áreas que podem, numa lógica de equipa, serem pelos enfermeiros e pelos enfermeiros especialistas nas suas diversas especialidades”, salienta.
Assim sendo, o compromisso é firme e a enfermagem será uma ajuda para responder às necessidades das pessoas e da comunidade. De acordo com o enfermeiro diretor do CHTS, “este paradigma enquadra-se numa nova abordagem profissional e social, valorizando e aproveitando mais as competências de cada profissional, na medida em que nenhum profissional pode reclamar individualmente a propriedade de conhecimento, sendo necessária uma prática colaborativa”.
Cada vez mais, os enfermeiros têm competências diferenciadas e experiência clínica para responder às necessidades dos utentes como nunca. Segundo José Ribeiro, “com os enfermeiros em maior número e especializados, mais próximos das pessoas e um maior aproveitamento das suas competências no seio das equipas, o acesso seria melhor e obter-se-ia mais ganhos em saúde.” A profissão de enfermagem está desafiada a produzir constantemente mais evidências da relação rácios, lotações e resultados.
Relativamente às preocupações, por exemplo, foram abordadas algumas de âmbito económico, pela sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, pela diminuição dos custos para tratar cada doente e do efeito do poder económico no acesso aos cuidados de saúde. Foi referido a mudança de modelo organizativo, a importância da enfermagem para melhorar a qualidade e os custos e sobre a desigualdade em saúde gerada pela falta de poder económico foi perentório que “independente do local onde as pessoas vivem e dos seus poderes económicos, os cuidados devem ser acessíveis a todos”.
Foi ainda mais longe, referindo que “ignorar a importância da enfermagem e a necessidade do reforço do seu papel é miopia política”. Foi visível na pandemia que os enfermeiros sofreram em muitas circunstâncias, exerceram com sobrecarga de trabalho e da pressão, mas nunca abdicaram de procurar o melhor para os doentes.
Ainda a este propósito e quase como conclusão referiu que “para uma tomada de decisão informada e equilibrada no que diz respeito aos recursos, tem-se vindo a quantificar o valor económico e social que os enfermeiros, enfermeiros especialistas e a enfermagem em geral representa, bem como o retorno de investimento que trazem, e tudo aponta para a necessidade de um maior compromisso e disposição na contratação de enfermeiros”.
Em jeito de finalização, todas estas perspetivas de análise e da mensagem que José Ribeiro pretendeu transmitir, direcionaram-se para o papel e importância do enfermeiro e enfermagem na prestação de cuidados de saúde com o foco no doente e família, garantindo um melhor equilíbrio entre a qualidade, acesso e custos.

Comentários