CARLOS MANUEL NUNES
Este é um daqueles nomes que dispensam apresentações entre os lousadenses mais atentos à vida pública, associativa e cultural do concelho. Aos 48 anos, o seu percurso soma envolvimento ativo no associativismo juvenil, cargos de liderança na administração pública, projetos nacionais e europeus na área do turismo e juventude, intervenção política contínua e, mais recentemente, a publicação do livro «48», um compêndio de reflexões e propostas sobre cidadania, identidade e desenvolvimento local sustentável.
“O que me move é a ideia de deixar um contributo positivo, onde quer que esteja”
Natural e residente em Lousada, casado e pai de uma filha, vereador não executivo da Câmara Municipal e vice-presidente da InovLousada, Carlos fala com orgulho e emoção do território que o viu nascer e crescer, deixando claro que o seu caminho é pautado por uma noção muito clara de missão e serviço.
“Sempre fui um adolescente extrovertido e cheio de energia”, começa por recordar. A sua juventude foi marcada pela curiosidade e por uma irreprimível vontade de contribuir para algo maior. Um grave acidente de viação aos 16 anos fez “renascer um novo Carlos, muito mais prudente e cauteloso, respeitador ímpar do valor da vida e da importância da família.”
Ainda adolescente, interessava-se já por instrumentos de política de juventude, como as Pousadas de Juventude e o Cartão Jovem — os mesmos que, anos depois, viriam a ocupar lugar central no seu percurso profissional. “Nunca geri a minha vida em termos de carreira. Desde sempre, o que me move é a ideia de deixar um contributo positivo, onde quer que esteja”.


“A participação ativa em associações é, ainda hoje, uma das formas mais ricas de capacitação de jovens cidadãos.”
O associativismo foi uma escola de vida. Desde a Vice-Presidência da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Lousada e Presidência da Comissão de Finalistas até à fundação do Clube da Juventude da Ordem, passando por cargos em instituições culturais e desportivas, Carlos Nunes envolveu-se em projetos distintos. “A primeira viagem de finalistas da Escola Secundária de Lousada, por exemplo, ou o Baile de Finalistas, com homenagem a cinco lousadenses, onde se incluía o falecido Dr. Mário Fonseca, foram realizações gratificantes”, recorda.
Essas experiências não foram apenas marcantes no plano pessoal, mas também lhe proporcionaram competências de liderança, organização e comunicação. “Aprendi muito. A participação ativa em associações é, ainda hoje, uma das formas mais ricas de capacitação de jovens cidadãos.”
“O verbo fazer continua a ser o meu favorito”
O seu trabalho na Movijovem (mobilidade juvenil), entre 2010 e 2018, revelou-se um dos pontos altos do percurso. Como diretor comercial da Rede Nacional de Turismo Juvenil, liderou projetos como o Cartão Jovem, o INTRA_RAIL e iniciativas nas Pousadas de Juventude. “Foram anos de intenso trabalho, mas também de grande realização pessoal e profissional. O turismo sustentável, acessível e inclusivo foi sempre uma prioridade.” Projetos como “Turismo Sustentável para o Desenvolvimento”, “Educação para a Saúde” ou “FortaleSER – Capacitação para o Bem-Estar Integral” refletem o seu perfil humanista e orientado para o impacto social. A representação de Portugal, Espanha, Andorra e França na direção da EYCA – European Youth Card Association, com sede em Bruxelas, foi também sinal da sua credibilidade internacional.

“A política local permite-nos estar perto das pessoas e responder às suas necessidades. Não se trata de ocupar cargos, mas de servir.”
Carlos Manuel Nunes entrou na política aos 14 anos, convidado por Sandro Sousa para integrar a JSD local, após as eleições autárquicas de 1989. Desde então, esteve ligado ao PSD de forma contínua, tendo sido vice-presidente da Comissão Política da Secção de Lousada, Conselheiro Nacional e líder da bancada da coligação Lousada Viva na Assembleia Municipal.
É vereador não executivo na Câmara Municipal, função que assume “com sentido de missão. A política local permite-nos estar perto das pessoas e responder às suas necessidades. Não se trata de ocupar cargos, mas de servir.”
Além disso, exerceu funções como secretário da Assembleia Intermunicipal da CIM do Tâmega e Sousa, membro da CPCJ, da Comissão de Acompanhamento do Aterro Sanitário de Lustosa e de várias instituições concelhias.
A InovLousada, da qual é cofundador e vice-presidente, é uma cooperativa dedicada à inovação social, ao desenvolvimento económico e à promoção cultural e turística do concelho. “É um projeto que une ideias e ações concretas, e que visa fortalecer o tecido social e económico de Lousada. Acredito muito na força da cooperação para transformar realidades.”
“O maior perigo para a democracia tem sido a própria democracia. A liberdade que nos é dada permite tudo — fazer e não fazer, construir e destruir.”

Carlos Manuel Nunes é também presença habitual na imprensa local, tendo sido articulista em publicações como O Verdadeiro Olhar e TVS. Mais recentemente, entre 2023 e 2025, foi diretor d’ O Louzadense, jornal do qual também foi cofundador.
Recentemente, lançou o livro «48», obra que reúne textos organizados em sete capítulos temáticos sobre cidadania, participação, sustentabilidade e desenvolvimento local. “É um convite à reflexão. Quis partilhar ideias, mas também provocar. Lousada é um território com potencial para se afirmar ainda mais, e esse apelo à ambição coletiva é central na obra”, explica.
Neste livro, Carlos Nunes reclama a necessidade de um novo centro de serviços públicos em Lousada, de soluções eficazes de mobilidade, de um Centro de Congressos para a região e de respostas sociais integradas para idosos, crianças e pessoas com deficiência. “Temos crescido muito em número de edifícios, mas sem o acompanhamento necessário nas infraestruturas e serviços”, reclama.
Questionado sobre o estado atual da política em Portugal e no mundo, Carlos é direto: “Vivemos tempos de instabilidade, fragmentação e descredibilização. A política atrai hoje mais ‘comerciantes’ do que verdadeiros ‘estadistas’. A nobreza da política está subjugada ao interesse imediato. Precisamos urgentemente de políticos sérios, competentes e comprometidos com o bem comum.”
Para o futuro, deseja que “se criem condições para reinventar o Estado, torná-lo mais eficiente e preparado para os desafios da próxima década.” E reforça: “É preciso fortalecer a democracia. O maior perigo para a democracia tem sido a própria democracia. A liberdade que nos é dada permite tudo – fazer e não fazer, construir e destruir.”
O que move Carlos Manuel Nunes é a ideia de “deixar um legado positivo”. E salienta que quer “contribuir, mesmo que em pequena escala, para que Lousada e o país sejam melhores lugares para viver. Tenho orgulho em ser um cidadão comprometido. Sinto-me realizado quando trabalho com equipas, quando vejo ideias tornarem-se projetos reais.” Organizado, ponderado e proativo, Carlos Nunes continua a percorrer o caminho da cidadania ativa: “o verbo fazer continua a ser o meu favorito, onde quer que esteja.” Com os olhos postos no futuro, mantém os valores que sempre o guiaram: “Humanismo, cooperação e compromisso com o bem comum”. Remata esta entrevista com a convicção de que “Lousada tem tudo para ser mais”, sem deixar de afirmar, com emoção e pertença: “Lousada é a minha casa. Lousada é a minha terra amada.”
Parabéns Carlos és e sempre foste admirável na tua força social. Gostei muito de te ouvir e fiquei curiosa para ler o teu livro que exijo a tua assinatura, por isso marca um encontro com o pessoal. Beijinhos