PERCURSO DE VIDA DE UM EMPRESÁRIO LOCAL
Chama-se Sérgio José Cruz Gomes, 49 anos, e é conhecido por «Pizzas». É natural de Penafiel mas está com vida consolidada em Lousada há mais de um quarto de século. Cresceu no ambiente de restaurante tradicional muito conhecido em Penafiel. Tem estabelecimento aberto em Lousada há 25 anos, mas não se limita à atividade empresarial. Foi dirigente desportivo, patrocinador de projetos culturais, desportivos e sociais.
“Desde os meus 12 anos, que comecei a praticar, junto com os meus pais, a atividade da restauração”, mas aos 18 anos, já tinha a ambição de conhecer o estrangeiro e um cliente do restaurante do pai de Sérgio inscreveu-o para trabalhar nas obras na Alemanha. “Arranquei em Agosto de 1995, num autocarro Express, do Porto, diretamente a Stuttgart. Fui para umas obras enormes, com mais de 100 pessoas a trabalhar, onde fomos recebidos com muita pressão. Eu era o mais novo do grupo. Era uma obra grande, dos CTT”, descreve.
Não esquece que no seu primeiro dia de trabalho como emigrante o chefe perguntou o que sabia fazer: “Eu respondi que não sabia fazer nada, mas que aprendia rápido”. Havia muitas situações na obra em que os tradutores não estavam presentes e os alemães tinham a necessidade de explicar alguma tarefa a algum português, e então, pediam-me para traduzir de inglês para português o que é que eles queriam. E fui conquistando os alemães”.
“Sofri um pouquinho no início, não havia telemóveis, havia telefone de moedas para ligar para a família ao fim de semana. Mas tive muitas coisas boas. Aprendi a gestão alemã. Os alemães são muito de gestão, é tudo controlado ao pormenor. E surgiu uma oportunidade de eu ser o chefe ferramenteiro, para tomar conta de máquinas e materiais que era preciso para a obra”, explica.
Aprendei a fazer tudo, de pedreiro, cofragem, carpintaria ao mesmo tempo foi aprendendo Alemão.
“À noite era para fazer horas extras, tipo carregar umas lajes, carregar uns muros, ajudar os pedreiros, levar o jantar aos gruístas que trabalhavam de noite a fazer os carregamentos do betão. Então comecei a subir às gruas. Não tinha medo das alturas, não tinha medo de nada”.
Esteve quase 5 anos na Alemanha, onde participou em diversas obras de grande envergadura: “Uma das obras maiores que fizemos foi um túnel de 3 quilómetros. Em que eu não esqueço que fomos medalhados. Foi uma obra muito grande e muito rápida, feita por muitos imigrantes”.
Quando vinha a Portugal encontrava-se com o primo Ricardo e ambos foram «cozinhando» a ideia de abrir uma pizzaria.
“Eu sempre lhe dei força para abrir uma pizzaria, porque era o futuro e foi sempre o futuro. E vai ser sempre o futuro. Eu vi isso na Alemanha. Por isso a minha paixão para a hotelaria vem daí”, salienta Sérgio.
Quando regressou, foi trabalhar para o Porto, com uma grua alemã e depois o seu primo convidou-o para o ramo das pizzarias, em Lousada. Sérgio aderiu à ideia coma namorada, com quem casou no ano seguinte, em 2001 e estão até hoje nesse negócio e em família.
“Temos dois filhos, uma menina quase formada, e o nosso anjo azul, o nosso anjo Dinis, que nos ajuda muito, ensina muito o que é viver em família. Não é totalmente autónomo, mas conquista as pessoas que tão bem tratam dele há anos”, conta o emrpesário.
A sua filha jogou futsal na Ordem e depois foi para o Lagoas e jogou no futebol feminino do Lousada. “Fui dois anos diretor do futebol feminino do Lousada. Entretanto entrei para o ciclismo e fui dirigente do Lousada BTT. O exercício físico é importantíssimo e aconselho isso a todos, pois é uma forma da pessoa estar consigo mesma a trabalhar o físico e a mente”, sublinha.

O associativismo empresarial diz-lhe muito e poor isso aderiu à Associação Empresarial, onde “nunca fui muito ativo, mas tento estar sempre interessado e participativo”.Um marco importante da sua vida empresarial e social aconteceu-lhe no primeiro festival de francesinhas de Lousada. F”oi em 2003 e integrou as Festas de Lousada. Fechamos a pizzaria, o staff foi de férias e fomos para a feira. Éramos 12 barracas a servir francesinhas, com uma barraquinha de 3 metros quadrados. Muita euforia, um sucesso fantástico, vendi mais de 10 barris de cerveja de 50 litros. Ficou a fama da festa das francesinhas de Lousada”, descreve.
A atividade empresarial ocupa-o imenso, mas ainda assim procura dedicar-se à sociedade: ”Sou muito interessado nos temas da infância e da família, gosto de dar a minha opinião pessoal seja ao vivo ou online. Vivemos numa sociedade que tem muitas pessoas com algum medo face ao futuro, mas não me meto em política. Gosto, mas não defendo nenhuma ideologia”.
A concluir deixa um repto ou um desejo: “A nossa sociedade está muito negativista. Criticar é o pão nosso de cada dia seja na esquina, no tasco, nas compras, ou nas redes sociais. É preciso mudar essa forma de estar, para termos uma sociedade mais positiva e agradável”.
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