A gestão estratégica não se limita ao passado, mas concentra-se no presente e, sobretudo, no futuro, pois é aí que residem as possibilidades de transformação. Embora possamos aprender com o passado, é no presente que devemos agir e decidir, preparando a organização para enfrentar os desafios e oportunidades que o futuro trará. A gestão estratégica procura, assim, explorar ao máximo os recursos actuais e, simultaneamente, preparar-se para novas possibilidades, promovendo uma organização ambidestra que equilibra eficácia presente com capacidade de adaptação futura.
As decisões estratégicas são distintas das decisões tácticas e operacionais. São mais raras, têm impacto a médio e longo prazo, alteram estruturas organizacionais, envolvem elevados riscos e comprometem significativos recursos. Por isso, exigem reflexão aprofundada e alinhamento com os objectivos de longo prazo da organização. Em contraste, as decisões tácticas e operacionais são mais frequentes e permitem adaptar a estratégia às mudanças no ambiente envolvente.
Três vectores fundamentais devem ser considerados: o contexto em que a organização opera, a dinâmica da indústria e o valor que a organização cria e captura. As forças de mudança – tecnológicas, sociodemográficas, económicas, ambientais e político-regulatórias – moldam o ambiente competitivo e exigem vigilância constante. A actual instabilidade e velocidade das transformações tornam imperativo repensar constantemente as opções estratégicas.
Além disso, a rivalidade crescente, as fronteiras industriais difusas, a emergência de novos concorrentes e substitutos, e as integrações verticais e horizontais aumentam a complexidade do cenário competitivo. Neste contexto, cada organização, mesmo dentro da mesma indústria, pode obter resultados distintos consoante as decisões que toma, os recursos que acumula e a forma como se posiciona.
Organizações que apostam em competências e recursos estratégicos únicos, difíceis de imitar, conseguem criar valor singular e alcançar posições competitivas sustentáveis, seja por diferenciação, seja por liderança de custos, evitando assim a armadilha da paridade competitiva. A gestão estratégica, quando bem orientada, torna-se um poderoso motor de criação de valor e de vantagem competitiva no longo prazo.
Ricardo Luís *
Contabilista e Consultor de empresas
* Escreve mediante o antigo acordo ortográfico
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